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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Castelo mal assombrado. 


Castelo mal assombrado.

Palácio Boa Vista - final da década de 1950.

 

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Foi no longínquo ano de 1938, no dia 21 de julho, lançada a pedra fundamental do Palácio Boa Vista pelo interventor Adhemar de Barros.

Em estilo inglês Maria Tudor e projetado por Jorge Pitzrembel, as obras do palácio foram iniciadas em 1939 por Floriano Rodrigues Pinheiro que, em ritmo acelerado, logo ergueu o prédio, cobriu-o, dotando-o de água quente.

Os trabalhos paralisaram-se durante anos, até 1947, quando, no segundo governo do dr. Adhemar de Barros, as obras foram reiniciadas.

Deixando o governo, a obra foi interrompida novamente, e somente em 1963, no terceiro governo de Adhemar de Barros, foram retomadas, sendo o Palácio inaugurado em 21 de julho de 1964, com a presença do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.

Vinte e seis anos mediaram entre o lançamento da pedra fundamental e a inauguração do palácio; fora dos governos do dr. Adhemar de Barros, invariavelmente, o prédio permanecia fechado, abandonado à sorte, com os seus materiais deteriorando.

Seu único guarda foi Benedito Cândido da Silva, zelador do prédio de 1939 a 1964, que chegou a dormir no interior do enorme palácio, cercado de morcegos.

O povo chamava o palácio de “castelo mal assombrado”, porque solitário no alto do morro, a cavaleiro de grande cadeia de montanhas mais baixas que o circundavam, de ambos os lados, o Palácio lembrava os castelos antigos, solitários, cheios de estórias e fantasmas, dos velhos países europeus. Dele se contavam estórias.

Alguns o chamavam de “Castelo do Adhemar”, cercado de gigantescos cedros e imensos pinus plantados próximos ao prédio.

A ventania em algumas estações do ano era terrível, e daí alguns chamarem o local de “morro dos ventos uivantes”, porque os ventos fortes zuniam assustadoramente ao embate dos troncos das árvores.

Arakaki Mazakasu conta, em seu livro, que até recentemente alguns hóspedes ilustres do Palácio se assustavam com barulhos noturnos, misteriosos e estranhos.

Citou o caso de dona Helena Mota, senhora do então secretário Hélio Mota, que deixou o Palácio assustada com a escuridão e com ruídos que vinham do teto.

Foi também o caso do ex-minístro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso que, de madrugada, mudara-se para a ala dos quartos, “incomodado e sem poder dormir com o ranger dos troncos de pinus e o assovio dos ventos”.

Fausto Camargo em seu livro sobre o palácio narra que o prédio ficou abandonado durante muitos anos e, sem luz, serviu de ninho de corujas, pássaros pretos, ratos, morcegos etc..

O vigia Benedito Cândido da Silva costumava fazer vistorias noturnas na torre e nos andares superiores, e com isso fazia ruídos. Quem passava à noite pela estrada, pensava que era assombração rondando na escuridão imensa de sua grande arquitetura.

Contou-me o zeloso guarda do Palácio que assistiu a tudo naquele castelo abandonado, desde tentativa de terrorismo com ameaça de precipitação de bombas, até à busca de casais de namorados que acorriam ao palácio, em noite de luar, para colóquios amorosos.

Por 20 anos, disse, o Palácio ficou sem luz, água e acesso, e até mesmo um pé de oliveira chegou a crescer e dar frutos, no interior do prédio, plantado não se sabe por quem.

A estória de fantasmas e assombrações não terminou em 1964, quando o governador Adhemar de Barros, no dia do aniversário de dona Leonor, a 21 de julho, inaugurou esse próprio estadual, depois transformado em Monumento de Visitação do Governo e do Povo de São Paulo.

De vez em quando, o administrador do palácio, Arakaki Mazakasu, é surpreendido por alguma estória misteriosa de algum assustado hóspede oficial do Palácio Boa Vista.

Também pudera, como ele próprio diz, palácio que se preza tem que ter o seu fantasma ...

Nota: Estória extraída dos livros "Palácio Boa Vista", de Arakaki Masakazu, "Campos do Jordão e seu Palácio", de Fausto Bueno de Arruda Camargo e "História de.Campos do Jordão", de Pedro Paulo Filho.

10/05/1980

 

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