Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

DICK, um amigo fiel e maravilhoso 


DICK, um amigo fiel e maravilhoso

Dick, um amigo fiel e maravilhoso

 

Clique para Ampliar!

Dick, Edmundo e Lili - Grandes amigos.

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

No final da década de 1950 morei numa casa enorme, de propriedade do Sr. Adelardo Soares Caiuby, situada na Avenida Macedo Soares, 306, em Vila Capivari, em frente ao Hotel Bologna que, na época, era propriedade do Sr. Augusto Pagliacci e sua esposa, D. Alba.

Naquele tempo, poucas pessoas tinham fogão a gás, um luxo que privilegiava somente poucas famílias. Usava-se muito fogão à lenha. Assim, éramos obrigados a manter um bom depósito de lenha seca, de preferência abrigado da chuva.

Nesse depósito de lenha que existia em minha casa, totalmente abrigado da chuva, nasceu o Dick, um cachorro mestiçado. Nunca pude determinar quais raças participaram da sua mestiçagem.

Sua mãe era completamente desconhecida na região. Acredito que, chegando a hora de trazer seus filhotes à luz, procurou incessantemente e achou nosso depósito de lenha. Quando, numa determinada manhã, minha mãe foi buscar alguns paus de lenha para acender o fogão, encontrou-a com seus três filhotes abrigados num ninho improvisado, feito com alguns jornais que encontrou ali no próprio depósito.

Começamos, com muito carinho, a tratar da mãe e cuidar dos filhotes. Eram três filhotes maravilhosos, um da cada cor, totalmente diferentes um do outro. Um amarronzado, outro cinza-chumbo, e o Dick, branco com metade da cabeça branca e a outra, uma mistura de cinza e negro.

Quando já estavam andando, todos lindos e graciosos, nossos amigos Helio Manoel Fernandes e o irmão José Myra Fernandes, o conhecido Lé, caminhoneiros que prestavam serviços de transporte de materiais para construção para a COPEL, empresa construtora sediada num grande salão e em dois menores, existentes na frente da casa em que morávamos, adotaram dois filhotes.

A mãe, pouco tempo depois, foi embora. Talvez para o mesmo local de onde viera. Nunca mais soubemos do seu paradeiro.

Ficou o Dick, um garoto maravilhoso. Não tivemos coragem de deixá-lo ir embora com alguma outra pessoa amiga. Adotamos o Dick. Deu-nos muita alegria. Era muito manso e brincalhão. Gostava de brincar com bolas e pular em cima do muro da frente da casa, de um pilar para outro, do portão de entrada. Todos que moravam nas proximidades e, mesmo turistas que ficavam hospedados no Hotel Bologna, gostavam de brincar com o Dick, que, muitas vezes, os acompanhava em seus passeios pelo centro de Vila Capivari e proximidades. Era um companheiro inseparável do amigo Orestes Mário Donato, que morava em minha casa. Donato gostava de trabalhar à noite, especialmente em seu laboratório fotográfico, mantido em um canto de seu quarto, ou nos serviços de projetos que fazia para a COPEL, empresa em que trabalhava.

Durante muito tempo, por volta das 22 horas, Donato dava uma pausa em seu trabalho e aproveitava para ir até o centrinho de Vila Capivari, localizado a pouco mais de cem metros do local, para, como dizia, “tomar uma rubiácea”, um cafezinho, e alimentar o vício de fumante. Nessas suas frequentes caminhadas noturnas, o Dick era seu assíduo acompanhante, um companheiro fiel e amigo.

Numa dessas noites, o Dick, como era amigo de todos, inclusive do dono do bar onde Donato costumava tomar seu café e comprar seus cigarros, entrou por trás de uma das prateleiras do balcão e saiu com um pequeno chocolate na boca. Ao ver o Dick com a barrinha de chocolate na boca, imediatamente Donato a pegou e perguntou ao dono do bar qual o valor para pagar. O dono do bar disse: “Não se preocupe, deixa isso pra lá, é um presente para o fiel acompanhante”.

Pode parecer coincidência, jamais poderíamos levantar uma suspeita sobre o fato de o Dick ter “roubado” uma barrinha de chocolate que acabou sendo dada a ele como presente, pelo próprio dono do bar. Na manhã seguinte, a dura e cruel realidade. Em verdade, na fatídica noite anterior, infelizmente, o Dick foi brutalmente envenenado. Veio morrer bem embaixo da janela do meu quarto. Talvez procurando socorro, mas sem forças para chamar a atenção de qualquer um de nós que morávamos naquela casa. Lamentavelmente, não pudemos tentar alguma coisa no sentido de salvá-lo ou, ao menos, fazer-lhe companhia nos seus últimos momentos que, com certeza, foram terríveis e muito sofridos.

Somente restou sua imagem linda e a lembrança dos bons momentos de felicidade e alegria que nos proporcionou enquanto esteve ao nosso lado, como fiel e dedicado amigo e companheiro maravilhoso e inesquecível.

Edmundo Ferreira da Rocha

21/02/2012

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=97

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -