A Estrada de Ferro Campos do Jordão foi idealizada e construída graças ao interesse, a visão e o esforço de dois grandes Médicos Sanitaristas, os Doutores EMÍLIO MARCONDES RIBAS e VICTOR GODINHO.
A construção da ferrovia teve a sua primeira estaca cravada, no seu canteiro de obras, no ano de 1912 e, ao que tudo indica, foi iniciada no final desse mesmo ano.
Tiveram também, grande destaque durante toda a construção da ferrovia, além dos bravos, indispensáveis e incansáveis operários, imprescindíveis e grandes responsáveis pela execução de todos os serviços realizados, os Doutores Antonio Prudente de Morais, Guilherme Winter , José Antonio Salgado e o Sr.Sebastião de Oliveira Damas.
A princípio, a grande finalidade da construção desta ferrovia, ligando a Cidade de Pindamonhangaba, situada em ponto estratégico e de ligação com a Estrada de Ferro Central do Brasil, interligando todo o Vale do Paraíba Paulista e Fluminense, a Capital de São Paulo, a Cidade do Rio de Janeiro e muitas outras cidades brasileiras, através de outras conexões, à Vila de Campos do Jordão, visava facilitar a locomoção e o transporte dos doentes acometidos de problemas respiratórios, especialmente, os portadores da tuberculose, considerando as características favoráveis do seu clima invejável e propício para a cura da doença do século, através de confinamento em seus Sanatórios, Hospitais especializados.
A construção da ferrovia que esteve a cargo da Empreiteira Damas, de propriedade do Sr. Sebastião de Oliveira Damas, embora tenha esbarrado em obstáculos difíceis de serem transpostos na época, tais como, a travessia dos Rios Paraíba do Sul e Piracuama, a escalada da íngreme e desafiadora Serra da Mantiqueira, cujo ponto culminante da ferrovia iria alcançar a altitude de 1.750 metros acima do nível do mar, seguiu em ritmo bastante acelerado.
Embora os serviços, em quase todo o percurso da ferrovia, com seus 46 quilômetros entre Pindamonhangaba e Campos do Jordão, tenham exigido a utilização de mão-de-obra humana e braçal, auxiliados apenas por carroças puxadas a cavalos e burros, a construção da Estrada de Ferro Campos do Jordão foi relativamente rápida para a época, durando pouco mais de um ano.
Assim, no dia 15 de novembro de 1914 a ferrovia foi inaugurada por seus idealizadores, responsáveis pela sua construção e pelo povo em geral. Nesse dia memorável, a Pequena-Grande Máquina à vapor denominada “Prudente de Morais” e gentilmente apelidada de “A Catarina”, garbosamente e orgulhosamente partiu em sua viagem inaugural da Cidade de Pindamonhangaba, puxando apenas um vagão e transportou com toda a segurança, alegres e importantes passageiros e chegou ao seu destino em uma Estação improvisada, situada na entrada da Vila Campos do Jordão.
Durante os primeiros anos a ferrovia dependeu de máquinas movidas à vapor. Posteriormente, o transporte de passageiros e de cargas, entre a Estação de Pindamonhangaba e a Estação da Vila Campos do Jordão, foram feitos através de Bondes e Gôndolas ou pranchas movidas à gasolina.
Na década de vinte (1920) a ferrovia passou por grandes transformações, passando a ser totalmente eletrificada no ano de 1924, com novos bondes movidos à eletricidade.
A Estrada de Ferro Campos do Jordão não foi simplesmente importante para o transporte de passageiros, especialmente, na época do auge da tuberculose, ela foi igualmente importante, no desenvolvimento de Campos do Jordão, sendo a grande propulsora do progresso da Cidade de Campos do Jordão, pois, através de seus trilhos e vagões foram transportados, durante muitos anos, a grande maioria dos materiais utilizados pela construção civil da Cidade e aplicados nas construções dos Sanatórios e Hospitais, Hotéis, residências, comércio e, inclusive, do nosso Palácio Boa Vista.
À nossa querida “Estradinha” desejamos toda a sorte do mundo e que continue, sempre, em constante progresso, firme, valiosa e maravilhosa, como nestes primeiros quase cem anos de sua existência.
Dr. Emílio Marcondes Ribas
Médico higienista e sanitarista, nasceu no dia 11 de abril de 1862 em Pindamonhangaba, São Paulo. Formou-se pela faculdade de medicina em 1887, no Rio de Janeiro.
Juntamente com seu colega e companheiro, o Médico Sanitarista Dr. Victor Godinho, idealizaram e construiram a Estrada de Ferro Campos do Jordão, com o objetivo de facilitar aos seus pacientes um acesso mais rápido e confortável a Campos do Jordão, por ser uma vila no alto da Serra da Mantiqueira, com clima de montanha ideal para as pessoas que procuravam e necessitavam de um tratamento para a cura da tuberculose, o mal do século. Dessa maneira, colaboraram também, para a fundação dos Sanatórios de Campos do Jordão, para o tratamento da tuberculose. A ferrovia cumpriu, por vários anos, seus objetivos iniciais, que motivaram a sua construção.
O Dr. Emílio Marcondes Ribas faleceu, com 63 anos de idade, no dia 19 de fevereiro de 1925 na cidade de São Paulo São Paulo.
Dr. Victor Godinho
Victor Godinho, médico sanitarista, nasceu em 26 de dezembro de 1862 na cidade do Rio de Janeiro. Foi notável médico,tendo se formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1887, onde teve como companheiros de turma : Emílio Ribas, Theodoro Bayma. Carlos Brandão...e outros ilustres colegas.
Juntamente com seu colega e companheiro, o Médico Sanitarista Dr. Emílo Ribas, idealizaram e construiram a Estrada de Ferro Campos do Jordão, com o objetivo de facilitar aos seus pacientes um acesso mais rápido e confortável a Campos do Jordão, por ser uma vila no alto da Serra da Mantiqueira, com clima de montanha ideal para as pessoas que procuravam e necessitavam de um tratamento para a tuberculose, o mal do século. Dessa maneira, colaboraram também, para a fundação dos Sanatórios de Campos do Jordão, para o tratamento da tuberculose. O Dr. Victor Godinho presidiu a Sociedade Estrada de Ferro Campos do Jordão que, mais tarde, foi encampnada pelo Estado. A ferrovia cumpriu, por vários anos, seus objetivos iniciais, que motivaram a sua construção.
Faleceu no Rio de Janeiro em 26 de setembro de 1922, vitimado pela “arterio-esclerose”. Está enterrado no mausoléu de sua família, no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.
Edmundo Ferreira da Rocha
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