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Fotografias que contam a história de Campos do Jordão.

 

 Farmácia faz história em Campos do Jordão


Castorino, Frei Orestes, José João e Joaquim.

Castorino, Frei Orestes, José João e Joaquim.

 

Há mais de sessenta anos surgia em Campos do Jordão uma farmácia que iria participar, efetivamente, da história da cidade.

Essa Farmácia, de início, montada na década de 1940, na Av. Dr. Januário Miráglia, 998, em Vila Abernéssia, por um senhor de nacionalidade alemã, chamado RUDOLF SELMANN, tinha o nome de “Farmácia Humanitária”, já revelando, a princípio, a preocupação em atender seus fregueses e clientes sempre de forma humanitária.

Segundo pessoa que conheceu essa farmácia, desde seu início, esse alemão era bastante experiente – talvez um farmacêutico formado – entendia muito de medicamentos e doenças, tinha grande habilidade em atender, principalmente, as pessoas carentes, sem condições de consultar com um médico, para ministrar os medicamentos corretos e ideais para a cura de seus diversos males, com muito sucesso. Era comum a formação de filas de pessoas na porta dessa farmácia, para “consultar” com o experiente “farmacêutico”.

Posteriormente, no mês de maio de 1954, a Farmácia Humanitária foi vendida para o Sr. Severino Mortari que, sabiamente, foi buscar uma pessoa com grande conhecimento do ramo e que também se tornou muito importante para Campos do Jordão como farmacêutico, fazendo história nessa atividade. Essa pessoa, o Sr. Castorino Ribeiro de Almeida, natural de Ouro Fino, Sul de Minas Gerais (18/10/1917 – 13/08/1996), filho de Orlando de Faria Rezende e de Perpétua de Faria Rezende. Castorino foi casado com a Sra. Gracia Lacouto Ribeiro, com quem teve três filhas – Ana Maria, Neuza Maria e Sandra Maria. Castorino chegou a Campos do Jordão em 1943, em busca, como muitos nessa época, do seu clima privilegiado, para tratamento da saúde, buscando a cura para a tuberculose.

Devidamente curado, prestou concurso público para ingressar no quadro de funcionários públicos de nossa Prefeitura Municipal, e embora tenha sido aprovado, jamais ingressou em seu quadro de pessoal. Antes disso, foi chamado pelo saudoso Sr. Américo Richieri, proprietário da famosa e saudosa “Farmácia Santa Izabel”, situada em frente à estação ferroviária da Estrada de Ferro Campos do Jordão, em Vila Abernéssia, para trabalhar a seu lado nesse estabelecimento. Nessa farmácia permaneceu por quase dez anos, até que foi chamado pelo Sr. Severino Mortari para ingressar na Farmácia Humanitária.

Portanto, a partir de maio de 1954, Castorino e Severino Mortari ingressaram como proprietários e assumiram os destinos da já tradicional Farmácia Humanitária. Poucos anos mais tarde, seu Castorino adquiriu a parte do Sr. Severino Mortari e passou a ser o único proprietário da farmácia.

Acredito que, a partir do momento em que Seu Castorino ficou como único proprietário da farmácia, mudou seu nome para “Farmácia Santo Antonio”, nome que permanece por mais de cinquenta anos, prestando relevantes serviços para a comunidade jordanense, inclusive para muitos turistas, proprietários de residências de férias que, frequentemente visitam Campos do Jordão.

Enquanto isso, em 1957, o garoto José João de Andrade (Silva), nascido na cidade de Estiva, Sul de Minas Gerais, em 12 de abril de 1946, pequenino de tamanho, grande no ideal, a pedido de seu saudoso pai, João Honório, ao seu Castorino, começou trabalhar na Farmácia Santo Antonio. E como aconteceu com o Zé João, logo em seguida, o irmão Joaquim João, nascido em 16 de janeiro de 1948, também começou a trabalhar no mesmo estabelecimento.

José João, o nosso conhecido Zé João, tão pequenino, mal conseguia alcançar a pia da farmácia e manipular medicamentos em suas prateleiras. Seu Castornio foi obrigado a colocar um caixote para auxiliar o garoto em seus serviços.

