Excursão de Estudantes Jordanenses para o Rio de Janeiro
RUA DA LAPA - Da esquerda para a direita: Edmundo Ferreira da Rocha, Eduardo Neme Nejar (Dudu), Paulo Caetano da Silva, João Costa de Oliveira, Manoel dos Reis Bastos Pozada, Massahiro Okuno, Clarice Paulina Miranda, José Bráulio de Almeida Ramos Fº (atrás), Odete Miranda, Vera Lucia Toledo, Idila Medeiros, Maurício de A. Leite Murayama (Leleco), Sonia Maria Uribbe, Helga Schlote, Profª Maria Augusta Gonçalves de Carvalho, Profª Cecília de A.Leite Murayama (de lado), Helena Kawakami, Eliana Guedes Reis, Sandra Aguiar, Vilma Nejar.
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CRISTO REDENTOR - Da esquerda para a direita - Primeira Fileira: Não identificado, Vilma Nejar, Vera Lucia Barbosa - Batatais, Helga Schlote, Helena Kawakami, Luiz Carlos Miranda (Barrica), Odete Miranda, Hideto Miura, José Bráulio de Almeida Ramos Filho, João Wagner Pereira e Eliana Guedes Reis.
Da esquerda para a direita - Segunda Fileira: Américo Richieri Filho, Idilla Helena da Penha Medeiros, Vera Lucia Toledo, Profª Maria Augusta Gonçalves de Carvalho, Profª Anastácia Leão Brasileiro, Profª Cecília de Almeida Leite Murayama, Profª Aparecida Maria Di Muzzio Miranda, Não identificada, José Ubaldo Biagioni, Paulo Caetano da Silva.
Da esquerda para a direita - Terceira Fileira: Julio César Ruggiero, Julio Carlos Ribeiro Neto, Manoel dos Reis Bastos Pozada, Márcio Carletti, Maurício de Almeida Leite Murayama (Leleco), Sonia Maria Uribbe, Maria Tereza Vaz Dias, Clarice Paulina Miranda e Antonio Marmo de Oliveira Nascimento.
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PÃO DE AÇÚCAR - Agachados, da esquerda para a direita: Aparecida Paulina Miranda, Hideto Miura, Profª Aparecida Maria Di Muzzio Miranda, Maurício de Almeida Leite Murayama (Leleco), João Wagner Pereira, Márcio Chaves de Andrade e Paulo Caetano da Silva.
Em pé, na mesma ordem: José Ubaldo Biagioni, Helena Kawakami. Helga Schlote, Não identificada, Não identificada, Não identificada, Não identificada, Clarice Paulina Miranda, Não identificada, Eliana Guedes Reis, Não identificada, Américo Richieri Filho, José Bráulio de Almeida Ramos e Julio César Ruggiero.
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BONDE IMPROVISADO (Prancha G-3)- Pendurados nas janelas, dentre outros: Antonio Marmo de Oliveira Nascimento, Luiz Carlos Miranda, o Barrica, João Wagner Pereira, Manoel dos Reis Bastos Pozada, Márcio Carletti
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ESTAÇÃO DE PINDAMONHANGABA - AGACHADOS, da esquerda para a direita: Julio César Ruggiero, Márcio Chaves de Andrade, Márcio Carletti, Não identificado, João Wagner Pereira, José Bráulio de Almeida Ramos, Manoel dos Reis Bastos Pozada, João Costa de Oliveira, João José Peixoto Serra.EM PÉ, na mesma ordem: Vilma Nejar, Idila Medeiros, Américo Richieri Filho, Cecília Marim Acien Ruiz, Mário Sant´Anna, Clarice Paulina Miranda, José Neves de Miranda, Aparecida Paulina Miranda, Maria Tereza Vaz Dias e Eliana Guedes Reis.
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No ano de 1962, queridas e inesquecíveis professoras do nosso saudoso e maravilhoso CEENE – Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão resolveram organizar uma excursão para a linda cidade do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.
Organizaram a excursão as professoras Cecília de Almeida Leite Murayama, Maria Augusta Gonçalves de Carvalho, Anastácia Leão Brasileiro e Aparecida Maria Di Muzio Miranda, titulares, respectivamente, das cadeiras de Inglês, História, Educação Física feminina e Português.
