Jesus
voltou ao poço de Jacó e de lá
Viu
Moisés, no Sinai, com ódio e decepção
Espatifar
a Lei ditada por Jeová
No
bezerro de ouro do sacerdote Aarão.
Josué
empunhando espada de vingança,
Em
desagravo a Jeová e honra de Moisés
Comando
diabólica matança
Eliminando
milhares de infiéis.
Lágrimas
de pedra Monte Horebe derramou
Na
desolação imensa do deserto...
O
céu, rugindo, ao altar da traição incendiou...
Com
areia rubra o pecado coberto...
Angustiado,
Moisés
subiu de novo o Monte Horebe.
Muitos
dias lá esteve concentrado,
Escrevendo
para a rude e ignorante plebe
Que
em baixo, em tendas, ficara aguardando,
Os
Dez Mandamentos!...
A
nova Lei foi aos poucos iluminando
Corações,
consciências e pensamentos...
Séculos
e séculos rolaram
No
bojo do tempo...na evolução da eternidade...
Vieram
os profetas e anunciaram
O
messias redentor da humanidade!...
Moisés
jamais conseguiu olvidar
A
trágica apostasia de Aarão
O
banho de sangue que manda dar
Profanou
a justiça com a lei de exceção.
Perdoara
o apóstata por serem do mesmo ventre.
O
espírito de clã fez-lhe a razão omissa.
O
remorso fez do “olho por olho, dente por
dente”
Fundamento
do seu código de justiça.
Com
o bordão da fé viera arrebanhar seu povo,
Modelar
com ele nova humanidade.
De
Canaã fazer um novo mundo
À
base do amor, da paz e da Verdade!
Mas
onde a mística de povo eleito
Tecida
à luz da fé nas trevas da escravidão?!...
Onde
os prediletos de Deus com direito
Exclusivo
ao Convenio de Abrahão?...
Moises
chorou. Enquanto ele chorava
Rolando,
em desespero, no chão da sua tenda,
A
realidade, indiferente, lhe mostrava
Tudo
ser encantadora lenda.
Seu
povo não era legião de eleitos.
Ao
pai a família humana é toda igual.
Cada
um corrigindo seus defeitos,
Moralmente
em preparo à vida espiritual.
Convenceu-se,
enfim, já sem desdouro,
Sonhara
consagrar a Jeová-Javé
Um
povo devotado ao bezerro de ouro
Herança
da escravidão no Egito após morte de José...
A
Thora, o Talmude e outras leis não elaboradas
À
luz da contraditória experiência humana,
Às
misérias e grandezas do povo adaptadas,
No
tribunal da conveniência brandas, justas e
tiranas.
Quarenta
anos trilhou a via da expiação
Transformando
o deserto em cemitério...
Assim
formando geração
Afeita
à realidade e mistério.
Anos
dolorosos, só comendo maná e de manhã.
No
delírio da fome e sede, clamor ao deserto:
Não
quero morrer sem ver Canaã!...
Nailusão
estivesse ele perto.
Em Canaã Moisés
também não pisou.
De
longe... bem longe... a entreviu.
Comando
do povo a Josué passou.
Acenou
adeus... atrás do Monte Nebo sumiu...
E
o povo hebreu parecendo uma pessoa só
A
ferro e fogo abrindo caminho para Canaã...
Cruzou
o Jordão pelo porto de Jericó,
Conquistou
a terra em poder de gente pagã.
Canaã!
Canaã! Terra ideal!...
“Terra
da Promissão onde flui leite e mel”
Projetando
Deus na consciência universal...
Terra
de trevas se tornou jorrando sangue e fel...
Canaã
de amor e paz
Morreu...
morreu... morreu...
Não
renasce mais.
Matou
o ódio entre árabes e judeus.
Jesus
voltou à realidade
A
lei que ele vira Moisés espatifar
-
Lei do amor, da paz e da verdade –
Mesma
que viera proclamar.
À
sombra da secular figueira
Esparramada
sobre o velho poço
Meditou
a tarde inteira.
Sabia
haver intransponível fosso
Entre
ele e os discípulos da Aarão.
Fariseus
hipócritas, levitas infiéis,
Cercaram
o Templo com o fosso da tradição
Em
nome de Jeová, por ordem de Moisés!...
Derrubá-lo
vieram a mandado do Pai,
Fazer
o mundo templo da paz e da esperança!...
Revogar
leis atribuídas ao Profeta do Sinai,
Emboloradas
na Arca da Aliança.
Voltar,
pois, a Jerusalém
E
no Templo pregar a Lei divina.
Sabia
a força que a estupidez humana tem
Mas
enfrentá-la era-lhe a sina.
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