CAMPOS
DO JORDÃO E O BRIGADEIRO MANUEL RODRIGUES JORDÃO
A CIDADE – CAMPOS DO JORDÃO
Na visão de Mário Sampaio Ferraz, autor
do livro “Campos do Jordão”, do ano de 1941, 4ª edição, distribuição
gratuita, editado pela Diretoria de Publicidade Agrícola da Secretaria da
Agricultura, Indústria e Comércio – São Paulo, páginas
26 a
30, consta, com pequenas alterações ora efetuadas, o que segue, com alguns
acréscimos válidos:
“Ao
fazermos uma pequena parada, um dos companheiros lembrou-se de contar a história
de Campos do Jordão, que passamos a resumir:
“As
primeiras notícias acerca de Campos do Jordão, datadas do ano de 1700, quando
ainda se debatiam os litígios de posse entre São Paulo e Minas Gerais e
particulares. Tão agitadas foram as demandas, que o ‘roteiro’ de Antonil (Giovanni
Antonio ou João Antônio Andreoni, que adotou o nome André João
Antonil (Lucca, Toscana, 8 de fevereiro de 1649 – Salvador, 13 de março
de 1716), Jesuíta italiano que veio para o Brasil em 1681 que, em 1711,
publicou em Lisboa a obra Cultura e Opulência do Brasil por suas
Drogas e Minas, certamente escrita até 1710,
com todas as licenças indispensáveis. O livro é considerado o melhor
que se escreveu sobre as condições sociais e econômicas do Brasil no início
do século XVIII, disse, certa vez,
que ninguém transpunha a ‘Amantiqueira’ (que era como chamavam então a
Serra da Mantiqueira), sem lhe deixar sepultada ou pendurada a consciência.”
A
palavra “Amantiqueira” significa, também em Tupi-Guarani, “Serra que
chora”. É muito simples descobrir o porquê disso. Basta analisar o mapa
hidrográfico da região e conferir a grande quantidade de rios que nasce nessa
Serra da Mantiqueira. Com certeza, são muitos, e a quantidade de nascentes
encontradas na Serra da Mantiqueira, então, é muito maior. Esse é o motivo do
nome dessa majestosa serra que divide os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro
e São Paulo.
Entre 1703 e 1704,
Gaspar Vaz da Cunha, o desbravador, alcunhado “O Oyaguara”, aventurou-se em
abrir caminho entre Pindamonhangaba e, serra acima, em direção ao Sapucaí e
Capivari, com o objetivo de transportar por ele ouro das minas de Itajubá. Mais
tarde esse caminho foi fechado por ordem real.
Por volta de 1711
surge a figura lendária de Ignácio Caetano Vieira de Carvalho. Consta que, no
ano de 1773, sob a alegação de que as terras haviam sido abandonadas devido ao
rigoroso e intenso frio e ao grande número de onças existentes na região,
requereu e obteve a sesmaria das terras (terra inculta ou abandonada), nela
fundando e instalando no alto da Mantiqueira, em 20 de setembro de
1790, a
Fazenda Bonsucesso.
Essa afirmativa está registrada no
importante e brilhante artigo escrito pelo saudoso Dr. Olympio Portugal,
publicado na Revista do Brasil – “entrou a primeira gente em Campos do Jordão”.
Também o Dr. Romeiro (Francisco Romeiro, 1840 – 25/10/1911 –
Pindamonhangaba), em seu interessante trabalho “Campos do Jordão na história
e na legenda”, dá uma versão segundo a qual um morador de Taubaté – SP,
Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, foi o primeiro a ter a glória de descobrir
os maravilhosos campos. Segundo outros, “ele requerera, primeiramente,
sesmaria de 09 (nove) léguas, denominando as suas terras – Fazenda
Bonsucesso”. O clima especialmente maravilhoso das montanhas, a paisagem
exuberante, a altitude, a vegetação especial, o solo altamente fértil foram
responsáveis e muito contribuíram para que a fama dessa fazenda ultrapasse
rapidamente fronteiras.
