Abernéssia Futebol Clube e a TV em minha vida. 

Nelson Soares no dia 14 de Agosto de 1975.

Nelson Soares - década de 1950.

Almoço - década 1950.Na foto: Nelson Soares, esposa Heloisa, Edmundo Rocha e Advogado José Varella de Almeida.

Nelson Soares e a filha Salete em férias na linda Angra dos Reis - final década 1990.

Na década de 1950, a maioria das pessoas que moravam em Campos do Jordão não tinha um aparelho de televisão em casa, especialmente devido ao alto custo desse novo entretenimento. Alguns poucos privilegiados tinham seu aparelho de televisão.

Eu, muitas vezes, fui assistir aos programas da antiga PRF3 -TV – Tupi, canal 4, atual SBT e, posteriormente, a TV Paulista – Canal 5, atual Rede Globo, na casa do amigo Albertinho Bernardino e seu primo Manuel Bastos Pouzada, situada nos fundos da tradicional e saudosa “Casa Ferraz” de Vila Capivari. Lá, me lembro, assisti, muitas vezes, a programas com os famosos e saudosos palhaços Fuzarca e Torresmo e Arrelia e Pimentinha, e aos desenhos animados do pica-pau.

Como a maioria dos meninos da minha época, gostava de ouvir, aos domingos, através das diversas estações de rádio, as transmissões dos jogos de futebol dos campeonatos paulista e carioca. Vontade de assistir a esses jogos pela televisão não faltava, porém as oportunidades eram infinitamente reduzidas.

Nessa época, meu grande e querido amigo Nelson Soares, que, durante muitos anos, até sua aposentadoria, trabalhou na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e para complementar seu minguado rendimento, trabalhava como enfermeiro no consultório do grande e saudoso médico pneumologista e tisiologista, Dr. Guilherme Schultz, situado na Avenida Dr. Macedo Soares, em frente ao atual Hotel Estoril I, morava numa edícula situada nos fundos. Também trabalhava como cobrador das mensalidades dos sócios do Abernéssia Futebol Clube e, ainda aos domingos, trabalhava como porteiro do clube.

Como grandes amigos de muitas jornadas, inúmeras vezes, à tarde, considerando que no período da manhã estudava, acompanhei o Nelson em todo o trajeto por ele percorrido, quase diariamente, por toda Vila Capivari, executando seus serviços para entrega de correspondências e jornais.

No Abernéssia Futebol Clube, naquela ocasião em que eu tinha meus treze ou quatorze anos de idade, havia em suas instalações um salão especialmente preparado para que seus sócios pudessem assistir aos programas de televisão, especialmente aos jogos de futebol transmitidos aos domingos.

Sabendo da minha vontade de assistir aos jogos de futebol pela televisão, o amigo Nelson acabou atendendo a essa minha esperada expectativa.

Minha casa ficava na mesma avenida, a poucos metros da casa em que o Nelson morava. Como meu pai foi um dos fundadores do Abernéssia Futebol Clube, o Nelson falou com ele e assumiu a responsabilidade pela minha guarda nas tardes de domingo. Assim, quando o Nelson ia para seu trabalho eventual no clube, eu ia com ele, claro, de ônibus circular da saudosa empresa de ônibus Hotel dos Lagos. Enquanto trabalhava como porteiro e cobrador, eu alegre e muito feliz, comodamente assistia aos jogos de futebol pela televisão do clube. Já no início das noites, quando o Nelson voltava para casa, eu também voltava junto. Assim, ele somente ficava sossegado quando me entregava de volta na casa de meus pais.

Durante vários anos o amigo Nelson que, graças a Deus, está entre nós, foi o meu salvo-conduto para assistir, aos domingos, aos jogos de futebol pela televisão do saudoso Abernéssia Futebol Clube que, infelizmente, no momento, passa por uma fase de quase total desativação, estando fechado há mais de uma década, com sua sede em franca deterioração. Na realidade, essa sede atual é a nova, em relação àquela mencionada, objeto desta história.

Edmundo Ferreira da Rocha - 25.05.2005.

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