Fotos do aniversário de D. Leonor no ano de 1954 e fotos de 1949 e década 1960
Dona Leonor Mendes de Barros, filha de Otávio Mendes e D. Elisa de Moraes Mendes, nasceu em São Paulo no dia 21 de julho de 1905.
Foi uma mulher especial e dinâmica, até hoje muito respeitada e admirada por todos que, de alguma forma, tenham tomado conhecimento de todo seu trabalho e empenho, sempre, voltados à sua participação atuante em muitas atividades filantrópicas neste Estado de São Paulo, promovendo inúmeras campanhas para construção de hospitais e maternidades e, também, como ativista, participante de movimentos conservadores contra o feminismo exaltado.
Dona Leonor foi casada com o Dr. Adhemar Pereira de Barros, influente político brasileiro, nas décadas de trinta até sessenta (deputado estadual em São Paulo – 1935-1937; interventor federal em São Paulo – 1938-1941; governador do Estado – 1947-1951 e 1963-1966, e prefeito de São Paulo – 1957-1961); concorreu à Presidência da República do Brasil em 1955 e 1960, tendo conquistado, nestas duas eleições, o terceiro lugar. Nascido em Piracicaba, pertencente a uma família tradicional de cafeicultores de São Manoel – SP, médico formado em 1923 pela Escola Nacional de Medicina, hoje pertencente à UFRJ, onde foi graduado com distinção. Fez especialização no Instituto Oswaldo Cruz. Estudou nos Estados Unidos e fez residência médica em várias cidades europeias, tendo voltado ao Brasil no ano de 1926. Foi, também, empresário bem-sucedido.
Dona Leonor teve quatro filhos, dois homens e duas mulheres: Maria Helena, Adhemar de Barros Filho, Maria e Antonio e muitos netos.
Primeiramente, no primeiro mandato de seu marido como governador do Estado de São Paulo, mandato de 1947 a 1951, Dona Leonor fundou, em 10 de junho de 1947, no Palácio dos Campos Elíseos, a Bandeira Paulista contra a tuberculose. No mesmo ano, no dia 15 de novembro, inaugurou aqui em Campos do Jordão, com a presença de seu marido, o “Abrigo Leonor Mendes de Barros”, fruto de seu dinamismo, dedicado trabalho e benemerência.
O Abrigo Leonor Mendes de Barros, quase todo construído de tábuas, serradas das araucárias jordanenses que aqui eram abundantes naquela época, ficava a uns duzentos metros depois do atual Posto de Combustíveis “Ecológico”, situado próximo ao trevo que dá acesso à saída da Cidade, sentido Taubaté, antes do Portal da Cidade.
Especialmente aqui em Campos do Jordão, sua participação, envolvimento e trabalho foram coroados de êxito.
Depois da inauguração do “Abrigo Leonor Mendes de Barros” que, por mais de duas décadas, prestou relevantes serviços na ação e na luta contra a tuberculose, Dona Leonor, juntamente com pessoas magníficas e incansáveis que sempre ficaram a seu lado, sem dúvida, auxiliada por seu esposo, Dr. Adhemar de Barros, através de trabalho magnífico, dedicado e sem trégua, conseguiram construir aqui em Campos do Jordão, no local onde continua estabelecido o Hospital “Leonor Mendes de Barros” da Bandeira Paulista Contra a Tuberculose – que merecidamente leva o seu nome –, inaugurado no dia 28 de maio de 1975.
Pessoas ligadas à Dona Leonor diziam que ela gostava muito de bichos, porém tinha uma certa aversão por gatos, pois, segundo ela, “pareciam certos políticos, infiéis, falsos e aduladores só quando lhes convém”.
É muito extensa a lista das suas participações em trabalhos de benemerência e filantropia no Estado de São Paulo e também aqui, em Campos do Jordão.
