O
mundo para os judeus era Jerusalém
Coroada
com
o Monte
Sião.
Tivesse
milhões ou apenas vintém,
Na
páscoa para ela convergia a Dispersão.
Ao
Templo cada um trazia sua oferenda
Num
desfile de tétrica beleza,
Salmodiando
numa confusão horrenda
O
gemido da miséria e o risco da riqueza.
Levavam
à mesa sacrifical
Desde
pomba ao luzidio touro,
Esperando
o Messias em cortejo triunfal
Descer
do céu em carro de ouro.
O
tradicionalismo desejava-o pelo mundo...
Com
exércitos de anjos conquistar Roma,
Exterminar
o gentio imundo
Desde
os confins da terra até Sodoma.
No
Templo, os riscos com o mundo sob o pé
Incensados
pelo Sumo Sacerdote.
Fora,
os pobres milionários da fé
Esperando
ver o Messias antes de verem a morte.
Olhavam
o céu cheios de esperança...
De
repente, glória ao Messias!... Hosana!...
Num
bando maltrapilho em festança,
Jubilosos
na fé que tudo irmana,
Lá
vem Jesus montando um jumentinho!
Rua
forrada de molambos e de flores,
Revoada
festiva de passarinhos!...
Vieram
os sacerdotes e grã-senhores.
Pararam
estupefatos, olhos de ira e medo
Em
Jesus branco e puro como um lírio,
Porém
forte como um rochedo,
A
caminho da glória e do martírio!...
Jesus
entrou no Templo,
Expulsou
os vendilhões a golpes de chicote
Dando
revolucionário exemplo
De
luta contra César e o Sumo Sacerdote.
Injúria
lançada à face de Israel!...
Profanação
à Casa de Deus!...
Bramavam,
declarando guerra sem quartel
Ao
mísero Rabi dos Galileus.
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