Na
Judéia
Só
se falava agora
No
Rabi da Galiléia.
Sol
de toda hora!...
Os
pobres, com amor
E
respeito.
Os
rios, com rancor
E
despeito
Quem
era?...
Que
dizia?...
De
onde viera?...
Que
fazia?...
No
diz que diz
Quase
todos os dias
Apareciam
rabis
E
pretensos messias.
Andavam
aregando ao povo
E
sumiam...
Nada
dizendo de novo,
Logo
os esqueciam...
Mas
o Galileu
Estava
demorando fora da conta.
Humilde
e plebeu,
Insuportável
afronta
Aos
poderosos do dia!
Pesadelo
se tornava
Ao
clero, nobreza e burguesia.
Mas
o povo o adorava!
Seu
nome e sua fama
Penetraram
na casa de Madalena
E
lá ficaram brilhantes como uma chama
Perfumosos
como açucena.
Morava
Madalena no Monte das Oliveiras,
Casarão
cercado de flores,
Amplo
quintal com fruteiras,
Chácara
dos amores!...
Viera
da Magdala, sua terra natal,
Apedrejada
pelo amor próprio dos pais.
Cometera,
ilegalmente, pecado original.
Não
voltou mais.
Desprezada
pelos familiares,
Abandonada
pelo sedutor,
Curtia
seus pesares
Vendendo
noites de amor.
Alta,
morena, bem proporcionada,
Olhos
de sonhos...grandes e brilhantes,
Boca
de beijos com sorriso sempre enfeitada,
Sedutora,
mas não escandalosamente provocante.
Aconchego
dos seus braços
Pago
a peso de ouro...
O
calor do seu regaço
Valia
um tesouro...
Jovem
e formosa,
Sua
casa era ponto de reuniões
Famosas
Por
suas múltiplas atrações...
Homens
de muitos haveres
Lá
iam
Sequisos
de prazeres
E
muito se divertiam...
Jovens
treinadas na arte de seduzir
Tocavam
harpa, cantavam, dançavam...
E
era beber...sexualmente grunhir...
Frustrações
e recalques lá descarregavam...
Familiares
do Sumo Sacerdote
Frequentadores
assíduos também eram.
Sobre
eles corria a mote:
No
templo da orgia os sacerdotes imperam.
Entre
seus admiradores,
Judas.
Lavava-lhe
flores,
Oferecia-lhe
ajuda.
Não
era rico mas sabia lidar com dinheiro.
Fazia-o
render.
Muito
interesseiro,
Tudo
para ele era comprar e vender.
Madalena
dele não gostava.
Tratava-o
bem
Como
tratava
Todos
em Jerusalém.
Sentia
Nas
flores que Judas lhe dava
O
fedor da hipocrisia.
Ele
era enigma que somente ele decifrava...
Conhecera-o
quando de Magdala saiu.
Por
Iscariote passando
Judas
a viu,
Em
paz nunca mais a deixando.
Era
possessivo
Mas
agia disfarçadamente.
Fechou-a
também à alta classe,
Abrindo-a
à classe baixa.
Sem
que alardeasse,
Criou
beneficente caixa
Lázaro,
Marta, Betânia e Suzana
Trouxeram-lhe
a benção paternal.
Da
chácara fizeram asilo à miséria humana,
Albergue,
creche, maternidade e hospital.
Pensando
no Rabi ela vivia...
Quanto
mais nele pensava
Mais
sentia
Que
de corpo e alma a ele se devotava.
Saiu
a procurá-lo...
Na
casa em festa do publicano Simão
Foi
encontrá-lo,
Causando
censura e gozação
Entre
os convidados.
Comovida,
profundamente comovida,
A
Jesus oferece seus pecados...
Abençoada
e absolvida.
Lava-lhe
os pés com maternal desvelo,
Em
perfumes e lágrimas de gratidão.
Enxuga-os
com beijos e seda dos seus cabelos.
Cercados
ficaram com risinhos da insinuação...
A
conversão de Madalena um escândalo!...
Exótica
flor do pecado
Inebriante
como a flor de sândalo,
A
peso de ouro seu corpo disputado...
Cortezã
da lata sociedade,
Incendiava
corações no inferno do ciúme...
Ei-la,
flor balsâmica da caridade,
Curando
leprosos no Vale do Estrume.
Por
medida profilática, os leprosos
Ficavam
abandonados no vale do Estrume.
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