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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Foto antiga emociona filha. 


Foto antiga emociona filha.

Na foto, dentre outros: Mascote, Tião da Rita, Mocotó e Índio.

 

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Foto antiga traz alegria e emociona filha que nunca tinha visto a imagem do pai.

Inicialmente, no ano de 1976 – portanto, há trinta e dois anos –, comecei um trabalho com o principal objetivo de perpetuar a história de Campos do Jordão, por meio de fotografias. Esse trabalho com o objetivo de resgatar, comprovar, testemunhar e perpetuar a imagem, a memória, a cultura e a história de Campos do Jordão, através da visão fotográfica, por mim idealizado, está à disposição para utilização em projetos de cunho social, educacional, beneficente, filantrópico, histórico, ou qualquer outro que venha a prestigiar, enaltecer e elevar o nome de CAMPOS DO JORDÃO, sua cultura e história, desde que não venha envolver interesses econômicos ou especulativos. Esse trabalho foi, logo depois de iniciado, paralisado por mais de vinte anos, por diversos motivos, já comentados em crônicas anteriores, e reiniciado a partir do ano de 1997.

Hoje, com um acervo de aproximadamente dez mil fotos, catalogadas e separadas em diversos assuntos e categorias, tenho auxiliado em muitas pesquisas, em vários trabalhos, inclusive curriculares, para conclusão de cursos regulares de segundo grau e nível superior, em catálogos, notícias em jornais e revistas e, também, em livros com assuntos múltiplos que visam registrar e perpetuar a história da nossa Campos do Jordão, para o futuro e, quiçá, para a posteridade. É um trabalho incansável e constante, sem nenhuma finalidade lucrativa, que nunca contou com nenhum auxílio ou patrocínio de qualquer natureza, que tem dado muita alegria e satisfação, além de contribuir para a divulgação e registro da nossa cultura e história.

Uma coisa que, a princípio, nunca poderia esperar, que jamais havia pensado em tal hipótese, é que algumas dessas fotos antigas poderiam, em determinada oportunidade, ser úteis para alegrar o coração de uma filha que nunca havia visto a imagem de seu pai.

Pois foi exatamente o que aconteceu. Um dia, conversando com um vizinho e amigo, Dr. José Paulo Lopes, este me contou a história de uma moça, sua amiga, que trabalha e executa serviços particulares de manicure para as pessoas de sua casa. Disse-me que ela estava, há muitos anos, procurando conseguir uma foto ou imagem de seu pai que, infelizmente, nunca havia conhecido. Disse-me, também, que o pai dela, já falecido, havia morado em Campos do Jordão nas décadas de 1950 e 1960 e foi mais conhecido como ÍNDIO. Imediatamente falei: “O único Índio que conheci aqui em Campos do Jordão tinha o nome de Maximino”, ao que ele confirmou: “É esse mesmo”. Daí em diante a conversa procurou trazer um pouco da história desse homem tão procurado que, também, infelizmente, não conheceu a filha. Lembrei que o Maximino, ou Índio, havia vindo para Campos do Jordão juntamente com a família do Dr. Salles, Advogado aposentado que veio de Belém do Pará, com toda sua família, para Campos do Jordão, em busca do clima para auxiliar na cura da tuberculose. A família do Dr. Alberto Frota Salles era composta por D. Maria Iracema – sua esposa, um filho – o nosso saudoso companheiro e colega de ginásio, de tantas histórias gratificantes, Silvio Mesquita Salles –, de duas irmãs, a Ana Lucia e a Ana Luzia, e mais três filhos adotivos, todos eles filhos de índios, com certeza de alguma tribo do Estado do Pará, a Maria Estela, mais conhecida por Estrela, a Vitória e o Maximino, o Índio.

O Índio, além de outras atividades aqui em Campos do Jordão, trabalhou durante muitos anos na Padaria Santa Clara, existente até hoje, o mais antigo estabelecimento comercial da cidade. Nessa época, pertencente ao saudoso amigo Victor Gonçalves, e até hoje sob a direção de um de seus herdeiros, o amigo Valtinho.

O Índio também foi um bom esportista, gostava de correr e jogar futebol, pertenceu a diversas agremiações esportivas da cidade, entre elas o Clube Palmeirinhas, da Vila Britânia, time de futebol que, quase sempre, foi dirigido com muita garra, amor e dedicação pelo saudoso seu Joaquim Galvão de França.

A família Salles mudou-se de Campos do Jordão para São Paulo, no início da década de 1960, porém o Índio continuou morando e trabalhando aqui na cidade.

Lembramos que o Índio faleceu muito jovem. Acredito que no final da década de 1960. Não conseguimos lembrar, e consultando outros amigos comuns, também não nos lembramos do motivo que o levou ao falecimento.

Pois bem, depois dos esclarecimentos necessários para a mínima identificação do Índio, vamos voltar ao caso da foto antiga que serviu para alegrar o coração de uma filha que nunca havia visto a imagem de seu pai.

Na oportunidade em que conversava com o vizinho e amigo, lembrei-me de que, em meu acervo fotográfico, havia uma foto do time de futebol Palmeirinhas, da Vila Britânia, em que o Índio estava entre seus jogadores. Fiquei de localizar a foto, tirar uma cópia e entregá-la ao amigo, para que fizesse chegar às mãos da filha, ansiosa por ver a imagem de seu pai. Localizei a foto e, além da cópia prometida, por meio dos recursos do Photoshop, isolei o Índio dos demais companheiros do time de futebol e coloquei-o sozinho numa foto individual, entregando-a ao vizinho e amigo.

Depois de alguns dias, recebi as informações esperadas sobre a entrega das fotos à filha que desconhecia a imagem do pai. Segundo meu amigo e vizinho José Paulo Lopes, foi momento histórico, emocionante e inesquecível, de rara beleza; todos os presentes acabaram chegando às lágrimas ao presenciar a felicidade e alegria da moça de nome Flávia.

Vejam a que ponto uma foto antiga, pertencente a um acervo fotográfico que, a princípio, visava, tão-somente, registrar e perpetuar parte da história e da cultura de Campos do Jordão, ficou muito mais importante do que podíamos imaginar, capaz de alegrar o coração de uma filha que buscou, durante muitos anos, ver a imagem do pai que nunca chegou conhecer.

Com certeza, o Índio, na floresta divina em que estiver, em companhia de sua tribo celestial, também deve ter ficado feliz e emocionado com esse encontro, quase que virtual, emocionante, de rara beleza.

Edmundo Ferreira da Rocha

21/01/2008

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=51

 

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