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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Ferrovia que é patrimônio histórico 


Ferrovia que é patrimônio histórico

O lindo Bondinho de Campos do Jordão

 

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De tudo quanto relatam e divulgam os arquivos oficiais e administrativos, a coleção fotográfica, a história oral e documental, todos resguardados em livros e conservados em relatórios e acervos, conclui-se que a Estrada de Ferro Campos do Jordão constitui precioso patrimônio ferroviário turístico e histórico do Brasil, pioneiro e sem precedentes, exigindo o seu tombamento pelas autoridades governamentais paulistas, para a preservação de sua existência e memória.

Foi a primeira via de comunicação civilizada interligando o Brasil à Estação de Cura e à Estância de Turismo de Campos do Jordão, iniciada em 1.912, concluída, em tempo recorde de dois anos, em 1.914, graças ao espírito público dos médicos Emílio Ribas e Victor Godinho e à tenacidade do empreiteiro Sebastião de Oliveira Damas.

Também foi a primeira ferrovia eletrificada do Brasil em 1924, vencendo rampas de 10,5/% em seu percurso, pelo sistema de simples aderência (roda-trilho), sem cremalheiras e sem similar no País.

A E. F. C. J. detém o privilégio incomparável de ter o Ponto Culminante Ferroviário do Brasil, com 1.743 metros de altitude no km 38 + 846m, na Parada Cacique de sua linha férrea.

Exerceu função desbravadora, transportando centenas de milhares de brasileiros, enfermos do pulmão, oriundos de todos Estados brasileiros, às pensões e sanatórios jordanenses, onde encontraram a cura, retornando sadios às suas famílias e úteis ao trabalho. Os que se recuperaram e permaneceram, heroicamente ajudaram a montar a infra estrutura da cidade.

Contribuiu fortemente com o desenvolvimento turístico de Campos do Jordão, a partir de sua inauguração em 1.914 até os nossos dias, transportando centenas de milhares de turistas à Estância.

O seu bondinho transformou-se até em legenda da nossa terra. Basta vê-lo para identificar Campos Jordão.

Foi o único meio de transporte de materiais de construção para a Estância a partir de sua inauguração, permitindo a edificação de residências, sanatórios e hotéis, antes destituída de meios de acesso civilizado.

Pioneiramente, implantou o 1º Miniférico do Brasil em 1.970, interligando Vila Capivari ao alto do Morro do Elefante, empreendimento que serviu de paradigma para outras cidades brasileiras.

Tirante o equipamento original, a Ferrovia, a partir de sua inauguração, nunca repôs o seu material rodante e automotrizes, por via de importação, mas, ao contrário, em suas oficinas e com o próprio pessoal, os reformou, adaptou, remodelou e reconstruiu, fazendo-os operar até o 3o milênio.

A Estrada de Ferro Campos do Jordão foi pioneira no serviço telefônico intermunicipal, interligando cidades paulistas e mineiras na Serra da Mantiqueira.

O conceito de patrimônio histórico nacional abrange todos os bens, móveis e imóveis, existentes no País, cuja conservação seja de interesse público, por seu excepcional valor artístico, arqueológico, turístico, ambiental ou histórico.

Tais bens podem ser realizações humanas como obras da natureza, preciosidades do passado, como criações contemporâneas.

Tombamento é a declaração pelo Poder Público de que tais coisas ou locais devem ser preservados.

O fundamento da atribuição de promover o tombamento é tríplice: política, constitucional e legal.

Em qualquer país civilizado do Mundo, a Ferrovia estaria a salvo dos predadores da memória e da tradição histórica, preservando-a e aprimorando-a, em vez de desativá-la e destruí-la.

Esses destruidores da memória nacional sempre existiram no passado e sempre ameaçarão no futuro o patrimônio histórico e ferroviário brasileiro, como a Estrada de Ferro Campos do Jordão, paradigma das estradas de ferro brasileiras.

Êta Brasil dos predadores do patrimônio histórico brasileiro!

Pedro Paulo Filho - Advogado e historiador

20/04/2011

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=112

 

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