ARAUCÁRIA, NOSSO PINHEIRO QUERIDO
“Araucária Angustifólia” ou “Araucária Brasiliensis” como costumo dizer, é o nome científico do nosso querido e grandioso pinheiro do “Paraná”.
Pinheiro que adorna as montanhas dos Campos do Jordão.
Pinheiro que, um dia, foi a matéria-prima para as tábuas que serviram para a construção das primeiras moradas daqueles que, primitivamente, aportaram nestas alturas da serra da Mantiqueira e foram os responsáveis pelo surgimento da Cidade e ensinaram os passos firmes do sucesso e progresso.
Pinheiro que doou suas entranhas para a confecção dos ataúdes que, num passado não muito distante, serviram de proteção à forma física daqueles que não conheceram o privilégio da cura da tuberculose e para aqueles que, por motivos vários, deixaram estas paragens, alçando vôo para o infinito, atendendo o chamamento do responsável pela criação.
Pinheiro que, de noite ou de dia, se impõe pela sua exuberância, porte elegante e majestade, sempre levantando brindes à vida com sua taça de esmeralda voltada para o céu.
Pinheiro que, com seus galhos lembrando braços abertos, recepciona o povo desta cidade e os turistas que nos visitam, com muito carinho e beleza.
Pinheiro que, ao nascer do dia, antepõe-se ao Sol para nos dar a proteção necessária ao calor e à luz exagerada e prejudicial à saúde, liberando aquela estritamente necessária.
Pinheiro que enfeita nossa paisagem de montanhas magníficas com tanta graciosidade e porte majestoso.
Pinheiro que, nas tardes límpidas e tranqüilas do final dos dias, contrapõe-se ao Sol do crepúsculo no horizonte para, com sua silhueta indispensável, dar o contraste necessário na composição da coloração multicor dos últimos raios solares que, furtivamente, escapam por detrás de seus galhos, das nuvens e das montanhas deste verdadeiro paraíso terrestre.
Pinheiro que produz a pinha e o pinhão, alimento indispensável para a alimentação daqueles menos favorecidos pela sorte que para cá vieram, num passado não muito distante, em busca de melhores dias para suas vidas e para os seus, e que, infelizmente, não conseguiram seu real intento.
Pinhão que alimenta até hoje algumas espécies de nossa fauna que, felizmente, insistem em permanecer entre nós, dando graça à vida e nos encantando com suas presenças.
Pinhão que encanta o turista que nos visita, nossa real fonte de rendas e que, agora, fica deslumbrado com as iguarias culinárias preparadas com esse alimento maravilhoso, por meio de receitas inéditas introduzidas pela culinária caseira, simples e rudimentar, e pelas sofisticadas e elaboradas receitas criadas por “chefs” da alta gastronomia, cujos pratos deslumbrantes são servidos nos principais restaurantes e hotéis da cidade de Campos do Jordão e até em outras cidades de outros rincões do Brasil.
Pinheiro que, um dia, deu guarida e alimento à gralha azul, sua multiplicadora natural que, infelizmente, migrou para paragens mais promissoras e facilitadoras.
Pinheiro que continua dando guarida a vários outros tipos de pássaros e alimento a pequenos roedores de nossa fauna.
Pinheiro que continua alimentando várias espécies de musgos, bromélias e microvegetações.
Pinheiro, com tua graça, tua majestade, tua pinha e teu pinhão, recebe a nossa eterna gratidão por tudo de bom e maravilhoso que doaste e continuas doando, graciosamente, a estes Campos do Jordão.
Oxalá as autoridades não venham a se esquecer da necessidade da tua preservação para que continues fazendo parte integrante da tranqüilidade de nossos montes e da liberdade de nossos campos.
Edmundo Ferreira da Rocha
29 de abril de 2003
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