Mais tarde, recorda o ilustrado médico já
citado, surge um tal João Costa Manso, de Taubaté, e obtém sesmaria ao lado
de Ignácio Caetano. A partir do momento em que passaram a ser vizinhos, Inácio
Caetano passou a ser hostilizado por João Costa Manso, especialmente por
problemas relacionados aos limites de suas terras. “Sob
pressão dos mineiros, Manso pendia por aquela jurisdição, enquanto Ignácio
Caetano se batia pelo domínio paulista. Conta-se que Ignácio Caetano era do
Rio das Mortes e Costa Manso, paulista. O destino, porém, obrigou-os a abrir
luta contra as terras de origem.” Essa briga entre vizinhos, responsável pelo
início de uma luta entre paulistas e mineiros, somente terminou no ano de 1823
quando morreram Ignácio Caetano Vieira de Carvalho e João Costa Manso. Diz o
Dr. J. Romeiro haver Ignácio Caetano vivido 20 anos nos Campos do Jordão,
“inteiramente seqüestrado do mundo, em companhia dos seus dois únicos
filhos, tendo conseguido avultada fortuna, a qual, depois de sua morte, se dizia
enterrada perto de um velho pinheiro, (daí a lenda dos ‘três pinheiros’),
gerando inúmeras e infrutíferas escavações à procura da fortuna
enterrada”.
A origem do nome da cidade é baseada em
sua história. Com a morte do desbravador dessas terras situadas na Serra da
Mantiqueira, Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, no ano de 1823, seus herdeiros
acabaram hipotecando a sesmaria ao
brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão, proprietário de mais 57 fazendas em
diversas localidades. Muito tempo
depois, o próprio brigadeiro Jordão, que mantinha a posse dessas terras por
meio de hipoteca, veio a adquiri-las nas proximidades do dia de
Natal, através da escritura pública datada de 27 de dezembro de 1825, pela
quantia de 10:000$000 (!!) (dez mil contos de reis), talvez.
Em conseqüência desse fato e ligado à
data, o povo que aqui morava passou a denominar essas terras de Fazenda Natal.
Com o passar do tempo, considerando que o
brigadeiro Jordão foi figura histórica de nossa Independência, o povo, quando
ia se referir a essas terras, já não mencionava mais Fazenda Natal, e sim aos
Campos, e quando alguém perguntava “Que Campos?”, respondiam: Os Campos
do Jordão. A escritura menciona
que essas terras tinham uma légua de testada, no sertão das cabeceiras do
rio Piracuama, Campos de São Miguel, rio Sapucaí e Itajubá – MG.
Portanto, essa é a origem do nome da cidade CAMPOS DO JORDÃO,
como foi definitivamente batizada, ficando como uma homenagem ao ilustre cidadão
e maior proprietário, o brigadeiro Jordão, que foi membro do Governo Provisório
e diretor do Tesouro da Capitania de São Paulo.
É
de se registrar que o brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão, embora sendo o maior
proprietário das terras que, com o seu nome, formaram os Campos do Jordão,
segundo alguns, nunca chegou a conhecer essas suas terras, justificando que o
brigadeiro mal dispunha de tempo para empreender uma viagem aos campos que,
naqueles tempos, eram o que chamamos, hoje, verdadeira tragédia.
Consta
também da história que, pouco tempo depois da aquisição das terras, o
brigadeiro Jordão ordenou a implantação de vários melhoramentos,
especialmente a construção de uma vivenda fidalga (casa onde se vive com
nobreza e de maneira suntuosa). Ao que tudo indica, essa vivenda ficava na região
do Capivari, o ponto mais pitoresco da encantadora região. Afirma-se que, até
os idos de 1860, ainda existia essa habitação, porém muito estragada, tendo
sido habitada somente por campeiros, considerando que o brigadeiro Jordão
faleceu antes que pudesse realizar a sua primeira visita à Fazenda.
