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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Guilherme de Almeida, Principe dos Poetas, em Campos do Jordão 


Guilherme de Almeida, Principe dos Poetas, em Campos do Jordão

Guilherme de Almeida - Academia Brasileira Letras-Década 1930

 

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Guilherme de Almeida - Década 1950

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Guilherme de Almeida, homenageado pelo Cônsul da França em Campos do Jordão-16.07.1949-Foto Diário SP.

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Guilherme de Almeida e a Casa do Poeta em Campos do Jordão-Ano 1949

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Vila Simonsen-Campos do Jordão, onde D. Raquel e Dr. Roberto Simonsen recebiam Guilherme de Almeida.

 

GUILHERME DE ANDRADE E ALMEIDA (Campinas, 24 de julho de 1890 — São Paulo, 11 de julho de 1969)foi advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. Entre outras realizações, foi o responsável pela divulgação do poemeto japonês haikai no Brasil. 11 de julho de 1969.

Foi casado com Belkis (Baby) Barroso de Almeida, cuja união gerou um filho, Guy Sérgio Haroldo Estevão Zózimo Barroso de Almeida, que foi casado com Marina Queirós Aranha de Almeida.

Combatente na Revolução Constitucionalista de 1932. Sua obra maior de amor a São Paulo foi seu poema Nossa Bandeira. Ainda, o poema Moeda paulista.

Foi presidente da Comissão Comemorativa do Quarto Centenário da cidade de São Paulo.

Guilherme de Almeida pertenceu só episodicamente ao movimento de 1922. Não bastasse sua produção poética, suas atitudes comprovam essa afirmação : foi o primeiro "Modernista"a entrar para a Academia Brasileira de Letras (1930). Em 1958, foi coroado o quarto "Príncipe dos Poetas Brasileiros" (depois de Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano).

Encontra-se sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista, na capital de São Paulo. Fonte da biografia (extrato): Wikipedia

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GUILHERME DE ALMEIDA, PRÍNCIPE DOS POETAS

“A subida é para o sonho; a descida para a vida”.

1. Guilherme de Almeida foi um dos mais assíduos freqüentadores da famosa Vila Simonsen, privando da convivência de Raquel e Roberto Simonsen em Campos do Jordão.

Mais do que escreveu, cantou a “Montanha Magnífica”, como se pode ver no livro “O Anjo de Sal”(1949-1951), quando ofereceu “6 Haikais para Campos do Jordão” 1

1. Campos do Jordão

Vão duas meninas De “sweater”de lã. Cheira a éter. Ondas de colinas.

2. O “Lago dos Haikais”

Esvoaça a libélula. Esponja verde. Uma concha. O lago é uma pérola.

3. Marcha Nupcial

Ventos leves bolem. Tem lerdos gestos os cedros Ao vôo do pólen.

4. Árvores de Outono

Na casca, a ferida é como mercúrio cromo. A folha esquecida.

5. Presença

Hora sem ninguém. No manso ondear do balanço De lona está alguém.

6. “Puzzle”

A vida aos pedaços Nos trilhos destes ladrilhos Dos longos terraços.

Haikai é a poesia japonesa de dezessete sílabas em três versos: o primeiro de cinco, o segundo de sete e o terceiro de cinco.

Define-se Haikai: “a anotação poética e sincera de um momento de sublimação”.

Encantado com a paisagem serrana e os benefícios que o clima puro e saudável proporcionavam à sua saúde, o poeta, por diversas vezes, em 1949, escreveu sobre Campos do Jordão em sua coluna “Ontem-Hoje-Amanhã”, do “Diário de São Paulo”.

Na crônica intitulada “Do Alto do Itapeva”, de 24 de fevereiro daquele ano, em Campos do Jordão, escreveu: “A estrada estreita e sinuosa vai galgando em rampas curvilíneas a altura maior deste contra-forte paulista da Serra da Mantiqueira.

Passaram os campos ondeados com suas araucárias, suas “villas”, seus hotéis suíço-normando-tiroleses. Transmuda-se a vegetação.

A mata, em torno, é espessa e emplumada, toda de um bambu fino que ultrapassa as copas e estende nas distâncias folhudas um “edredon”verde.

Vai subindo o caminho, sob os pneumáticos fortes a grande Cadillac conversível, a capota baixada sob o céu limpo da tarde incipiente. Há, contra os barrancos baixos, troncos de árvores cortados para postes e moirões, a base queimada para que não rebentem em folhagem. Vai subindo. Agora, afinal, é o pico do Itapeva.

Mais de dois mil metros de altura.

