É necessário descrevê-lo como a estação do ano de característica visivelmente marcante e maravilhosa em nossa região, durante a qual o fenômeno da queda das folhas é cíclico e antecede o inverno.
Hoje, mais do que em outras épocas, o outono em Campos do Jordão está bastante valorizado, especialmente após o plantio de diversas espécies vegetais que, nessa ocasião mudam a tonalidade de suas folhas, adquirindo quase quatro dezenas de tonalidades diferentes, antes de perdê-las totalmente.
Abaixo um histórico das espécies de vegetação que mais valorizam o colorido do outono em Campos do Jordão.
O LIQUIDÂMBAR
O liquidâmbar (liquidambar styraciflua l.) é uma árvore, espécie florestal de grande porte, originária dos Estados Unidos, México e América Central. Normalmente é plantado para o reflorestamento para fins de produção de madeira com destino a diversas finalidades. Sua madeira é muito bem utilizada para a produção da celulose, para a fabricação de dormentes, para a confecção de estrados, embalagens diversas, móveis e até para lenha. Não é muito exigente quanto ao tipo de solo onde deve ser plantado. Adapta-se muito bem a diversos tipos de solo.Prefere locais de climas subtropicais e temperados, com altitudes médias de 1.200 a 1.600 metros e de solos profundos. Sua seiva, de cor marrom-clara, semelhante ao nosso mel, concentrada mediante fervura, é muito utilizado para fins medicinais. Desde a época da civilização Azteca, é muito utilizado como bálsamo para diversas doenças de pele, no tratamento da disenteria, problemas pulmonares, especialmente o catarro e diversas outras doenças. O liquidâmbar produz uma grande quantidade de pequenos frutos em formato de cápsulas que, quando maduros, se abrem e lançam ao chão e no ar, grande quantidade de minúsculas sementes, facilmente levadas pelo vento, até um raio aproximado de 200 metros ao redor da árvore matriz.
Aqui em Campos do Jordão o liquidâmbar começou a ser plantado na década de 1960, no Horto Florestal, com a finalidade única de ornamentar a sua linda paisagem natural deixando-a muito mais bela na época do outono e inverno quando o variado colorido de suas folhas que, como catalogado pelo Dr. Rubens Álvaro Bueno, Engenheiro Agrônomo daquele Horto, na época, pode chegar a adquirir em torno de quatro dezenas de tonalidades diferentes, variando entre os tons de verde, amarelo, laranja, vermelho e marrom.
Posteriormente, com mudas oriundas do nosso Horto Florestal, foram plantados diversos exemplares ao longo de nossas ruas, avenidas, praças e propriedades particulares. Atualmente, no outono e inverno, a graciosidade e beleza das cores da folhagem dos liquidâmbares vêm emoldurando nossa paisagem, dando-lhe um colorido muito especial, que encanta os jordanense e turistas em geral que, não perdem a oportunidade para deixá-lo registrado em suas múltiplas fotografias.
O PLÁTANO
O Plátano, árvore da família das Platanáceas, originária da América do Norte e Eurásia, também como o liquidâmbar, preferem regiões de climas subtropicais e temperados. Também é uma árvore de grande porte, podendo atingir 30 metros de altura. Possui folhas lobadas semelhantes às do bordo (árvore da família das aceráceas – Acer saccharinum).
Diferentemente do liquidâmbar, o plátano não produz seiva ou resina. Tudo leva crer que a folha do plátano é a que está estampada na bandeira do Canadá, porém a coloração vermelha mostrada, deixa alguma dúvida nesse sentido.
Também, na época do outono mais especificamente, antes da derrubada de suas folhas, estas adquirem tonalidades variadas de amarelo, embelezando a paisagem.
Para Campos do Jordão, foi trazido no final da década de 1940. Uma infinidade de exemplares dessa espécie, foi plantada junto às calçadas, ao longo das nossas principais avenidas.
Há quem diga que a sua madeira é de excelente sonoridade e que o famoso violino “Stradivarius” , foi construído com a madeira dessa espécie de árvore. Na década de 1960 um Senhor, morador de Tatuí-SP., visitou nossa Cidade. Em suas andanças pela Cidade, vendo um exemplar de plátano que havia sido cortado e estava tombado próximo a uma de nossas avenidas, pediu autorização para o Prefeito Municipal da época e levou parte da madeira dessa árvore para sua Cidade. Como era especialista na construção de instrumentos musicais de corda e pertencia ao famoso Conservatório Musical de Tatuí, construiu alguns violinos e fez questão de encaminhar um exemplar como presente para a nossa Prefeitura Municipal, como gratidão pela oportunidade proporcionada.
Somente uma coisa, com relação ao Plátano me deixa muito aborrecido. Não concordo e jamais irei concordar. Há pessoas quem insistem na identificação do plátano como árvore símbolo de Campos do Jordão. Isto é um verdadeiro absurdo ! A árvore símbolo de Campos do Jordão é somente uma, o nosso lindo e maravilhoso PINHEIRO (ARAUCÁRIA ANGUSTIFOLIA) E MAIS NENHUMA OUTRA. O plátano é uma árvore muito bela e ornamental. Embora se adapte muito bem em Campos do Jordão, por causa do nosso clima, é uma espécie alienígena, importada, oriunda de paragens muito distantes e que nem pertencem ao Brasil.
Em minha opinião, tanto o liquidâmbar como o plátano, vieram embelezar a paisagem Jordanense, trazendo fama, muito além de nossas fronteiras, para o outono/inverno de Campos do Jordão, porém, em torno da beleza e do colorido de suas folhagens, nessas épocas do ano, o liquidâmbar é muito mais ornamental do que o plátano.
Veja a crônica "Outono
em Campos do Jordão"
Edmundo Ferreira da Rocha
Sobre o Outono de Campos do Jordão escreveu Pedro Paulo Filho no seu livro “A Montanha Magnífica” – Volume I – 1997 - ”O Recado Editora Ltda” - Página 29.
Outono na "Montanha Magnífica"
A estação onde, no mundo inteiro, se evoca o ocaso e as primícias da senectude, em Campos do Jordão, o outono é luz, é ouro, "os outonos de luz de ouro", de que falava Antero de Figueiredo.
As folhas secas e amarelecidas dos plátanos caem nas alamedas jordanenses, criando o romântico clima das frias estações européias nas fraldas da Serra da Mantiqueira.
Quem diria! Os transeuntes enfeitiçados pisam-nas, provocando aquele ruído característico de folhas secas, distraídos nos bosques tranqüilos e bucólicos, massageados pela aragem encrespada e excitante que prenuncia o inverno.
É a caída das folhas, que vão levando, de roldão, os sonhos acalentados na juventude e os farrapos do coração abatido pelos anos. É a terceira estação do ano que, no Hemisfério Norte começa a 22 de setembro e termina em 21 de dezembro, e no Hemisfério Sul, vai de 21 de março a 21 de junho.
Vem, outono! Traz para a amada, no "bouquet” outonal de folhas amarelecidas, o segredo das tardes tocantes e pungentes de Campos do Jordão, na estação que anuncia o frio.
Vai, outono! Leva, no vôo olímpico das folhas douradas dos plátanos, a mensagem ensolarada de amor e prenhe de luz, que aquece o do povo de Campos do Jordão.
Bem-vindos todos à terra onde o outono tem o quebranto de fada e a saga dos duendes, e, repara, como bem ler Drummond de Andrade, que "o outono é mais estação da natureza."
Pedro Paulo Filho
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