Reforçada de muita e valiosa credibilidade
em relação aos demais registros, segundo o médico Dr. Castor Cobra Neto,
tetraneto do brigadeiro Jordão, que mora em Campos do Jordão, seu trisavô
esteve em sua fazenda aqui nas montanhas da Mantiqueira somente uma vez. Lembra
que “a viagem difícil, demorada e muito cansativa, feita em lombo de cavalo,
fez com que o brigadeiro Jordão acabasse desistindo da propriedade, nunca mais
voltando devido à precariedade do acesso e as dificuldades para alcançá-la”.
Com
a morte do brigadeiro Jordão, herdaram os Campos do Jordão seus filhos Manoel
Rodrigues Jordão, Amador Rodrigues Jordão, mais tarde barão de S. João do
Rio Claro, Coronel Silvério Rodrigues Jordão e Dr. Rafael Araújo Ribeiro,
casado com a única filha do brigadeiro. Conta o saudoso Dr. Romeiro: “ou por
terem recebido grandes heranças mais fáceis de serem desfrutadas, ou por não
conhecerem o valor real do quinhão que coube a cada um nesta fazenda, o certo
é que eles não ligaram importância à propriedade, que ficou por largo tempo
esquecida e entregue a administradores incapazes. ‘E, retalhando-a com o
correr dos anos, dela se desfizeram sem saber ao certo o que vendiam’...”
Consta da história que, no ano de 1874,
Matheus da Costa Pinto,
tendo adquirido uma parte das terras que pertenciam ao brigadeiro Jordão,
transfere-se de Pindamonhangaba para os “Campos do Jordão”, onde, a 29
de abril de 1874, deu início a diversas construções, fundando, assim, o
primeiro povoado, que denominou São Matheus do Imbiri, por estar localizado nas
proximidades do ribeirão Imbiri e Pico do Imbiri. Sem dúvida, Matheus da Costa Pinto é o verdadeiro fundador da Cidade de Campos do
Jordão.
Em
02 de fevereiro de 1879, teve início a construção da capela Nossa Senhora da
Conceição dos Campos do Jordão, onde já havia a capelinha de São Matheus.
Em 1891, o Dr. Domingos José Jaguaribe comprou todas as terras de Matheus da
Costa Pinto e instalou-se na vila de São Matheus, dando início a diversas
construções, fundando o primeiro povoado. Em reconhecimento aos méritos e ao
trabalho do Dr. Domingos Jaguaribe na formação e nos cuidados dispensados a
essa primeira e importante vila na história de Campos do Jordão, a vila-mater,
onde tudo começou, responsável pelo desenvolvimento de vasta área desde o
Vale do Imbiri até o Alto da Boa Vista, posteriormente, passou a ser denominada
Vila Jaguaribe.
O
Dr. Domingos Jaguaribe alardeou para todo o País as qualidades terapêuticas do
ar puro e saudável destas terras, acompanhado pelos doutores Emílio Ribas e
Victor Godinho, sanitarista de renome e grandes divulgadores do milagre que o
clima proporcionava na recuperação da saúde das pessoas acometidas de moléstias
pulmonares.
Com
o desenvolvimento da Vila Jaguaribe foi criado, em 29 de outubro de 1915, o
distrito com o nome de Campos do Jordão, nas terras pertencentes, à época, ao
município de São Bento do Sapucaí.
Ninguém,
até então, diz o Dr. Romeiro, havia observado seriamente as excelências do
clima, especialmente com relação às doenças do peito. Foi depois que alguns
médicos de Pindamonhangaba se constituíram donos de parte daquela região e
ali fixaram residência, que se pode verificar com segurança a ação poderosa
do seu clima, datando de trinta anos a primeira iniciativa benemérita: a
construção de uma casa de saúde, levantada pelos doutores Francisco Romeiro
(Pindamonhangaba – 1840 – 25/10/1911) e Gustavo Godoy (Pindamonhangaba –
1846 – 1913), ambos filhos de Pindamonhangaba. “Foram esses dois clínicos,
videntes de alevantados ideais, que, primeiro, correram o véu daquele abençoado
e formoso recanto da terra brasileira.”
