O inesquecível Papai Noel de Campos do Jordão
Muitas coisas e momentos, acontecidos em nossas vidas, podem ser considerados inesquecíveis, eternizando-se ao longo de nossos dias.
Tornam-se inesquecíveis porque, em determinada oportunidade ou determinado momento, marcaram sensível e profundamente nossas vidas, deixando saudade, fazendo nossa memória relembrar, em certas ocasiões, com muito carinho e ternura, a alegria, a felicidade que pudemos presenciar ou até sentir, juntamente com muitos que conosco deles participaram.
Jamais poderemos nos esquecer das festividades natalinas em que pudemos contar com a graça, a simpatia, a generosidade, a arte, a especial caracterização e a convivência com nosso querido e saudoso Papai Noel de Campos do Jordão, Aristides Corrêa Cintra.
Durante muitos anos Aristides foi o Papai Noel oficial de Campos do Jordão. Pertencente à numerosa, laboriosa, tradicional e operante família Cintra, o sexto dos irmãos, veio para Campos do Jordão na década de 1940, seguindo o irmão Joaquim Corrêa Cintra, que aqui veio buscar, no clima especial da cidade, guarida para a cura da tuberculose. Aqui acabaram se radicando todos eles, dez irmãos e a mãe, dona Julia Teodorica Cintra, vindos da cidade mineira Passos de Minas. Cada um deles, individualmente, dentro de suas especialidades, habilidades, profissões ou características pessoais, deixou seu nome forte e merecidamente gravado na história e na cultura de nossa terra.
Aristides, o conhecido e respeitado Tidão Cintra, teve suas principais atividades ligadas, desde o ano de 1945, ao tradicional Bar, Café e Restaurante, no início denominado L´IT (o “it”, atração, charme), depois popularizado como ELITE, de propriedade dos irmãos Cintra – Joaquim, Aristides e Daniel –, grande ponto de atração e encontros de boa parte da sociedade de Campos do Jordão.
O popular e prestigiado Elite, localizado ali junto à pista da anteriormente Av. Dr. Januário Miráglia, hoje Frei Orestes Girardi, quase em frente à Estação de Vila Abernéssia, da Estada de Ferro Campos do Jordão, foi palco de inúmeras, inesquecíveis e engraçadas histórias protagonizadas pelos seus assíduos frequentadores, que o elegeram como ponto de encontro diário para tomarem um café, uma cerveja, um aperitivo, um bom vinho ou comerem alguma das iguarias ou pratos especiais lá preparados com muito carinho e criatividade, sob o comando dos irmãos Aristides, Daniel e Lourdes Cintra. Lá, nesses momentos especiais de descontração e felicidade, aproveitavam para trocar ideias, tomar algumas decisões, contar algumas piadas, casos, histórias diversas ou bater um longo e despretensioso papo sobre muitos assuntos de interesse, claro, incluindo a grande paixão de muitos, a política.
Muitos casos e acontecimentos ocorridos naqueles bons tempos ficaram gravados na memória de muitos daqueles frequentadores que, dependendo da oportunidade, relembram, revivem e se divertem com momentos engraçados acontecidos, contando para pessoas amigas casos registrados em nossa história.
A partir da década de 1980, esse tradicional Bar, Café e Restaurante mudou de local e de nome. Mudou-se para perto do local de início e anterior, quase na esquina entre a atual Avenida Frei Orestes Girardi e Rua Maurílio Comóglio. O nome passou de Elite para Senadinho, nome jocoso e oportuno considerando que, no local, sempre, desde o início de 1947, durante os encontros dos frequentadores, a política estava sempre na pauta principal, jamais sendo esquecida.
Aristides Cintra, o nosso Tidão, homem bom, atencioso, gentil, simpático, de sorriso farto e largo quase constante, sempre muito religioso, devoto a Deus, entre as suas várias atividades em prol dos menos desfavorecidos pela sorte, participou de diversas entidades locais. Um de seus grandes propósitos, aliás, acredito, uma das grandes paixões de sua vida era colocada à prova, anualmente, na época do Natal, em que encarnava com muita naturalidade, maestria, alegria, generosidade e simpatia a figura tradicional e única do Papai Noel. Poucos que se dedicaram ou se dedicam a essa magistral e digna atividade puderam ou podem ser comparados ao querido e saudoso Papai Noel jordanense, Aristides Corrêa Cintra.
Tenho certeza absoluta, em todas as inúmeras vezes que encarnou Papai Noel, Aristides se sentia como o próprio bom Velhinho, cuja figura “fictícia” tem como ideal precípuo, alegrar e trazer felicidade ao coração das criancinhas que, durante um ano inteiro, esperam por sua preciosa visita, tanto nos lares mais simples como nos mais suntuosos, para receberem um simples presentinho ou um magnífico presente. É até muito questionável: será que somente as criancinhas ficam esperando o Papai Noel e o presente, seja qual for a sua magnitude? Também tenho certeza de que não. Todos ficam aguardando a visita do bom Velhinho que, infelizmente, algumas vezes não chega.
Aristides fazia anualmente todo esse trabalho, sempre graciosamente. Atendia primeiramente a seu principal propósito e finalidade, já programado com muita antecedência. Dentro das suas reais possibilidades e disponibilidades, atendia a diversos pedidos de amigos e parentes, colocando em sua programação da noite da véspera de Natal a magistral visita aos diversos lares, onde era aguardado com muito carinho e ansiedade por pais, tios, avós e amigos das criancinhas que aguardavam seus presentes especiais, previamente pedidos por meio de suas cartinhas endereçadas ao querido Papai Noel.
Sempre muito bem caracterizado, com sua linda e tradicional roupa vermelha, confeccionada com muito carinho e esmero, botas pretas, barba branca, óculos, luvas brancas, cetro especial, inigualável e inconfundível, e o tradicional sino com o qual chamava atenção, anunciando sua chegada, fazendo bater rápido e ansiosamente o coração de todos que podiam presenciar esse momento especial e esperado, principalmente o das criancinhas que ficavam de olhos arregalados, até perdendo momentaneamente a fala, tanta era a alegria que tomava conta de cada uma.
Dentre suas diversas preocupações nessas épocas de Natal, Aristides tinha um propósito especial. No dia de Natal, procurava reunir em seu Restaurante Elite, depois no Senadinho, grande grupo de velhinhos pobres, para os quais servia lauto e delicioso almoço, em homenagem e comemoração a essa data importante. Para auxiliá-lo nesse mister, contava com a merecida e necessária colaboração de muitos que se dispunham previamente, quando pediam a Aristides para incluir em sua programação da véspera do Natal a visita a suas residências para entrega dos presentes.
Durante a semana do Natal, especialmente na véspera, Aristides, completamente caracterizado, desfilava em carro especial, por toda a cidade e, anunciando sua presença, tocando o sino tradicional, acenava alegre e fartamente para todos que encontrava, distribuindo balas para as crianças.
Graças a Deus, tive raras oportunidades de presenciar esses saudosos, inesquecíveis e maravilhosos momentos. Pude, também, contar com sua importante e maravilhosa presença no recôndito do meu lar, quando nas noites de véspera de Natal, era aguardado ansiosamente por todos da casa, por mim, Anna Maria, meus pais, Waldemar e Odete, meus irmãos, André Luiz e Maria Cristina, a cunhada Elisa e, muitas vezes, por minha sogra, D. Maria Elisa e, especialmente, por minha filha Ana Lucia e meu sobrinho Daniel. Momentos gratificantes, de grande alegria, felicidade e contentamento. Pena que rapidamente, passageiros, somente permanecendo eternamente em nossa memória, relembrados com fortes emoções quando vislumbramos as fotografias desses momentos.
Também tive a felicidade de presenciar momentos gratificantes e inesquecíveis, contando com a presença do nosso querido e saudoso Papai Noel, Aristides Cintra, nas festividades comemorativas do Natal, especialmente realizadas durante a semana que antecedia a data máxima da Cristandade, na Grande Empresa onde tive a felicidade de trabalhar por quase vinte anos, aqui em Campos do Jordão, a saudosa e maravilhosa CESP – Companhia Energética de São Paulo. Nessas oportunidades, Aristides, com todo o seu aparato pessoal já mencionado, lá comparecia no auge das festividades, sempre chegando em veículo oficial da CESP, ora conduzido por mim, ora por outro companheiro designado. Sentando-se em poltrona previamente preparada, inimitável, paciente e alegremente, fazia entrega dos presentes patrocinados pela CESP e pela Fundação CESP, enviados anualmente para as crianças, filhos dos funcionários. Também momentos de rara felicidade e alegria, eternamente lembrados com muita saudade e emoção, especialmente pelas fotografias e por alguns filmes que testemunham essas ocasiões.
Com certeza, outras empresas, pessoas e familiares do amigo Aristides, felizmente, também tiveram esse mesmo privilégio que tive, relembrando, como eu, com muita emoção, saudade e gratidão, os momentos eternos, altamente gratificantes que ele, sábia e carinhosamente nos proporcionou a todos.
Nessas fotografias e nos filmes, com muita saudade e emoção, podemos ver, também, alguns de nossos maravilhosos companheiros da CESP, com os quais labutamos e compartilhamos nosso dia a dia, durante bons anos de nossa vida profissional, em amizade saudável que se estendia além das fronteiras da Empresa. Infelizmente, alguns já não estão conosco, tendo partido para assumir novos compromissos em outras paragens desse imenso Universo.
Infelizmente, como na vida tudo é passageiro, esses raros e gratificantes momentos, hoje, fazem parte de nossas saudosas e gratificantes recordações.
Lamento que minhas queridas netinhas Yris e Ysis e muitas outras crianças, não terão a grande oportunidade de ter por perto a figura singular do nosso Papai Noel jordanense, Aristides Cintra, para alimentar de forma gratificante e magistral as suas inocentes e normais fantasias infantis, assim como teve a oportunidade a sua mãe, minha filha do coração. Oxalá consigamos alguém que minimamente consiga fazê-las felizes, proporcionando-lhes momentos gratificantes e inesquecíveis, para que, um dia, venham saudosamente lembrar como nós, agora.
Com quase certeza absoluta, Aristides Cintra, o nosso querido Tidão, magistral e inesquecível Papai Noel jordanense de todas as épocas, deve estar em outras paragens de nosso imenso, até muito desconhecido Universo, recrutado que foi pelo nosso Maior Arquiteto, executando atividades semelhantes, em continuidade ao seu grande e magnífico projeto, alegrando outros tantos corações, especialmente de criancinhas que já não pertencem à nossa dimensão, agora auxiliado por anjos, arcanjos e querubins.
Papai Noel Aristides, a nossa eterna gratidão e a nossa imorredoura saudade dos momentos felizes e inesquecíveis que nos proporcionou.
Edmundo Ferreira da Rocha - 07 de outubro de 2010
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