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 Cartaz do Filme ‘RAVINA”
No ano de 1958 uma grande equipe da “Cinematográfica Brasil Filme S/A” veio para Campos do Jordão para filmar algumas cenas do filme “RAVINA”. Esse filme brasileiro, de longa metragem, com a duração de 117 minutos, pertence ao gênero drama. Contou com a direção de Rubem Biáfora (escritor) e com seu próprio roteiro, Walter Guimarães Motta, autor da história e Flavio Tambellini, também escritor.
Com exceção das cenas externas, a grande maioria das cenas foram gravadas nos Estúdios da saudosa “Companhia Cinematográfica Vera Cruz”, no ano de 1959.
Resumo da História: Inocente e fatal, mulher, que se crê portadora de uma maldição, vê um engenheiro morrer num acidente durante a construção de uma ponte. Considerando dois homens que a cortejavam responsáveis pela tragédia, decide se vingar de ambos.
Esse filme era protagonizado pelos seguintes atores e atrizes: Milton Amaral, Sandra Amaral, Hélio Ansaldo, Eliane Lage, Sergio Hingst, Mário Sérgio, Pedro Paulo Hatheyer e Lola Brah. Os papéis principais foram estrelados por Eliane Lage e Sergio Hingst.
Na época das filmagens aqui em Campos do Jordão a atriz Eliane Lage veio acompanhada de seu marido, o consagrado diretor de filmes brasileiros Tom Paine que, embora já tivesse abandonado o cinema, acompanhava as filmagens e, sempre, dava algumas opiniões.
Na época em que vieram filmar algumas cenas do filme RAVINA, aqui em Campos do Jordão, toda equipe, inclusive atores e atrizes, ficaram hospedados no Hotel Bologna que, na época, pertencia ao casal Augusto Pagliacci e D. Alba Taioli Pagliacci, situado na Av. Macedo Soares, 331, em Vila Capivari.
Eu morava com minha família em frente ao Hotel Bologna, na mesma Av. Macedo Soares, 306, numa casa de propriedade do Sr. Adelardo Soares Caiuby. Também morava conosco nesta casa, o saudoso amigo Orestes Mário Donato. Como a casa era muito grande, meu pai alugou o enorme salão existente na frente da casa e mais outros dois quartos, também enormes, que foram transformados em salas de trabalho da empresa COPEL - Construções Projetos e Engenharia Ltda..
Eu e o Donato éramos unha e carne. Sempre que estávamos em casa estávamos juntos. Muitas vezes que ele saía de casa e ia a algum lugar, íamos juntos. Era praticamente meu segundo pai.
Nessa casa, como o quarto do Donato era enorme, ele montou em um dos cantos um estúdio fotográfico completo. Donato sempre foi um excelente fotógrafo. Sabia tudo sobre fotografia. Tirava as fotos, revelava os filmes, fazia as cópias e ampliações, recortes e montagens fotográficas etc. Eu, sempre junto, aprendi muito sobre fotografia. Já sabia quase todos os passos seguidos pelo Donato nessa arte. Foi a partir dessa oportunidade que passei a me interessar por fotografia, habilidade que tem sido muito útil em toda a minha vida, responsável pelo meu enorme acervo fotográfico e histórico de Campos do Jordão.
Nessa casa da Av. Macedo Soares, 306, ficamos por quase três anos, até início da década de 1960. A COPEL deixou o local um pouco antes, passando a ocupar sua sede própria especialmente construída na Rua Engenheiro Diogo de Carvalho, proximidades da igreja de São Benedito, bem no centrinho de Vila Capivari.
Donato, como apaixonado por fotografias, e também por cinema, grande amigo do Sr. Augusto Pagliacci, proprietário do Hotel Bologna, acabou conhecendo os dirigentes da equipe que comandava as filmagens das cenas do filme Ravina que seriam gravadas aqui em Campos do Jordão. Com um relacionando muito bem com toda equipe, conseguiu autorização para acompanhar as filmagens que foram feitas em local previamente escolhido pelos diretores, em local de belíssima paisagem, nas proximidades do Pico do Itapeva.
No dia das filmagens o Donato, equipado com máquinas fotográficas, “flahes” e filmes, no ônibus especial da produtora do filme Ravina, foi acompanhando a equipe de filmagens e, levando-me como seu acompanhante e, com a desculpa que eu era seu ajudante que, na realidade, até acabei ajudando dentro do possível, seguindo suas orientações.
