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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Festividades no Salão Nobre do Colégio Estadual de Campos do Jordão 


Festividades no Salão Nobre do Colégio Estadual de Campos do Jordão

No Palco: Vitória Barbosa, Shizutinho Murayama, José Ubaldo Biagioni, Marco Aurélio. Sentados: Professores: Maria Aparecida, Zezé, Wilson Amato, Gad Aguiar, Clara Perret e Rosalvo Madeira.

 

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Ainda bem que a palavra festividade, de alguma forma, está diretamente ligada à palavra FESTIVAL.

Realmente, não poderia ser diferente, pois todas as festividades realizadas no Salão Nobre do antigo CEENE - Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão, nas décadas de cinqüenta e sessenta, tinham um sabor especial de FESTIVAL.

É imprescindível e necessário registrar que todas as classes, tanto do curso ginasial, quanto do colegial, científico e normal cabiam dentro do Salão Nobre que, embora hoje não pareça tão grande e não tenha a capacidade de abrigar tantos alunos e seus professores, naquela época era enorme e abrigava com muita majestade e dignidade os cultos professores e seus discípulos daquelas gloriosas e saudosas décadas.

Uma festividade qualquer, quando era realizada no Salão Nobre do Colégio, se revestia de uma formalidade invejável, maravilhosa e inesquecível.

Nesse Salão Nobre, além das reuniões normais em que o diretor e os professores tinham a necessidade de repassar aos seus alunos alguma inovação, algum aviso especial, algum comunicado de ordem interna ou até externa e relacionada ao contexto municipal, estadual ou nacional, eram realizadas as festividades de entrega de diplomas, apresentações musicais, artísticas e literárias, organizadas pelos professores, algumas vezes com a participação destes e, sem dúvida, com a participação essencial de seus prestimosos alunos.

Nesse Salão Nobre, ficaram eternizadas na memória de todas aqueles que puderam, de alguma forma, participar dessas reuniões ou apenas presenciar, as lindas e inesquecíveis apresentações do Coral do Colégio, organizado, treinado e dirigido pelas professoras de Música e Canto Orfeônico Aurora, Germânia Margoni e o professor Bruno, as magníficas manifestações individuais de vários alunos daquela época, os discursos clássicos, catedráticos, culturais, cheios de conteúdo cívico e fluentes dos queridos mestres, Reverendo Oswaldo Alves, Jofre Alves Furquim, Imídeo Giusepe Nérice, Rosalvo Madeira Cardoso, Raul Pedroso de Moraes, Gad Aguiar, Gustavo Leopoldo Marissäel de Campos, José Domingos da Silveira, Antonio Oirmes Ferrari, Expedito Camargo Freire, Wilson Antonio Amato, José Firmino de Mello, Cecília Almeida Leite Murayama, Anna Maria Barbosa,Guido Machado Braga,Vanda Kara José Pinheiro, João Gualberto Mafra Machado, Douglas Peres Belomo, Georgina Del Bianco, Maria José Ávila, Aparecida Miranda, entre tantos outros.

Em quase todas essas reuniões havia algo marcante e que nos impede de esquecer aqueles momentos maravilhosos.

Para mim, uma oportunidade que jamais poderei esquecer aconteceu no final da década de cinqüenta, provavelmente, no ano de 1958. Era época de outono, já bem próxima do inverno. A temperatura já havia sido alterada bruscamente, e os primeiros sinais da estação fria já eram sentidos.

Era uma tarde fria e uma garoa marota a vestia de um rigor ainda mais intenso.

Fomos convocados para nos dirigirmos até o Salão Nobre, para comemorarmos, internamente, o Dia da Cidade que, como sempre, e com todas as pompas de costume, seria festejado no centro da cidade, no dia 29 de abril, com o tradicional desfile comemorativo, abrilhantado pela nossa simples, porém, grandiosa fanfarra.

No Salão Nobre, após manifestações costumeiras, onde vários queridos professores usaram, sabiamente, das palavras para ressaltar a importância da data a ser comemorada, também alguns representantes do corpo discente recitaram poesias e leram trabalhos previamente escritos.

