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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

“Está vendendo a namorada?” 


“Está vendendo a namorada?”

De acordo com a crônica, o namorado da esquerda estaria vendendo a namorada.

 

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Pergunta lamentável, desconcertante e inesquecível.

Determinada ocasião em minha vida, no final da década de 1950, estudante do nosso Colégio Estadual de Campos do Jordão, com idade aproximada de quinze anos, aconteceu um fato inesperado e surpreendente, que jamais pude esquecer, marcando profundamente.

Numa tarde, terminadas as aulas do Colégio, saí todo feliz e garboso acompanhado da namoradinha. Descemos as ladeiras e chegamos à Av. Dr. Januário Miráglia, próxima do centro da Vila Abernéssia. Continuamos andando de mãos dadas, vagarosa e enamoradamente pela calçada que dá acesso à Estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão.

Essas caminhadas eram feitas com a grande preocupação de não nos encontrarmos com nossos pais. Muito diferente do que acontece atualmente, naquela época, nossos pais não aprovavam nenhum namoro, por mais tranquilo, inocente e sério que fosse.

Em determinado momento, quando já estávamos quase em frente ao tradicional e famoso Bar, Restaurante, Sorveteria e Confeitaria Elite, dos Irmãos Cintra, porém, na calçada oposta, do outro lado das linhas da ferrovia, já na outra pista da avenida, passava um rapaz desconhecido e, olhando para nós, gritou: “Está vendendo a namorada?” E, sem esperar nenhuma resposta, seguiu em seu caminho e nem olhou para trás.

Fiquei indignado com a pergunta maldosa, inesperada e irritante. No momento, fiquei sem saber o motivo dessa maldita pergunta. Perguntei para a namorada se sabia a causa dessa pergunta. Ela, também, não soube me dar a resposta.

Logo atrás vinham outros colegas acompanhados de suas namoradas. Uma dessas colegas que vinham logo atrás, mais experiente e escolada, como costumávamos dizer, veio com a resposta necessária: “O rapaz fez essa pergunta porque, quando dois namorados estão numa calçada, o correto é a moça ficar do lado de dentro da calçada e o rapaz ficar do lado de fora, próximo da guia e da rua. Vocês estão em posições erradas. A namorada está do lado de fora, próxima à guia e o namorado do lado de dentro da calçada. Quando isso acontece, é comum que outras pessoas que estejam observando, mesmo que não façam como fez o rapaz – gritar e perguntar –, acabam se perguntando mentalmente: ‘Será que o rapaz está vendendo a namorada?’ Assim, muitos consideram que a namorada na posição errada está sendo exposta como mercadoria que está à venda.”

Hoje entendo que essas posições de namorados durante passeios pelas calçadas, nada têm a ver e nem podem caracterizar, em nenhum momento, exposição da namorada, tal qual mercadoria que esteja à venda.

Parece bem pacífico o meu atual entendimento que, também, naquela época, deveria assim ter sido adotado.

Infelizmente, aquele inusitado acontecimento ficou demasiadamente gravado em minha memória e jamais pode ser esquecido.

Por incrível que pareça, até hoje, quando vejo um casal de namorados passando pelas calçadas e vejo que a moça está do lado de fora, próxima à guia e o rapaz do lado de dentro, automaticamente me vem à memória aquele episódio da minha vida, forçando a mente a perguntar silenciosamente:

Alguns fatos como este, muitas vezes, de menor importância, ficam gravados em nossa mente e jamais conseguiremos nos desvencilhar e nos esquecer do quanto acabaram nos marcando.

Edmundo Ferreira da Rocha

20/11/2010

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=122

 

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