Tudo previamente preparado com muito carinho e cuidados especiais, saímos de Campos do Jordão num determinado dia do mês de setembro de 1962, acompanhados das professoras, num grupo misto de aproximadamente quarenta e cinco estudantes, composto de alunos dos cursos ginasial e normal. Fazendo parte desse grupo, para nós, um clandestino, um garoto de uns dez anos, o Maurício, conhecido pela alcunha de Leleco, filho da professora Cecília Murayama. Embarcamos no primeiro bonde do dia, improvisado pela ferrovia sobre a estrutura da gôndola G-3. Viajamos até a cidade de Pindamonhangaba em bonde regular da Estrada de Ferro Campos do Jordão, com chegada prevista para as 10 horas da manhã. Lá chegando, após espera prevista, embarcamos por volta do meio-dia em trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, rumo ao tão sonhado e esperado Rio de Janeiro.
Viagem maravilhosa. Para nós, meros estudantes de Campos do Jordão, poucos conhecendo algumas cidades além da nossa, e muitos nem sequer haviam passado de nossas divisas, poucas vezes chegando às cidades de Santo Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e algumas do Vale do Paraíba, tudo era grande novidade. Até os longos túneis que o trem atravessava durante o percurso eram grandes novidades. Cada parada nas estações das cidades ao longo da ferrovia chamava a atenção, fazendo-nos pensar que, a cada uma delas, estávamos mais distantes da nossa cidade.
Durante a viagem cantamos músicas românticas e aquelas tradicionais e divertidas, dentre elas aquela que num determinado trecho diz: “Zé barba de bode, ocre di raiban, carcanhá de cueiô,... Sarto! Sarto!” (Zé barba de bode, óculos ray-ban, calcanhar de coelho,... Salto!), uma sátira à cidade de Salto – SP.
Aproveitamos para visitar alguns vagões do trem, entre eles o vagão restaurante, onde, com exceção das professoras e alguns colegas privilegiados, tomamos refrigerante e comemos algum sanduíche.
Por volta das seis horas da tarde chegamos à grande Estação Dom Pedro II, hoje Estação Central do Brasil, em plena cidade do Rio de Janeiro. Grande movimentação de pessoas, muitas chegando ou embarcando em outras composições férreas, deixando-nos surpresos pela quantidade de passageiros. O horário também favoreceu para que essa aglomeração de pessoas ficasse ainda maior, era horário em que muitas voltavam do trabalho e outras chegavam ou partiam para o turno da noite.
Depois de muita algazarra, sempre acompanhados e orientados pelas professoras, conseguimos pegar o ônibus circular cujo trajeto nos deixaria no famoso e falado bairro da Lapa onde, na Rua da Lapa, próxima à Praça Paris, em plena Cinelândia. Aguardava-nos o tradicional, antigo e discutido Hotel dos Estudantes, pertencente ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. Um hotel bastante simples, em prédio de vários andares, muito antigo, até bem mal conservado. Para nós, nada a reclamar, tudo festa e diversão. Estávamos no paraíso. E que paraíso! Quanta gente diferente, novidades mil. Para nós rapazes, moças lindas em todo lugar. Para as moças, com certeza, rapazes e moços também lindos.
Logo que nos acomodamos no hotel, ficamos conhecendo vários grupos de estudantes, dentre eles, um grupo da Bolívia e outro do Uruguai, com quem nos relacionamos muito bem durante os dias em que lá permanecemos hospedados. Os bolivianos, muito divertidos e amantes da música típica de seu país, muitas vezes cantando músicas tradicionais, acompanhadas do ritmo e som dos instrumentos especiais, entre eles a flauta feita de taquara, a flauta-de-pan andina, por eles chamada de “zampoña”, termo também utilizado pelos espanhóis.
Conversei muito com duas moças lindas do Uruguai, uma delas chamada Ana María e outra, de nome bem diferente, Alma de Las Flores, a mais linda do grupo. Naquele ano de 1962, a Seleção Brasileira de Futebol havia se sagrado campeã do mundo. Elas sempre se referiam “Brasil, la tierra de los campeones mundiales de futebol”, pronunciados com aquele melodioso sotaque castelhano e por aquelas “boquitas” maravilhosas. Cheguei a me corresponder com elas por algum tempo, porém perdemos contato.
Uma surpresa desagradável nos perturbou demasiadamente. Na maioria dos andares do hotel dos estudantes faltava água. Alguns ainda conseguiam um pouco de água em poucas oportunidades. Problema sério para nós. No Rio de Janeiro, com aquele calor de mais de trinta e cinco graus à sombra. É possível imaginar jovens inquietos, andando e correndo a todo tempo, suando em bicas, sem a possibilidade de, ao menos uma vez no final do dia, tomar um reconfortante e necessário banho, ao menos de água fria. Situação lamentável e desesperadora. Nos andares com pouca água era impossível a utilização, mal dava para os estudantes daquele setor.
Tentamos, sem sucesso, descobrir nas proximidades do hotel algum local que disponibilizasse banhos, com pagamento de valores estabelecidos.
Conversa vai conversa vem, embora matutos de Campos do Jordão, éramos bastante comunicativos. No dia seguinte à nossa chegada, eu e mais alguns colegas, entre eles meu amigo Dudu, Eduardo Neme Nejar, na proximidade do horário do almoço, saímos pela Rua da Lapa e conversamos com alguns jovens que passavam com vestimenta esportiva, alguns com uma toalha nos ombros ou sobre o pescoço, que nos levavam a crer que haviam praticado esportes e tomado banho. Conversando com alguns desses privilegiados, ficamos sabendo que há poucos metros dali existia uma das sedes da Associação Cristã de Moços – ACM, organização com o objetivo do desenvolvimento espiritual, intelectual e físico, com missão de construir espírito, corpo e mente saudáveis.
A partir da maravilhosa informação que um daqueles jovens nos deu, não perdemos tempo. Com a maior “cara de pau” do mundo, eu e o Dudu fomos parar na maravilhosa sede da ACM da Rua da Lapa. Um lindo e praticamente novo prédio. Na Portaria, após a devida identificação, o porteiro, muito gentil, nos deixou adentrar para conhecermos algumas dependências da ACM. Quadras esportivas maravilhosas, salas de ginástica, salas de jogos de salão e muitas outras atividades. Ficamos maravilhados com o restaurante da ACM, onde os alimentos eram servidos para as pessoas que, em fila organizada, iam portando aquelas bandejas especiais e próprias de aço inox.
Mais uma vez a cara de pau foi muito importante e decisiva para a solução do nosso principal problema e objetivo: conseguirmos um local para tomar banho. Perguntei a uma pessoa mais velha que passava por um dos corredores se era possível falar com o presidente da ACM. Vejam só a petulância dos matutos dos Campos do Jordão. Parece incrível, nunca foi tão fácil falar com um presidente. A pessoa nos indicou onde era a sala. Batemos à porta; a secretária abriu; pedimos para falar com o presidente. Entramos e nos dirigimos à sua mesa. Um homem bastante simpático, cabelos um tanto grisalhos, sorridente, caminho aberto para nossa conversa. Feita a identificação necessária, inclusive com a informação de que éramos de Campos do Jordão, expusemos nosso sério e grave problema da falta de água no Hotel dos Estudantes e nossa necessidade de banho diário. Cheguei a perguntar sobre a possibilidade de utilizarmos a área de banho da ACM, mediante pagamento de alguma taxa viável, de acordo com nossas posses diminutas.
Nunca mais em toda minha vida me esqueci dessa oportunidade. Recentemente, com o amigo Dudu, rememoramos essa ocasião. Depois de nos ouvir atentamente, o presidente da ACM, Félice Tatti, nome que ficou gravado em minha mente, disse: “Vocês são de Campos do Jordão. Eu tenho um primo que mora lá”. Perguntei de imediato quem era seu primo. Talvez isso tenha nos ajudado muito. Ele disse que seu primo era o Oficial Maior do Cartório do Registro de Imóveis de Campos do Jordão, na época, o saudoso amigo Sr. Délio Rangel Pestana. O Sr. Délio era muito conhecido por todos, inclusive, cheguei a ser seu vizinho quando morei na chácara do meu avô situada na Vila Fracalanza. Foi nossa grande oportunidade. Disse que conhecia muito o Sr. Délio, sua esposa, D. Minita, a filha Maria Cecília, e os filhos Renato e Sérgio. Essa informação comprovava que, realmente, nós éramos de Campos do Jordão e conhecíamos o seu primo.
Na realidade, a resposta do Sr. Félice Tati era a que esperávamos, porém, em nosso íntimo, achávamos que nunca iria ser tão generoso. Ele nos disse que, em caráter excepcional, iria autorizar nosso ingresso nas dependências da sede da ACM durante toda a semana em que permaneceríamos no Rio de Janeiro. Orientou para procurarmos a secretaria da entidade, um a um, onde, após a devida identificação, receberíamos um cartão de visitante. Esse cartão nos autorizava a frequentar as dependências da ACM, praticar esportes, tomar banho, até utilizar serviços do restaurante, mediante pagamento dos valores estabelecidos para os sócios.
Não esperávamos tanta generosidade e tão boa recepção.Jamais nos esquecemos desse dia importante e do amigo Sr. Félice Tatti. Para nós, foi a salvação que resolveu a situação de todo o nosso grupo. Estávamos num verdadeiro paraíso.