No
princípio do século passado, entre 1910 e 1914, os ilustres, conceituados e
maravilhosos médicos Emílio Ribas, Vitor Godinho, entusiasmados e maravilhados
com as experiências conseguidas pelos Drs. Francisco Romeiro e Gustavo Godoy, e
com pesquisas realizadas pelo Dr. Clemente Ferreira (29/09/1857 – 06/08/1947)
sobre o clima da região da Mantiqueira, fizeram a história de Campos do Jordão,
descobrindo a excelência do seu clima para a cura da tuberculose.
A
cidade estendeu-se ao longo do vale do ribeirão Capivari e deu origem à formação
de outros bairros, urbanizados pelos pioneiros, um deles, Robert John Reid,
iniciou em
1915 a
construção da Vila Nova, posteriormente chamada Vila Abernéssia, e o
embaixador José Carlos de Macedo Soares foi o responsável pela criação da
Vila Capivari.
Na
década de 1920, Campos do Jordão já se firmava como principal centro de
tratamento de doenças pulmonares, sendo procurado por enfermos de todos os rincões
brasileiros.
É preciso deixar bem claro, de uma vez por
todas, que o nome correto da cidade é CAMPOS DO JORDÃO, e nunca, jamais
– pelo amor de Deus! – CAMPOS DE JORDÃO.
Infelizmente, é muito comum ouvirmos
pessoas referindo-se à cidade como CAMPOS DE JORDÃO, tanto pelo rádio
como pela televisão, até escrevendo em periódicos (jornais, revistas, etc.,)
e, agora, na Internet.
A justificativa é simples e clara: podem
existir campos de algodão, de trigo, de arroz, de milho, de feijão etc., porém
nunca campos de jordão. Somente poderíamos dizer campos do algodão, do trigo,
do arroz, do milho ou do feijão, se esses campos pertencessem a alguém
que tivesse nomes ou sobrenomes semelhantes. Mesmo que nossos campos
fossem banhados pelas águas de um rio chamado Jordão, deveriam ser chamados de
campos do Jordão, em homenagem ao rio, nunca campos de Jordão.
O BRIGADEIRO MANUEL RODRIGUES JORDÃO
As
informações necessárias para uma boa biografia do brigadeiro Manuel Rodrigues
Jordão é bastante controvertida.
Nunca
foi possível determinar com certeza e segurança o dia do seu nascimento. Em um
velho livro de batismo da paróquia da Sé de São Paulo (livro 5, às fls. 51-
v) encontrou-se o assento e registro:
“Manuel
- Aos cinco dias de abril de 1781, nesta Sé batizou e pôs os Santos Óleos,
com despacho de Sua Excelência Reverendíssima a licença do Reverendo Doutor
Cura, Firmino Dias Xavier, o Reverendo Frei Felisberto Antonio da Conceição,
Monge Beneditino do Mosteiro desta cidade, a Manuel, filho do Alferes Manoel
Rodrigues Jordão e de sua mulher D. Anna Eufrosina da Cunha. Foram padrinhos o
Capitão Manoel Antonio de Araújo e D. Maria Tereza Mendes, solteira, filha do
capitão Francisco Pereira Mendes, todos desta freguesia, do que fiz este
assento que assinei. O Coadjutor, Bartolomeu de Carvalho Pinto.”
É
de se considerar plenamente válido esse registro. Acredito ser impossível
questioná-lo. Naquela época, no ano de 1781, seria impossível
constar em registro de batismo conforme acima descrito, o registro de outro
nascimento com dados homônimos, tanto de nome quanto de filiação.
Considerando como válido esse registro, o brigadeiro Jordão nasceu
em São Paulo
, no dia 05 de abril de 1781.
Conforme pesquisa, foi o último filho do tenente Manoel Rodrigues Jordão
e dona Anna Euphrosina da Cunha.
Importante esclarecer: O brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão e seu
pai Manoel Rodrigues Jordão tinham o mesmo nome, porém o brigadeiro era MANUEL
e seu pai MANOEL.
