Amadeu Carletti Junior - ano de 1973
Amadeu Carletti, a INCOS, a vida pública e a história da Kombi e o macaquinho.
Amadeu Carletti Junior, figura exponencial, cidadão jordanense exemplar, admirado e respeitado pela sua seriedade e honestidade; exerceu inúmeras atividades vinculadas ao bem comum de nossa população; grande incentivador do progresso de Campos do Jordão, altamente ligado ao esporte, especialmente através do futebol, junto à Associação Atlética Jaguaribe, onde foi um de seus mais importantes dirigentes; grande colaborador e incentivador, garantindo-lhe, com muito mérito, a perpetuação de seu nome no seu Estádio de Futebol.
Foi atuante, brilhante e eficiente vereador na Câmara Municipal de Campos do Jordão, na sexta legislatura, de 01.01.1969 a 31.01.1973, exercendo a Presidência no período de 01.02.1972 a 31.01.1973. Prestou relevantes serviços ao município e à população jordanense, durante todo o tempo em que desempenhou suas funções de vereador, sempre com a máxima correção, seriedade, responsabilidade e honestidade, sendo admirado e respeitado por todos, especialmente por seus pares.
Exerceu atividades importantes, sempre muito bem-sucedidas, em diversas entidades assistenciais de Campos do Jordão, entre elas, a Sociedade de Educação e Assistência – SEA, trabalhando com dedicação para o sucesso da obra do nosso saudoso frei Orestes Girardi; também na Sociedade de Educação de Jaguaribe – SEJA, na Santa Casa de Campos do Jordão “Dr. Adhemar de Barros” e no Rotary Club de Campos do Jordão.
Sempre se dedicou, com muita seriedade e afinco, a todas as atividades que visavam ao aprimoramento do ensino, da cultura, das artes, procurando a valorização e o engrandecimento do ser humano de todas as camadas sociais.
Durante muitos anos, aproximadamente de 1954 a 1977, foi o exemplar e bem-sucedido diretor-gerente da pioneira, famosa e saudosa casa de materiais de construção de Campos do Jordão, INCOS – Companhia Industrial e Comercial, responsável pela distribuição e abastecimento da construção civil local, durante muitas décadas. Grande maioria das casas, prédios, sanatórios e hotéis de Campos do Jordão foram construídos por engenheiros e empreiteiros diversos, que utilizaram em suas construções os materiais fornecidos pela conhecida INCOS, de Vila Jaguaribe.
Amadeu, chefe de família bem-sucedida e exemplar, casado com a Sra. Esmeralda, com quem teve um casal de filhos, nossos amigos Márcio e Márcia. Dona Esmeralda é filha do saudoso Evaristo José Pereira, antigo e pioneiro morador da nossa querida Vila Jaguaribe, e irmã dos conhecidos e saudosos Afonso José Pereira, Benedito Evaristo Pereira e Vicentina Pereira, que, com seus relevantes trabalhos, desempenhados em diversas áreas, engrandeceram nosso progresso e nossa história.
Amadeu Carletti Junior também recebeu outra importante e merecida homenagem. A escola estadual de primeiro grau de Vila Britânia, nas proximidades da conhecida Vila Abernéssia, como homenagem a esse notável cidadão, homem público exemplar, de acordo com o projeto de lei nº 415/79, da autoria do deputado Armando Pinheiro, apresentado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, transformado na Lei Estadual nº. 2.172 de 14 de novembro de 1979, sancionada pelo governador Paulo Salim Maluf, recebeu a denominação de “Amadeu Carletti Junior”. Atualmente, mantendo o nome de “Amadeu Carletti Junior”, é uma escola municipal de ensino fundamental.
Devidamente identificado nosso querido Amadeu Carletti Junior, vamos à história que motivou esta nossa homenagem.
Na década de 1960, Amadeu Carletti Junior viajava, com muita frequência, a São Paulo, com o objetivo de comprar materiais de construção para abastecer a INCOS. Nessas viagens, geralmente ia com sua KOMBI – Volkswagen, de duas cores, tendo a parte superior na cor aproximada ao atual e conhecido branco “gelo”, e a parte de baixo, na cor cinza chumbo. Em todas essas viagens aproveitava o veículo para trazer pequenos materiais e encomendas solicitadas para atender a pedidos urgentes.