Na seqüência, algumas alunas do curso normal apresentaram um jogral, lendo um trabalho muito interessante escrito por elas, em que todas as frases continham de maneira muito habilidosa o nome ou o sobrenome dos professores.

Depois de passados quase cinqüenta anos, seria muito se eu conseguisse me lembrar de todas as frases. De alguns pequenos trechos me lembro ainda. Eram mais ou menos assim : “Nas manhãs Claras (professora Clara Perret) dos Domingos da Mantiqueira (professor José Domingos da Silveira) andamos por Campos (professor Gustavo L. M. de Campos) cobertos Del Bianco de geada (professora Georgina Del Bianco), revestidos dos tons Rosalvos do céu de inverno e atravessamos pequenas pontes de Madeira (professor Rosalvo Madeira Cardoso). Tentando antecipar nossa caminhada, pegamos carona num veículo onde o Gad estava a guiar (professor Gad Aguiar). Um dos colegas alertou: mesmo de carro a viagem não será rápida, pois o caminho é Pedroso e demorais (professor Raul Pedroso de Morais)” . . . É mais ou menos isso e muito mais, com alguma coisa que improvisamos e que pode não ser igual ao realmente escrito e declamado naquela oportunidade.

Na seqüência, uma das alunas do curso normal, juntamente com sua irmã gêmea, a Irene e a Irma, filhas de um dentista que tinha consultório em Vila Jaguaribe, o Dr. Irineu Gonçalves, se apresentaram cantando e tocando violão.

Jamais poderei me esquecer daquele mágico momento. Muitos colegas, inclusive eu, estavam vivenciando os primeiros e inesquecíveis sinais da primeira paixão de adolescentes. Paixões estas, muitas vezes, secretas e silenciosas, sem que a outra parte jamais tenha tomado conhecimento.

Como sempre, todos os garotos nessa fase de transição, entre a infância e a adolescência, são bem deselegantes fisicamente e pouco despertam a admiração das meninas. O mesmo não ocorre com relação às meninas, pois, nessa fase de transição, já se apresentam lindas e belas, com um corpinho em formação, porém, lindo e maravilhoso, fazendo transparecer sob as vestimentas todo o desabrochar da beleza que em breve as transformará em lindas, graciosas e exuberantes moças.

As duas colegas que se apresentaram naquela data já eram mocinhas, lindas e apaixonantes, com tudo nos seus respectivos lugares. Tocaram e cantaram a maravilhosa música de Tito Madi, intitulada CHOVE LÁ FORA. Realmente, tudo veio a calhar. A música linda e enternecedora, a paixão encubada, a tarde fria e chuvosa, como dizia na música, o visual lindo e maravilhoso daquelas duas jovens...

Saímos de lá mais apaixonados, talvez, até por aquelas lindas moças, já que nossa paixão incontida, porém sem endereço certo, nos deixava num grande dilema que nunca foi devidamente esclarecido.

Durante muito tempo não conseguimos tirar da cabeça aquela música e aquelas duas colegas por quem rendemos nossas mais puras homenagens, durante vários momentos de nossa juventude.

Em anos posteriores, outros colegas, também se apresentaram brilhantemente naquele saudoso Palco, brindando a todos com verdadeiros “shows” de violão e músicas diversas. Um deles, nosso querido colega do curso ginasial, da turma de 1963, o Paulo Roberto de Almeida Murayama, o “Shisutinho” como era chamado, em homenagem ao seu querido pai, Dr. Shisuto José Murayama, Engenheiro Agrônomo da nossa Casa da Agricultura, idealizador e grande incentivador das nossas famosas e saudosas Festas da Maçã, da década de 1950.

A única coisa que podemos dizer com certeza absoluta é que aqueles foram momentos muito especiais e inesquecíveis de nossas vidas. Momentos que nos trazem saudosas, gratas e felizes recordações de um tempo bom e maravilhoso que, infelizmente, não volta mais, senão em nossas lembranças de eternos adolescentes, apaixonados pelo nosso querido CEENE, por nossos colegas e professores e pelo seu majestoso Salão Nobre.

Edmundo Ferreira da Rocha

Veja abaixo vídeo com a Canção "Rancho Fundo", gravada por Shisutinho Murayama (Paulo Murayama).

10/01/2005

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

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