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Morre o homem ... nasce um Deus

 

 

Na cruz Jesus parecia um astro!...

Ao peso da decepção

Judas foi subindo de rastro

Açoitado pela humilhação

De arrastar seu traiçoeiro sonho de liberdade.

Entre dois ladrões Cristo expirava

Já símbolo do amor, da paz e da verdade.

Olhos no céu ele rezava

Abençoando o mundo e Jerusalém.

No Templo, festivamente, os judeus rezam.

De rastro Judas vem.

Seus olhos a todos se revezam.

Os soldados jogam a fantasia de rei

Que Herodes em Jesus vestira,

Inconscientemente assim cumprindo a Lei.

Judas dinheiro lhes atira.

Tumulto para catá-lo.

Rápido se apodera da fantasia.

Soldados tentam agarrá-lo

Mas o dinheiro espalhado os atraía.

Apruma o corpo ao contato do manto,

Faz dele capuz,

Passa pelas mulheres rezando em pranto

E perfila-se diante de Jesus.

— Eu te perdôo Rabi! Perdoa-me também.

— Nada tenho a te perdoar, irmão.

Só me fizeste bem.

Eu que te peço perdão.

Cada um tem sua cruz pra carregar

E seu calvário para subir...

Simplesmente procurei ajudar

Ao peso da cruz ninguém sucumbir.

Também a ti, Judas.

— A mim?!...

Nunca me deste ajuda!

Não sei por que falas assim.

De boa fé sempre te segui.

Todos te abandonaram, eu fiquei.

Esta é a verdade, Rabi!

Por tua culpa fracassei.

Quis fazer-te libertador do meu povo,

Rei preferiste ser nesta fantasia.

- Nos teus negócios não me envolvo.

- Pobre rei de fancaria...

- Te avisei, erraste porque quiseste.

- Me iludi, falso herói o teu papel.

Não sabes o mal que a meu povo tu fizeste!

- Sou a humanidade, és o povo de Israel.

Tuas moedas, teu dinheiro imundo,

Vão produzir ódio, sangue e fome,

Inferno fazer do mundo

Rugindo blasfêmias com meu nome.

De hoje ao fim do segundo milênio

Será o teu império, Judas, o teu império!...

Depois o mundo será essênio,

Sem os Judas, os Pilatos, os Caifás e Tibérios.

— Como és ingênuo, Rabi!

Vai pro teu mundo e deixa este comigo!

A ingenuidade personificou-se em ti.

Bem merecias maior castigo!

Com meu dinheiro vou conquistar Roma,

Fazer do mundo reino da felicidade!...

— Quando teu reino acabar como Sodoma,

O mundo será de amor, de paz e liberdade.

Judas, trôpego, seu destino segue...

Na estupidez os soldados jazem.

Jesus, ao céu, suplicando os olhos ergue:

Perdoa-lhes, Pai! Não sabem o que fazem.

Para sempre... para sempre conclamo

Cada criatura e toda humanidade:

Amai-vos uns aos outros como vos amo!

Pendeu a cabeça e elevou-se à Divindade.

 

 

 

 

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