Conhecemos tudo o que era mais importante no Rio de Janeiro: Pão de Açúcar, Corcovado e Cristo Redentor, Jardim Botânico, Aeroporto Santos Dumont, Palácio do Governo e muitos locais interessantes, dentre muitos, o fabuloso, maravilhoso, gigantesco e inigualável Estádio do Maracanã. Tivemos a feliz oportunidade de assistir, no dia 19 de setembro de 1962, uma quarta-feira à noite, pelo Campeonato Mundial Interclubes, ao jogo inesquecível entre Santos Futebol Clube e o Esporte Clube Benfica, de Portugal, onde o Santos venceu por 3 x 2, com dois gols de Pelé e um de Coutinho. Somente para registro, o Santos Futebol Clube, na partida seguinte, ocorrida no dia 11 de outubro, no Estádio da Luz, em Portugal, com vitória de 5 x 2, conquistou seu primeiro título de campeão mundial interclubes.
No jogo do Maracanã, 19/09/1962, o Santos Futebol Clube contou com a seguinte escalação: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar, Mauro, Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Estudantes de Campos do Jordão, com raras exceções, todos com dinheiro contado para principais despesas. Eu, especificamente, acabei me excedendo nas despesas. Convidei linda moça que conheci no Rio para um lanche e cinema e lá se foi meu dinheirinho contado. No quarto dia já estava completamente sem um tostão no bolso. Minha sorte e salvação foi um cliente e amigo de meu pai na Imobiliária Rocha, que morava no Rio de Janeiro. Dr. Ary de Almeida Guimarães, um advogado que morava no Bairro da Tijuca, recebendo minha ligação telefônica, não perdeu tempo, foi com a esposa, a Sra. Ieda, até ao Hotel dos Estudantes, levou o dinheiro de que precisava e ainda me levou em seu carro para conhecer diversos pontos turísticos da Cidade Maravilhosa. Soube, posteriormente, que muitos colegas também enfrentaram dificuldades financeiras.
Passagens pitorescas dessa maravilhosa e inesquecível excursão:
- Um de nossos colegas, cujo nome não vou revelar, arranjou uma namorada e passou a noite fora do Hotel dos Estudantes. No dia seguinte, quando retornou, seus colegas já estavam ficando desesperados, prontos para pedir auxílio das professoras, comunicando o seu desaparecimento e providências policiais. Foi salvo pelo gongo. Levou uma broca inesquecível de seus principais amigos e companheiros.
- Manoel dos Reis Bastos Pozada, o Manezinho de Fátima, atualmente famoso médico gastroenterologista em São Paulo, foi alvo de muita risada e muita gozação. Numa determinada manhã acordou com a cama toda molhada. Havia feito xixi na cama. O motivo desse inesperado e indesejado acontecimento? Mané contou que em sua casa, sempre tinha embaixo da cama um penico ou urinol. De madrugada, quando dava vontade de urinar, passava a mão embaixo da cama, pegava o urinol e, mesmo deitado, fazia seu xixi. No Rio de Janeiro, acordou, passou a mão embaixo da cama à procura do urinol. Claro, não iria encontrar. Encontrou somente o seu enorme chinelo tipo franciscano. Totalmente sonolento, pegou o chinelo e, pensando que urinava no urinol, lavou seu chinelo e toda a cama. Colocou o chinelo embaixo da cama e continuou dormindo. Somente viu o estrago que havia feito quando acordou logo de manhã. Não havia como esconder o acontecido, num “antro” de mais de cinco colegas, todos num mesmo alojamento. Quando o primeiro tomou conhecimento, não tardou para todos ficarem sabendo, até as professoras. Coitado do Mané. Até hoje os bandidos dos colegas não esqueceram o acontecimento e ainda fazem gozação.
- O Maurício, mais conhecido por Leleco, filho da professora Cecília Murayama, um garoto de apenas uns dez anos, não fazia parte do grupo de estudantes. Claro, mimado pela mãe, estava sempre ao lado dela. À noite, dormia num dos alojamentos com alguns estudantes do grupo. Nos corredores dos alojamentos havia grandes latões para coleta de lixo etc. Determinada noite, não vou nem agora, depois de quase cinquenta anos, revelar os nomes, quatro dos estudantes integrantes do grupo resolveram pregar uma peça no coitado do Leleco. Foram até seu alojamento onde dormia com os anjinhos. Cuidadosamente, com muita habilidade, pegaram o Leleco com muito jeito e o levaram até o local onde estava o latão de lixo e, também, com muito cuidado o colocaram sentado dentro do latão e saíram de fininho. Somente bem de madrugada o coitadinho do Leleco acordou e, quando viu onde estava, começou a gritar. Outros colegas de alojamentos próximos acordaram e ajudaram a tirar o Leleco do latão de lixo. Também não entenderam nada do que estava acontecendo. Desconheciam que outros colegas tivessem feito a sacanagem. Os autores da “maldade” e outros que sabiam morriam de rir em suas camas, fingindo que dormiam.