Considerando que a data do falecimento do
brigadeiro Jordão, 27/02/1827, está correta, de acordo com os registros
pesquisados, e não havendo discórdia sobre essa data, quando
faleceu tinha apenas 46 anos de idade.
Há registros informando que teria nascido
em 1780 e falecido com 47 anos de idade. Outros registros informam que faleceu
com 49 anos.
Considerando correta a data do nascimento,
05 de abril do ano de 1781, conforme consta do registro já mencionado, e a data
do falecimento 27 de fevereiro de 1827, falecera com 46 anos de idade, sendo
esta informação também confirmada pelo Dr. Castor Cobra Neto, tetraneto do
brigadeiro Jordão. Portanto, as informações
de que teria falecido com 47 ou 49 anos idade não procedem.
“Ativo,
trabalhador, pertinaz, dotado de inteligência viva, tino administrativo e invejável
energia física e moral, não tardou em destacar-se e suplantar a todos os
parentes e membros de sua família, formando enorme fortuna representada pelas
fazendas e propriedades agrícolas espalhadas por todo o território paulista.
Aos dezesseis anos surge na arena política, prestando serviços públicos no
Regimento de Infantaria Miliciana de São Paulo.”
Na
Cronologia, I, 260 de Jacinto Ribeiro, acha-se transcrita a fé de ofício
constante no Livro Mestre do Regimento:
“Manuel
Rodrigues Jordão, filho do Alferes Manoel Rodrigues Jordão, natural de São
Paulo, com 15 anos de idade, assentou
praça de Tenente a 28 de abril de 1796. Nomeado Capitão da 1ª Companhia a 18
de janeiro de 1808, agregado ao Regimento por Apostilha do General Horta,
passando a efetivo em posto a 8 de novembro de 1810 e Coronel Agregado por
decreto de 20 de Agosto de 1812 e efetivo por decreto de 29 de junho de 1913,
foi por ordem do Coronel recrutar as praças da Companhia de Caçadores e
acompanhou o mesmo Coronel a várias vilas, quando foi nomeado Emissário da
Contribuição Voluntária que S. A. Real pediu aos povos desta Capitania.
“Exerceu
o cargo de Tesoureiro da Junta da Fazenda,
Membro do Governo Provisório eleito pelo povo e pela tropa em 1821, Conselheiro
do Governo, eleitor paroquial, fez parte da Venerável Ordem Terceira de São
Francisco. Possuía o Brigadeiro enorme casarão de estilo colonial, situado na
rua da Boa Vista, bem em frente à atual rua 3 de Dezembro.
“Com
a idade de 39 anos casou-se com D. Gertrudes Galvão de Oliveira e Lacerda,
filha do Brigadeiro José Pedro Galvão de Moura e Lacerda e de D. Gertrudes de
Oliveira Montes.
“No
Ipiranga possuía uma grande chácara onde explorava importantes olarias,
conservando-se ao lado extensas pastagens para sustento e repouso da tropa
destinada ao transporte dos produtos da olaria e da lavoura.
“Quem
olha para o monumento do Ipiranga, verá à direita o córrego do Ipiranga, à
esquerda o Tamanduateí, que se unem pouco abaixo; toda a várzea da estação
do Ipiranga até o monumento fazia parte integrante da chácara.
“Na
revista do Instituto Histórico de São Paulo, vol. 5, pág. 15, o Dr. Antônio
de Toledo Piza conta que o Brigadeiro
residia em 1822 na rua Direita n. 21, tinha 42 anos de idade e era casado com
uma filha do Coronel José Pedro Galvão, tinha um casal de filhos em tenra
idade e um ilegítimo de 17 anos, estudante na ocasião; sustentava em sua casa
uma cunhada solteira e um sobrinho moço, também estudante, e possuía 18
escravos domésticos e a jornal. Foi membro do governo provisório em 1822. Era
amigo particular de Martim Francisco e solitário com suas ideias políticas;
partilhava por isso algum tanto do ódio que os absolutistas votavam aos irmãos
Andradas, e foi uma das vítimas de ‘A Bernarda’”.
