Campos do Jordão - Pedro Paulo Filho
Vilas Abernéssia e Capivari - Campos do Jordão
I
Verdes campos
Embrenhados nos confins da Mantiqueira;
Ao dia, os pássaros, à noite os pirilampos
Entoando agrestes sinfonia, à ribanceira
Dos abismos de esmeralda e aos flancos,
E às baixadas e planícies e aos barrancos,
A Serra de silhueta olímpica e brejeira.
II
Verdes campos,
Luminosos, feitos de pedrarias,
Em manhãs hibernais e de espantos!
Da noturna alcova, todos os dias
Saltitavas, fresca e aos prantos,
Que as lágrimas de orvalho, aos cantos
Dos olhos, belos e serenos, vertias.
III
Verdes campos,
Que à beira dos córregos risonhos
E apaixonados – não sei quantos!
Viam despencar cascatas de sonhos
Estilhaçados – e que foram tantos!
Loucos sonhos de amor, santos
E malditos, puros e medonhos.
IV
Noites formosas
Adornando com seus negros cabelos
Veredas encantadas, sinuosas
Que das alturas da Serra, pelos
Volteios dos rios, vertiginosas
Iam caindo, despetalando as rosas,
Turvando as rosas, rompendo os zelos.
V
Noites formosas
E solitárias – bêbadas de amor-
De bruma envoltas, vaporosas,
Prenhes de luz, morenas de cor,
Tangendo as cordas amorosas
Do seresteiro que canta glosas
Na musicalidade da dor.
VI
Noites formosas,
No dorso da Serra, desmaiadas,
Vesperal de auroras misteriosas,
Que um dia – doce canto de fadas!
Em épocas longínquas, idosas,
Em Oyaguara seduziu, tanto em prosas
Quanto em versos, estórias encantadas.
Poema da autoria de Pedro Paulo Filho
Publicado no Jornal Notícias de Campos do Jordão - outubro de 1976
05/10/1976
Acesse
esta crônica diretamente pelo endereço:
www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=195
|