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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Boate Grande Hotel – Requinte e Fineza para os turistas e jordanenses 


Boate Grande Hotel – Requinte e Fineza para os turistas e jordanenses

A Grande pianista Guiomar Novaes toca piano na Boate Grande Hotel na década de 1950

 

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O famoso Três do Rio se apresenta na Boate Grande Hotel na década de 1960.

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Um famoso coral se apresent5a na Boate Grande Hotel na década de 1960

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Um grandioso baile na Boate Grande Hotel na década de 1960.

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Antes de contar um pouco da história da tradicional, famosa, importante e inesquecível “Boate Grande Hotel”, é preciso contar um pouco da história do saudoso e maravilhoso Grande Hotel de Campos do Jordão.

No início da década de 1940, o Hotel Toriba e o Grande Hotel de Campos do Jordão faziam parte de uma só empresa e pertenciam aos arrendatários: Henrique Hillebrecht (o velho), sua esposa Anna, seu irmão Frederico e o filho de Henrique, Hans Hillebrecht, proprietários e sócios majoritários da Companhia de Hotéis de Campos do Jordão.

O Hotel Toriba de Campos do Jordão, construído pela família Diederichsen, com serviços executados pela “Construtora Pinheiro”, sob a responsabilidade de Floriano Rodrigues Pinheiro, foi inaugurado no dia 22 de janeiro de 1943 e, felizmente, continua prestando relevantes serviços à classe hoteleira de Campos do Jordão e nacional. É um dos ícones da nossa hotelaria.

O Grande Hotel de Campos do Jordão foi idealizado, no início da década de 1940, para ser o marco inicial e histórico do turismo jordanense. O prefeito, Dr. José Arthur da Motta Bicudo, na época, foi autorizado a localizar a área para a construção do hotel e saiu a campo. Com grande êxito, escolheu diversas glebas que, paulatinamente, foram sendo adquiridas pelo Estado, por doação ou por aquisição. Recebeu, também, instruções para localizar algum capitalista que se dispusesse a construir o Grande Hotel, em troca do compromisso para exploração do jogo. Lamentavelmente, ninguém quis investir vultoso capital em estância em fase inicial de formação. Foi recebida uma proposta de empresa que pretendia explorar o jogo em Campos do Jordão e em outra famosa estação, o que foi rejeitado. A partir dessa dificuldade, que impedia a construção do Grande , o Interventor Federal Dr. Adhemar Pereira de Barros (27/abril/1938 a 04/junho/1941) resolveu, à conta do Estado, encampar a sua construção. Naqueles anos difíceis, o prefeito José Arthur da Motta Bicudo informava ao Interventor Dr. Adhemar Pereira de Barros que Campos do Jordão ia se transformando de estação de cura para estância mista. Infelizmente, com o advento da Segunda Guerra Mundial, as obras foram paralisadas, em decorrência das dificuldades de transporte e carência de gasolina.

Solucionado o problema da localização, o Interventor Dr. Adhemar de Barros contratou o projeto de construção do Grande Hotel com a firma Bratke e Botti, dos arquitetos Oswaldo Bratke e Carlos Botti, de São Paulo, sendo a pedra fundamental lançada em 25 de maio de 1940.

A construção do edifício foi feita por administração direta do Governo, através do Departamento de Obras Públicas do Estado, chefiado pelo engenheiro Luiz de Mello Mattos, com um custo orçado em 4 mil contos.

O Grande Hotel de Campos do Jordão, finalmente, foi inaugurado no dia 02 de setembro de 1944. O grande edifício, com 6.700 m2 de área construída, em 16 alqueires de terra, possuía 62 apartamentos, 12 suítes e 32 quartos.

A partir do mês de junho de 1945 passou a funcionar como Grande Hotel Cassino até o mês de maio de 1946, quando o presidente da República general Eurico Gaspar Dutra determinou o fechamento de todos os cassinos no País.

O Grande Hotel continuou com suas atividades hoteleiras, prestando relevantes serviços à classe, fazendo história em Campos do Jordão. Foi um dos nossos principais hotéis, frequentado por artistas nacionais e internacionais, políticos famosos e a nata da sociedade empresarial do país. Festas grandiosas e shows musicais inesquecíveis eram realizados em suas dependências. Durante inúmeras oportunidades foi noticiado nas colunas sociais das principais revistas e jornais do País.

O Grande Hotel foi um marco de pioneirismo no desenvolvimento do turismo, não somente em razão de suas imponentes e arejadas acomodações, como também pelo fato de permitir, pela vez primeira, o acesso a um hotel de categoria internacional, aos veranistas do País e do Exterior.

Os hotéis Toriba e Grande Hotel, sob a coordenação do sócio majoritário Henrique Hillebrecht, por volta de 1944, foram os grandes responsáveis pela grande assistência prestada a muitos tripulantes do famoso navio alemão Windhuk que, em plena guerra, fugindo das embarcações da marinha inglesa, ancorou no porto de Santos no dia 07 de dezembro de 1939. Esses hotéis canalizaram grande parte da mão de obra ociosa dos alemães do Windhuk. Nessa época, o Grande Hotel funcionava como cassino. Esses alemães do Windhuk se destacaram no ramo da hotelaria de Campos do Jordão como barmen, cozinheiros, garçons, maîtres d´hotel, gerentes de hotéis, cabeleireiros, confeiteiros; enfim, em atividades ligadas ao ramo da hotelaria e do bom atendimento ao turista.