Clique
aqui para saber
sobre “a bernarda”:
Faleceu
o brigadeiro Jordão em 27 de fevereiro de 1827. Sua esposa, D. Gertrudes,
sobreviveu 21 anos e, em 01 de fevereiro de 1848, 15 dias depois do pai,
faleceu, deixando os seguintes filhos:
1
- D. Anna Eufrosina, casada com o Dr. Raphael de Araújo Ribeiro;
2
- Manoel Rodrigues Jordão, casado;
3
- Amador Rodrigues Jordão, depois barão de São João do Rio Claro, casado;
4
- Silvério Rodrigues Jordão, casado.
Teve
mais um filho natural, que foi o Dr. Antonio de Almeida Jordão, falecido em
estado de solteiro (apontamentos de Azevedo Marques – Província de São
Paulo).
“Nota
– Os dados referentes ao brigadeiro
Jordão foram extraídos do importante e útil livro “A família Jordão”, título
7, páginas 509-521, do historiador patrício Dr. Frederico de Barros Brotero.”
“Manuel
Rodrigues Jordão muito se distinguiu nos tempos da Regência e primeiros dias
do Império.”
O brigadeiro Jordão foi uma figura histórica
da nossa Independência. Com Antonio da Silva Prado, o barão de Iguape,
hospedou na cidade de São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, o Príncipe
Regente D. Pedro I, no velho prédio de sua propriedade, do canto das ruas
Direita e S. Bento, posteriormente Hotel de França, hoje Palacete Jordão.
O
BRIGADEIRO JORDÃO E O QUADRO DE PEDRO AMÉRICO “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”
Há
quem diga que, entre aquelas pessoas que aparecem ao lado de D. Pedro I, no
famoso quadro de Pedro Américo (pintor, romancista e poeta – Areia/Paraíba,
29/04/1843 – Florença, 07/10/1905), “Independência ou Morte”, mais
conhecido como “O grito de Ipiranga”, datado do ano de 1888, sobre o momento
da nossa independência, está o
brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão.
Segundo
o que tudo indica, porém, naquele exato momento, o brigadeiro Jordão não estava ali. Como os documentos históricos registram, D. Pedro
I proclamou a Independência na volta de uma viagem a Santos, na qual se fizera
acompanhar de vários integrantes da Guarda de Honra, corporação honorária
cujos membros podiam seguir voluntariamente o imperador em viagens e
solenidades. Estranhamente, porém, o
nome do brigadeiro Jordão, paulistano dos mais ricos de sua época, grande
amigo de D. Pedro I, e também pertencente à Guarda Honra, não
aparece na lista dos participantes da viagem.
Pedro Américo, ao pintar o quadro, sessenta e seis anos após o grito do
Ipiranga, deve ter pensado: "Se não estava presente, bem
que poderia estar", daí ter
incluído a figura do brigadeiro Jordão no quadro. Razões para pensar
assim não lhe faltavam. Afinal, D. Pedro I, quando
em São Paulo
, alternou sua hospedagem nas casas do
brigadeiro Jordão e de Antonio da Silva Prado, o barão de Iguape (à época,
ambos moravam nos dois sobradões, um frente a outro, existentes na esquina da
Rua Direita com a São Bento). Acresça-se a tudo isso o fato de que foi
nas terras de uma propriedade do brigadeiro – a Chácara das Paineiras, no
Ipiranga — que D. Pedro I proclamou a Independência.
Tamanha era a riqueza de Manoel Rodrigues Jordão
que ele, com o seu dinheiro, supria os cofres públicos, em casos de
necessidade. As cidades paulistas de Campos
de Jordão e Tatuí floresceram em antigas propriedades suas.
OBS:
Histórico
pesquisado, organizado e escrito por Edmundo Ferreira da Rocha.
Sites
Consultados:
http://www.almanack.paulistano.nom.br/psouza.html
http://www.culturabrasil.pro.br/independencia2005.htm
http://www.almanack.paulistano.nom.br/psouza.html
http://www.poli.usp.br/Organizacao/Historia/Diretores/Jordao.asp
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