Um pouco sobre a Eliane Lage e o Tom Paine:
Eliane Lage (nasceu em Paris - 16 de julho de 1928), uma das mais lindas atrizes do cinema brasileiro: Filha de pai brasileiro e mãe britânica, a neta de franceses, Eliane veio ao Brasil aos seis meses.
Desde jovem, começou a trabalhar com crianças carentes, principalmente na favela Dona Marta. Insatisfeita com suas limitações, foi estudar na Inglaterra, e de lá foi para a Grécia, onde prestou auxílio em um campo de concentração de crianças gregas durante a guerra civil.
De volta ao Brasil, em 1950, pensava em retomar o trabalho na favela Dona Marta, quando foi convidada por Tom Payne a fazer um teste para o filme “Caiçara”. Depois do teste, aceitou fazer o filme — contrariada, pois não planejava ser atriz, mas estava apaixonada por Tom Payne, com quem se casaria em 1951, teria 3 filhos e viveria por 15 anos.
Eliana amiga de Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, acompanhou de perto a criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Dono de uma das maiores fortunas de São Paulo, Matarazzo ajudou a fundar a Vera Cruz, o TBC e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Depois do sucesso de “Caiçara”, Tom a convenceu a filmar em 1951 “Ângela” em Pelotas. Era o início de sua breve, porém importantíssima carreira cinematográfica. Em 1958 filmou “Ravina”.
Logo veio a consagração, em “Sinhá Moça” (1953), que valeu prêmio da crítica a Tom Payne no Festival de Berlim e consagração internacional.
Em 1957, ela e Tom Payne fizeram um programa semanal de curta duração (seis semanas), “A Vida com Eliane”, na TV Tupi, experiência que considerou decepcionante, e nunca mais quis fazer televisão.
Eliane morou no Rio, em São Paulo, Guarujá e Petrópolis. No fim dos anos 70, Eliane deixou para trás ex-marido, três filhos e quaçquer ligação com a alta sociedade para se refugiar em Pirenópolis, cidade histórica de Goiás a 150 quilômetros de Brasília. Lá ela vive até hoje, sozinha, longe da fama e fortuna. Uma Greta Gabro brasileira. Hoje a ex-diva só se distingue das demais moradoras de Pirenópolis pela coluna naturalmente ereta e pela fala sempre em tom neutro. Uma aristocrata numa cidadezinha do interior: bonita, elegante e acima de tudo leve. Versada e, inglês, francês e espanhol, vive hoje com uma pequena ajuda dos filhos. O suficiente para fazer aquilo que gosta: ler tudo o que aparece pela frente e ver filmes e seriados quje um amigo grava. Ela não guarda mágoas e nem cultiva saudades do passadp.Escreveu uma autobiografia, Ilhas, Veredas e Buritis, publicada em 2005 pela editora Brasiliense.
Thomaz Paine, chamado de Tom Paine (Lomas de Zamora, 04 de outubro de 1914 - Alfenas-MG., 15 de setembro de 1996), cienasta anglo-argentino, foi um diretor e ator de filmes brasileiros, nos estudios da saudosa Companhia Cinematográfia Vera Cruz. Viveu na Argentina até aos 16 anos, quando foi para a Inglaterra, tentar a pintura, mas acabou por trabalhar como figurante em filmes ingleses e em trabalhos de assistênia à produção. Foi trazido por Albnerto Cavalcanti para a Vera Cruz, onde dirigiu o segundo filme do estúdio, “Terra é sempre terra”. Em 1950, conhece Eliane Lage, a quem convida para os testes para a protagonista de “Caiçara”, em 1951, casa-se com ela, uma união que duraria 15 anos e renderia 3 filhos: Vivien, Thomaz e Vanessa. Fez outros três filmes. Seu maior sucesso foi “Sinhá Moça”, que ganhou onze prêmios internacionais, inclusive o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Abandonou o cinema em 1956, indo morar em Guarujá, onde trabalhou como antiquário e construtor. (Fonte: Wikipedia - A Enciclopédia livre)
A seguir, algumas das fotos que o nosso saudoso amigo e grande fotógrafo Orestes Mário Donato, tirou no ano de 1958, durante as filmagens do Filme “RAVINA”, nas belas paisagens próximas ao Pico do Itapeva, em Campos do Jordão.
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