Em 1963, o Zé João foi convidado por Hideo Yamaguchi para trabalhar em outra farmácia, a “Farmácia Central”, localizada em frente à estação ferroviária da Estrada de Ferro Campos do Jordão, de Vila Abernéssia, ao lado da famosa e tradicional Livraria e Papelaria Pinheiro, propriedade do saudoso Sr. Romeu Rodrigues Pinheiro, o conhecido seu Zito, atualmente Papelaria Oya, do Sr. Carlos Oya. Essa Farmácia, anteriormente, era de propriedade dos Srs. Waldyr Bitetti e Pedro Advíncula Ribeiro Lopes. Paralelamente, o irmão Joaquim João da Silva foi obrigado a deixar de trabalhar na Farmácia Santo Antonio para cumprimento de sua obrigação junto ao Serviço Militar. Após a respectiva baixa, retornando para Campos do Jordão em 1965, o Sr. Nestor de Oliveira Pinto da Silva convidou-o para trabalhar na Farmácia São Paulo, de sua propriedade, situada pouco adiante, na mesma Av. Dr. Januário Miráglia.

Em 1968, Zé João foi convidado para trabalhar na Farmácia Santa Izabel, anteriormente de propriedade do saudoso Sr. Américo Richieri, adquirida pelo Sr. Yoshivo Kaku, onde permaneceu até 1978. Essa farmácia, embora já tenha sido vendida a outro proprietário, mantém o nome inicial.

Zé João e Joaquim nunca deixaram de ser observados e acompanhados pelo seu Castorino, que sempre nutriu pelos dois grande admiração e amizade.

Em 1979, depois de quase quarenta anos de trabalho em serviços farmacêuticos, seu Castorino, resolvendo aposentar-se, decidiu vender a sua preciosa e adorada “Farmácia Santo Antonio”. Mesmo recebendo propostas tentadoras de alguns interessados, resolveu vender a farmácia por valor inferior, dando preferência aos irmãos José João e Joaquim João, considerando a conhecida e respeitada seriedade, honestidade e idoneidade de ambos, especialmente no ramo farmacêutico, onde começaram a trabalhar desde muito jovens. Assim, estaria resguardada e assegurada a continuidade do trabalho desenvolvido, com muito carinho, durante toda sua vida no ramo. Nesse trabalho, sempre exigiu atendimento diferençado, razão pela qual a grande totalidade de clientes, pertencentes às diversas camadas sociais, e tanto moradores da cidade como turistas, proprietários de residências de férias, acabaram se tornando perenes amigos. Também sempre procurou dar um atendimento humano e especial a todos aqueles menos favorecidos pela sorte, nunca negando, sempre favorecendo e facilitando a aquisição do medicamento necessário.

Assim, a partir de 01 de janeiro de 1979, José João e Joaquim João assumiram os destinos da Farmácia Santo Antonio. Pertencentes à família numerosa composta de quinze irmãos, de imediato, levaram para auxiliá-los, na nova empreitada, boa parte de seus irmãos, dentre os quais: Adão Honório da Silva, que já havia trabalhado na mesma farmácia anteriormente, Benedito Pedro Honório da Silva, Francisco Honório da Silva e Sérgio Honório da Silva. Assim, estava formada uma equipe unida e competente, para dar continuidade ao trabalho sério, anteriormente desenvolvido durante muitos anos.

Inicialmente, com seis irmãos imbuídos do mesmo propósito, não se poderia esperar outra coisa senão o sucesso absoluto e merecido.

É importante deixar claro e registrado, para que fique gravado na história de Campos do Jordão, que esses irmãos, realmente, são dignos do nosso mais profundo reconhecimento e agradecimento. Todos, pessoas gentis, amáveis, competentes, sempre dispostos a atender sua enorme clientela, com o mais profundo carinho, cortesia, dedicação e responsabilidade, além de impecável profissionalismo e esmerado conhecimento do ramo.

Zé João e Joaquim, com todo conhecimento do ramo farmacêutico e enorme prática nas mais diversas atividades envolvidas numa farmácia, acabaram se tornando os médicos do povo em geral, jordanenses e turistas que frequentam Campos do Jordão. Mesmo aqueles mais abastados, que têm condições de procurar e pagar um médico para acompanhamento de sua saúde e dos males que os comprometem, acabam por procurá-los para tirar suas dúvidas e pedir alguma sugestão para um tratamento rápido e eficiente. Com relação àqueles menos abastados financeiramente, nem é preciso comentar.

A grande prática e conhecimento dos remédios em geral, a maneira acertada para sua administração e finalidade a que se propõem, permitem aos dois assegurarem, com muita propriedade, qual o melhor remédio e tratamento.

Muitos médicos já recorreram aos dois para tirarem dúvidas, inclusive para a procura de algum medicamento mais bem indicado para a solução de seus problemas pessoais.