Como nosso objetivo deste trabalho é falar dos aniversários de Dona Leonor e sobre o que ocorria aqui em Campos do Jordão nessas datas, para encurtar essas enumerações, vamos apenas deixar registrado que, também, foi grande responsável, juntamente com seu marido, o Dr. Adhemar de Barros, pela criação da nossa Santa Casa de Misericórdia de Campos do Jordão; participou do lançamento da sua pedra fundamental em 29 de julho de 1939 e, depois, da sua reconstrução, em 24 de junho de 1948, já que um incêndio havia destruído parcialmente o prédio. Posteriormente a Santa Casa passou a se chamar, merecidamente, “Hospital Dr. Adhemar de Barros”. Infelizmente, o referido hospital foi fechado em 2005, por diversos problemas, porém sem o apoio necessário das autoridades governamentais.
Por algumas décadas, sempre em 21 de julho, dia em que comemorava o seu aniversário natalício, D. Leonor promoveu, em Campos do Jordão, grande distribuição de gêneros alimentícios, roupas, cobertores e brinquedos, durante a comemoração,
Com o apoio do PSP (Partido Social Progressista) local, cujo patrono era o Dr. Adhemar de Barros, eram feitas, após necessária triagem, procurando evitar abusos e distribuição de presentes a quem não merecesse, as distribuições das senhas que davam direito para a retirada dos presentes, diretamente na própria residência de Dona Leonor, situada em Vila Capivari, ao lado da linha férrea da Estrada de Ferro Campos do Jordão, local situado praticamente em frente ao atual “Hotel JB”.
Nessas datas, logo de madrugada, já podíamos ver enorme fila de pessoas – homens, mulheres, jovens, idosos e crianças – em grande falatório demonstrando muita alegria, enfileiradas na passarela natural que existia ao lado da grande cerca viva de cedrinho, tipo de cipreste, que servia de muro entre a propriedade do Dr. Adhemar de Barros e Dona Leonor e a linha férrea, esperando o início da distribuição dos presentes, de acordo com a ordem de chegada dos agraciados.
No dia de seu aniversário, Dona Leonor, em vez de receber, distribuía presentes aos menos favorecidos pela sorte. Acredito que essa sua satisfação e alegria ao ver a felicidade das pessoas no momento do recebimento dos presentes tenha sido, sempre, a sua maior e verdadeira recompensa.
No momento do recebimento dos presentes distribuídos, cada agraciado recebia ao menos um sanduíche e um refrigerante.
Acredito que, se a memória não estiver me traindo, essas comemorações dos aniversários de Dona Leonor Mendes de Barros tenham sido realizadas até início da década de 1960, pois, posteriormente, o Dr. Adhemar de Barros foi prefeito da Cidade de São Paulo e governador do Estado. Assim, acredito que, como Primeira Dama do Município e do Estado, tenha assumido várias e necessárias atribuições e funções na área de Assistência Social, em que, com certeza, pôde realizar muito mais trabalho, dedicado ao amparo e à valorização dos menos favorecidos pela sorte. Trabalho muito mais gratificante que simplesmente a distribuição de presentes nas datas de seus aniversários natalícios.
Dona Leonor, infelizmente, nos deixou para sempre no dia 09 de maio de 1992, na Cidade de São Paulo. Com toda certeza, chamada pelo Criador, para assumir importantes e insubstituíveis atividades em prol dos necessitados, em nosso imenso espaço celestial, onde, certamente, continua prestando relevantes serviços de benemerência e filantropia.
Campos do Jordão, assim como muitas cidades deste vasto Estado de São Paulo, sentem grandemente a falta de Dona Leonor Mendes de Barros, especialmente para o necessário auxílio e apoio às Entidades de Benemerência e Filantropia que lutam, sempre, com muita dificuldade, procurando amparar e socorrer a grande gama de necessitados, desfavorecidos pela sorte. Nos dias atuais, pessoas benevolentes do quilate de Dona Leonor são muito raras e difíceis de ser encontradas.
À Dona Leonor Mendes de Barros a nossa eterna, verdadeira e sincera gratidão por tudo que fez de bom enquanto esteve aqui nestas paragens terrenas.
Também a nossa eterna saudade e o nosso DEUS LHE PAGUE!
Edmundo Ferreira da Rocha
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