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Perante Sinédrio

 

 

Jesus atirado à presença de Caifás.

Sinédrio reunido às pressas para julgá-lo.

O ódio julgando o amor, a verdade e a paz.

Guardas a judiá-lo,

Para agradar farisaico tribunal.

Conquistavam aplauso dos juízes,

Satisfaziam próprio instinto bestial,

A Javé agradecendo horas tão felizes.

O julgamento, grande farsa!

Caifás, de promotor e juiz,

Fez depor testemunha falsa.

Teatral, chicaneou como quis.

Sinédrio aplaudia.

Cordeiro em meio de uma alcatéia,

Jesus, dialético, se defendia,

Apoiado por Nicodemos e Arimatéia.

- Andas intitulando-te o Messias!

“Vais destruir o santuário de Deus

E reedificá-lo em três dias?”

- Destruí-lo, os romanos e vocês fariseus,

Com a espada do ódio e fogo do orgulho!

O Templo do amor, da paz e da verdade

Construir não vou sobre montes de entulho

E sim no coração da Humanidade!

- Pura fantasia!...

Pobre Rabi da plebe rude e impura!

Teus sonhos vão morrer ao despontar o dia...

- E nascer em cada humilde criatura.

- E o povo eleito, herdeiro de Moisés?

- Sigam-me!... Sou o caminho, a verdade e a vida.

- Subversivo o que tu és!

Pelo engodo levas à luta fratricida.

- Em verdade, vim para separar e já separei.

- Basta!... Atrevimento demais!

- A ninguém prejudiquei.

Os teus ficarão contigo, Caifás!

- Falas como dono do mundo,

Divides a bel prazer...

- Nisso revelas conhecimento profundo.

Pela vontade do Pai muito mais irei fazer.

Do mundo farei uma só nação,

Da humanidade uma só família,

Das religiões uma só religião.

- Tu?!... Pobre fazedor de mobília...

Risada geral.

- Provocas zombaria.

- Não faz mal,

Minha presença causa alegria.

Vociferações, tumulto.

- Que te devore o fogo do céu!

- Faça-o engolir o insulto!

Bofetada estala na face do réu.

- “Adivinhas, ó Cristo, que te bateu?”

- Ora, se adivinho!...

A intolerância do povo hebreu

Que o faz viver sempre sozinho.

Caifás levantou-se.

Com gesto imponente dominou a confusão.

Seu olhar de fera em Jesus fixou-se

- Vamos ao que interessa na questão.

Em nome da tua verdade, és o Messias?

- “Assim o dizes”.

Perguntas a que já sabias.

- Ouviram, senhores juízes?

Messias, ele se confessou!

Caifás sentiu emoção tão forte

Que as vestes rasgou.

Jesus condenando à morte.

O ódio golpeava-o com a humilhação,

Confraternizando nobreza, clero e a escória.

Jesus olhava-os cheio de compaixão,

Perdoando a grande farsa da história.

- Agora podemos festejar a páscoa em paz.

Livramos a pátria de feroz subversão.

- Graças a tua esperteza, Caifás!

- O réu tem mais alguma declaração?

- Cordeiro pascal,

Minha paz a todos quero deixar.

Não deixo a paz do mundo mas a paz celestial,

Doce paz que os homens não podem dar...

- Escravos da lei, agimos com toda a imparcialidade!

Sem dúvidas, Pilatos aprovará.

- Não duvido. “Conhecerei a verdade

E a verdade vos libertará”.

 

Acocorado ao pé do fogo,

Pedro tiritava de medo e frio.

Sabendo estar seu destino em jogo,

O futuro parecia-lhe sombrio.

O galo começou a cantar

À criadagem sacerdotal

Ele a Jesus negou condicionado a provar

Não havendo amizade incondicional.

O galo tanto cantou alheio à tristeza do dia,

Que lhe despertou a consciência e coração.

Cantava o galo... chorava Pedro... a criadagem ria...

Jesus chefiado por chefiar revolução.

Revolução espiritual

Social revolução

Revolução moral.

 

 

 

 

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