Sou testemunha viva de que muitos dos males a que estive sujeito sempre foram sanados com as indicações precisas e acertadas de um dos dois maravilhosos irmãos, meus amigos de longa data. Durante toda a minha vida, quando necessária a aplicação de injeções diversas, no músculo ou nas veias, já passei por inúmeros aplicadores: uns excelentes, outros bons e ruins, alguns, péssimos aplicadores. Posso afiançar, com toda honestidade e segurança, os dois irmãos, Zé João e Joaquim, sempre estiveram entre aqueles classificados como excelentes aplicadores de injeções. Muitas das aplicações feitas por algum deles nem cheguei a sentir a picada da agulha.

Tanto Zé João com Joaquim já trabalham no ramo de farmácia por período de meio século. Poucos profissionais, durante suas vidas, nessa área, já aplicaram quantidade de injeções capazes de ser comparadas com as aplicadas por esses excelentes, competentes e dedicados profissionais. Há quem diga que somente o Zé João, durante esse período, já aplicou mais de um milhão e meio de injeções. Joaquim, também, não fica muito longe desse número extraordinário. É importante ressaltar que nunca causaram complicações com as injeções aplicadas.

Em 1996, a família, sempre com o objetivo de prestar um atendimento especial aos seus inúmeros clientes, que também se tornaram seus grandes amigos, fundou a “Drogaria Central”, instalada nas proximidades, de acordo com os requisitos exigidos pela Vigilância Sanitária e leis que regem esse ramo de atividade.

Tanto na Farmácia Santo Antonio, que também passou a drogaria, de acordo com as exigências legais, como na Drogaria Central, os clientes continuam sendo atendidos com o máximo carinho e atenção de sempre. Nas duas drogarias, a equipe de profissionais contratados para dar conta da grande demanda de clientes que as procuram tem grande experiência no ramo e já adquiriu grande prática e as mesmas preocupações de seus proprietários, com relação ao bom e esmerado atendimento a toda sua clientela, marca que os consagrou durante todo o longo tempo em que estão no ramo.

Também é de se registrar que, principalmente o Zé João, durante toda sua trajetória farmacêutica, que já passa dos cinquenta anos, nunca se deu o prazer do descanso. Sempre foi um abnegado servidor e dedicado profissional que nunca deixou seu posto nas farmácias onde trabalhou e trabalha. Praticamente, trabalha de cedo à noite, somente se ausentando para as necessárias refeições diárias que, diga-se de passagem, são feitas muito rapidamente. Somente consegue alguns momentos de descanso quando, por força de algum feriado ou escala de plantão de final de semana, a farmácia onde atende é obrigada a cerrar suas portas.

Merecidamente, em 1987, o José João da Silva, o nosso Zé João, para orgulho de todos nós, jordanenses, recebeu de nossa Câmara Municipal, o título de “Cidadão Jordanense”, pelos relevantes serviços prestados à nossa cidade e a toda população, nela incluindo os turistas que nos visitam com maior assiduidade.

Assim, a Farmácia Santo Antonio – agora Drogaria Santo Antonio – e a Drogaria Central fazem parte da história de Campos do Jordão e, por que não dizer, também da cultura jordanense.

Desejo muita saúde e vida longa a todos os integrantes dessa família maravilhosa e abnegada, que dedica todo seu trabalho em prol de nossa cidade, com muito carinho, esmero e dedicação, até em detrimento de suas liberdades pessoais.

Temos certeza absoluta de que essas drogarias continuarão valorizando toda sua extensa e fiel clientela de amigos, por muitos e muitos anos. Com certeza, minha neta e, possivelmente, até meus bisnetos, no futuro, continuarão sendo atendidos nessas drogarias com a mesma cortesia, atenção, dedicação, conhecimento e profissionalismo que sempre marcaram a existência desses estabelecimentos farmacêuticos, pois os sucessores imediatos e legais, tanto do Zé João quanto do Joaquim e de seus maravilhosos irmãos, já estão sendo formados e iniciados no ramo, para a mais perfeita e duradoura e esperada continuidade.

Campos do Jordão, 01 de março de 2010
Edmundo Ferreira da Rocha

 

 

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ATENÇÃO – AVISO

 

- As fotografias exibidas neste site, com exceção daquelas de minha própria autoria, especialmente as fotos em cores, são de fotógrafos desconhecidos e não identificados.

 

- Esforços despendidos e diversas pesquisas realizadas, com pessoas antigas da cidade, especialmente com as possuidoras das fotos, não foram suficientes para identificar os autores dessas fotos antigas, considerando que  a maioria delas, data de mais de setenta anos.

 

- Se alguém tiver alguma informação segura sobre os nomes dos fotógrafos autores dessas imagens, por favor, entrem em contato conosco clicando aqui, para que possamos estar divulgando os créditos das autorias.

 

Obrigado,

 

Edmundo Ferreira da Rocha

 

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