- O mesmo grupo que aprontou com o Leleco aprontou com o Hideto Miura. Numa determinada tarde, por volta das seis horas, pegaram o Hideto sem roupa e, meio à força, o soltaram no meio do corretor do alojamento das moças e fecharam a porta do alojamento masculino próximo. O coitado ficou pelado no corredor por uns quinze minutos. Claro, tentando encobrir com as mãos suas partes mais íntimas. Foi flagrado por algumas moças de outros grupos, também lá estavam alojadas, que começaram a gritar. Não tivemos outra coisa a fazer senão abrir a porta para o Hideto entrar. O caso repercutiu e as professoras ficaram sabendo. Deu o que fazer para acalmar a situação e evitar problemas maiores.
Concluindo: aproveitamos muito durante os dias dessa maravilhosa e inesquecível excursão. Como tive oportunidade de dizer anteriormente, o dinheiro que havíamos levado para essa excursão era contado e racionado. Lembro-me de que, no dia do retorno, eu e a grande maioria dos companheiros já estávamos completamente lisos ou duros, como costumávamos dizer. Saímos do Rio de Janeiro nas primeiras horas de uma manhã. Chegamos a Pindamonhangaba por volta das duas horas da tarde. Embarcamos no bonde improvisado sobre a estrutura da gôndola G-3, com destino a Campos do Jordão às três horas da tarde e chegamos a Campos do Jordão por volta das cinco horas da tarde. Viagem de retorno já é, normalmente, muito longa, imaginem, então, sair do Rio de Janeiro às oito da manhã e chegar a Campos do Jordão às cinco horas da tarde, sem um mísero centavo no bolso, nem para tomar um cafezinho. A única coisa que a grande maioria ingeriu durante toda essa longa viagem foi água, que podíamos beber gratuitamente nas torneiras de algumas estações.
Valeu a pena. Hoje, lembranças de um tempo bom, de uma época memorável que está firmemente gravada em nossa memória e que jamais será esquecida.
Edmundo Ferreira da Rocha
02.09.2010
OBS: Fotos gentilmente cedidas pelos amigos Manoel dos Reis Bastos Pozada e José Neves de Miranda.
Participantes da Excursão ao Rio de Janeiro em 1962
1. Adauto Lopes dos Santos
2. Airton César Marcondes
3. Américo Richieri Filho
4. Antonio Fernando Miranda
5. Antonio Marmo de Oliveira Nascimento
6. Aparecida Célia Bustamante
7. Aparecida Paulina Miranda
8. Cecília Marim Aciem Ruiz
9. Clarice Paulina Miranda
10. Edmundo Ferreira da Rocha
11. Eduardo Neme Nejar (Dudu)
12. Eliana Guedes Reis
13. Ermelinda da Fonseca Simões
14. Helena Kawakami
15. Helga Schlote
16. Hideto Miura
17. Idilla Helena da Penha Medeiros
18. João Costa de Oliveira
19. João José Peixoto Serra
20. João Wagner Pereira
21. José Bráulio de Almeida Ramos Filho
22. José Neves de Miranda
23. José Ubaldo Biagioni
24. Julio Carlos Ribeiro Neto
25. Julio César Ruggiero
26. Luiz Carlos Miranda (Barrica)
27. Manoel dos Reis Bastos Pozada
28. Márcio Carletti
29. Márcio Chaves de Andrade
30. Maria Tereza Vaz Dias
31. Mário Sant´Anna
32. Marlene Carvalho
33. Massahiro Okuno
34. Maurício de Almeida Leite Murayama (Leleco)
35. Odete Neves de Miranda
36. Paulo Caetano da Silva
37. Paulo Roberto de Almeida Murayama (Shizutinho)
38. Profª Anastácia Leão Brasileiro
39. Profª Aparecida Maria Di Muzzio Miranda
40. Profª Cecília de Almeida Leite Murayama
41. Profª Maria Augusta Gonçalves de Carvalho
42. Sandra Aguiar
43. Sonia Maria Uribe
44. Vera Lucia Barbosa - (Batatais)
45. Vera Lucia de Toledo
46. Vilma Saloun Nejar
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02/09/2010
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