A primeira arrendatária do Grande Hotel foi a Companhia de Hotéis de Campos do Jordão, de Henrique, Anna e Hans Hillebrecht. Essa companhia sofreu várias alterações de nome, através do tempo, porém explorou o hotel até início da década de 1980. Infelizmente, devido à má administração, a empresa requereu autofalência e, em 04 de agosto de 1980, encerrou suas atividades.

Bem, já falamos um pouco sobre a história do tradicional Grande Hotel de Campos do Jordão. Agora chegou o momento de falarmos um pouco sobre a história da tradicional, famosa, importante e inesquecível “Boate Grande Hotel.

Para matar a saudade dos famosos “anos dourados”, o histórico e, inicialmente, denominado “grill room”, com o decorrer dos anos, acabou ficando mais conhecido e famoso como a boate do primitivo Grande Hotel de Campos do Jordão. Esse maravilhoso e requintado salão, tinha do lado direito da sua entrada uma frisa superior, com acesso através de uma escada. Nessa frisa, eram colocadas mesas e cadeiras para acomodação do grande número de frequentadores desse local. Essa curiosa frisa era muito disputada pelos frequentadores do Grande Hotel. Lá do alto, era possível uma total visão do enorme salão do “grill room” ou Boate Grande Hotel.

Nessa boate apresentaram-se tradicionais e excelentes conjuntos musicais e orquestras famosas que abrilhantavam as noites dos meses de janeiro, fevereiro e julho, durante os períodos de férias, quando o hotel atingia sua capacidade máxima de hóspedes. Nas décadas de 1950 até 1970, esse majestoso salão de bailes foi utilizado para a realização de grandes bailes, abrilhantados por orquestras famosas até internacionalmente. Nesse salão foram realizados shows musicais apresentando cantores internacionais, dentre eles: Domenico Modugno e Cris Montez. A famosa Orquestra Cassino de Sevilha, Pocho e sua Orquestra, da Orquestra Biriba Boys e Brasília Modern Six, do saudoso Sérgio Weiss, e muitas outras, se apresentaram nesse salão por inúmeras vezes.

Também, no auge de suas carreiras artísticas, se apresentaram nesse salão, dentre outros, o grande Chico Anísio, Sérgio Reis, Roberto Carlos, Jair Rodrigues e Wanderléia.

Também foi palco de inúmeros bailes de formatura do nosso Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão – CEENE, das festas nacionais da Maçã, das festas do Pinhão, de edições do Congresso Estadual de Municípios, do Seminário de Estudos Fazendários da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, do Iº Congresso Nacional de Turismo no ano de 1953, e de muitos carnavais inesquecíveis.

Tornou-se tradicional o acordo firmado entre o Grande Hotel e o Tênis Clube, locais que abrigavam a maioria dos turistas que vinham visitar nossa cidade, durante o carnaval. Esse acordo foi possível graças à grande amizade entre o saudoso Hans Henrich Hillebrecht, durante o período em que gerenciou o hotel de sua propriedade e o saudoso Plínio Freire de Sá Campello, enquanto presidente do Tênis Clube. O Tênis Clube fazia, em seus salões, os tradicionais bailes de carnaval aos sábados e segundas-feiras, enquanto o Grande Hotel fazia, aos domingos e terças-feiras, os maravilhosos bailes de carnaval, no magnífico salão da sua boate.

Agora, somente a grande saudade dos maravilhosos momentos que tanto o Grande Hotel como a sua saudosa Boate ou “Grill Room” proporcionaram aos turistas e, também, a nós jordanenses que, praticamente, tínhamos o acesso liberado, conhecíamos e éramos amigos de todos que lá trabalharam durante muitos anos e amávamos poder frequentar as principais dependências de uso comum do Hotel.

Normalmente, durante os meses de julho, o Grande Hotel mantinha, durante todo mês, no período da noite, orquestras maravilhosas abrilhantando a sua famosa, inesquecível e histórica “Boate Grande Hotel”.

O Grande Hotel de Campos do Jordão, depois de fechado a partir de 04 de agosto de 1980, somente voltou a funcionar, totalmente remodelado, depois de ampla e grande reforma e modificações diversas, a partir do ano de 1987, sob a responsabilidade do Serviço Nacional do Comércio – SENAC – São Paulo. Felizmente, a partir dessa data, novamente, continua como um dos nossos principais hotéis de Campos do Jordão, mantendo um amplo e maravilhoso serviço de hotel-escola. É um dos mais bem equipados e suntuosos da cidade.

Infelizmente, o maravilhoso, tradicional, famoso, inesquecível e histórico salão da “Boate Grande Hotel”, para nossa tristeza, não existe mais.

Edmundo Ferreira da Rocha

27/12/2018

 

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