Numa dessas viagens, como era de costume, foi a um grande depósito distribuidor de materiais de construção localizado no bairro do Ipiranga. Lá chegando, colocou sua Kombi no estacionamento do depósito e foi fazer suas compras. Depois de algum tempo, tendo providenciado a encomenda dos materiais necessários junto àquele depósito, saiu com destino ao estacionamento, em busca de sua Kombi, pretendendo ir a outro depósito, onde iria aproveitar para encomendar materiais não encontrados, e também para carregar algumas encomendas de materiais miúdos.
Chegando ao estacionamento, junto à Kombi cinza e gelo, tirou do bolso as chaves do veículo, abriu a porta, colocou a chave na ignição, deu partida, saiu do estacionamento e pegou uma avenida próxima ao local. Tendo rodado uns dez minutos, percorrido vários quilômetros, quando foi parar em um semáforo existente em determinado local da avenida, olhou pelo espelho retrovisor e viu junto ao vidro traseiro da Kombi um daqueles macaquinhos que são presos aos vidros com dispositivo de sucção que, com o movimento do veículo, ficavam acenando com uma das mãos. De imediato estranhou aquele macaquinho dando-lhe “tchau”, pois em sua Kombi nunca havia colocado um deles. Olhou melhor todo o interior do veículo e, para sua grande surpresa, constatou que o veículo não era a sua Kombi.
Imediatamente, assim que o semáforo abriu o sinal verde, pegou o primeiro retorno e voltou ao estacionamento do depósito onde havia estado. Lá chegando, encontrou grande alvoroço, muitas pessoas conversando e gesticulando, inclusive o dono do depósito. Estacionou a Kombi, desceu e percebeu que todos vieram ao seu encontro. Sem que tivessem a oportunidade de perguntar alguma coisa foi logo dizendo: “Peguei o veículo errado”. “Parece quase impossível, mas é a pura verdade. Minha Kombi, que está estacionada ali adiante, é idêntica a esta. Quando saí do depósito, vendo a Kombi ali na minha frente, tirei as chaves do bolso, abri a porta, entrei, coloquei a chave na ignição, dei a partida e saí. Somente quando já estava longe, olhando pelo espelho retrovisor, percebi que junto ao vidro traseiro da Kombi havia um macaquinho acenando para mim. Foi aí que percebi que havia entrado no veículo errado. Peço humildemente desculpas pelo ocorrido, totalmente imprevisto e alheio à minha vontade. Nunca pensei que dois veículos pudessem ser utilizados com um mesmo tipo de chave, principalmente dois veículos praticamente idênticos.”
As pessoas que estavam ali no estacionamento, especialmente o dono da Kombi desaparecida, já estava se preparando para ligar para a polícia para solicitar presença ao local, com a finalidade de registrar ocorrência de furto do veículo.
Ao final, desculpas aceitas, por todos que ali estavam, inclusive pelo dono da Kombi desaparecida, constatando a honestidade e veracidade da história contada pelo seu Amadeu Carletti, fortemente corroborada pelo aval de boas referências do dono do estacionamento que já o conhecia de longa data e tinha provas mais que suficientes de sua idoneidade.
Finalmente todos se cumprimentaram amigavelmente e deram muita risada do “mico” que o seu Amadeu passou.
Esta história foi contada a mim e ao amigo Armênio Soares Pereira quando trabalhávamos no Posto Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, pelo próprio seu Amadeu Carletti Junior, em oportunidade que nos fez uma de suas gentis e costumeiras visitas de conversa informal, algum tempo depois do acontecido. Claro, depois da história, o riso novamente foi geral.
Saudades do amigo seu Amadeu que, com certeza, em nosso imenso e desconhecido Universo, a partir de 11 de fevereiro de 1977 assumiu a direção de alguma casa de materiais especiais para a construção de abrigos celestiais para anjos, arcanjos e querubins, sem preocupação de, novamente, pegar o veículo errado.
Edmundo Ferreira da Rocha - 04/janeiro/2010
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