Uma pequena rotunda, parte de rocha áspera, parte de areia de praia. E uma cruz tosca, meio torta, espetada na corcova majestosa. E a amplidão estirada lá em baixo e lá longe. Muito lá em baixo e até muito lá longe.

Todo o Vale do Paraíba. O fitilho de prata do rio está cheio de nós grossos: as enchentes. E as cidades se apinham - minúsculas “maquetes” - desordenadamente ao longo, muito longo, do vale verde-água E os olhos vão adivinhando e contando. Aqui é Pinda; ali, Guaratinguetá; além Taubaté; lá está São José dos Campos; aqui está Aparecida...

Meu tão grande São Paulo tornado tão pequeno visto da altura na distância! Altura e distância no espaço... Mas...

E o pensamento me vem de querer imaginar São Paulo visto de uma altura e uma distância no tempo.

Por exemplo... E a deusa coincidência me vem em auxilio. Penso no dia em que estou: 24 de fevereiro, 57º aniversário da Constituição de 1891.

É, no tempo, para uma pátria moça, uma altura e distância tão respeitáveis. Recordo o espírito e a letra, perfeitos ambos, da Carta que foi estraçalhada em 1930. E daí, desse pináculo e dessa perspectiva, espio o São Paulo de hoje: parece-me, como esse que o Itapeva me mostra, também pequeno, pequenino, pequenininho...”

Depois de descrever a subida do Pico do Itapeva, Guilherme de Almeida, em outra crônica “Descida” também escrita na “Montanha Magnífica”em 26 de fevereiro de 1949, alinhou:”O auto descamba pelas três serras do maciço, sob uma chuvarada clara que se vai, aos poucos, abrindo em sol.

Há um cheiro misturado de terra molhada, lírios-do-vale e erva-cidreira. Nas matas, pelas encostas mornas e suaves, a flora de quase outono é toda colorida: a folhagem alvo-cinzenta das urtigas brancas, o roxo litúrgico das quaresmeiras, o rosado forte das paineiras.

Ah! as paineiras! Elas predominam, emborcadas sobre pedaços de paisagem serrana, como altas redomas de coral.

Ah! as paineiras! Parece que os anjos do crepúsculo na sua onda calada para o acidente, roçaram as copas elevadas dessas árvores e deixaram, entre os galhos, longos, longos farrapos de seus véus rosados.

Flores de altura! Flores que ninguém colhe!

Elas não são como as terrenas flores de renúncia que sempre ao alcance de qualquer gesto, mansamente resignam o seu próprio fruto para ir morrer, moças, na trama de uma “corbeille”, no vaso de um altar, no mármore de um túmulo, ou sob a lâmpada estudiosa, junto a um desconhecido que pensa ao lado do retrato de uma desconhecida...

Não, elas pairam, altivas, inacessíveis, como um céu cor-de-rosa. Vivem completamente, completamente a sua vida, até envelhecerem, alvas, encanecidas pela neve morna da paina, e voarem no seu branco vôo de alma, e irem encher a almofada lânguida em que uma cabecinha, feliz ou torturada, há de mergulhar um sonho ou uma insônia, um beijo ou um soluço...”

Em julho de 1949, Guilherme de Almeida datou em Campos do Jordão a crônica “O Caminho que Desce”, de singular beleza: “Tantas vezes, durante tantos anos, tenho descido este caminho que vem das montanhas. (Tenho subido também, é claro. Mas a descida é mais preocupante. A subida é para o sonho; a descida, para a vida)

E têm sido todas iguais, inteiramente iguais, as descidas pela estrada aprendida de cor.

Sempre o verde espetado dos pinheirais na altura; sempre a pedra do Embu azul-escuro no céu azul-claro; sempre os marcos quilométricos pintados de amarelo, com seus duzentos algarismos decrescentes; sempre a olaria pardacenta na raiz da primeira serra; sempre os restos mortais da Velha Buquira, como alvas ossadas, entre os cafeeiros macróbios ainda plantados por braço escravo; sempre, à entrada de São José dos Campos, a ponte arqueada e estreita sobre o Paraíba, em que eternamente está passando uma boiada lerda que atrapalha; sempre a fuga precipitada dos paralelepípedos e trilhos de Jacareí, Mogi das Cruzes, Susano e São Miguel, engolidos pela fúria dos pneus gulosos; sempre a cruz de lâmpadas elétricas na torre da Igreja da Penha pejada de milagres; sempre o Braz atravancado de gentes e trancado por porteiras; sempre o abrir-se das malas empoeiradas do “Enfim!”, da casa quieta com chinelos e “chambre”...

Sempre igual tem sido o caminho que desce.

Mas, desta vez, foi diferente, porque não foi na terra, mas no céu que eu vi a estrada que me trouxe.

Via através de uma calota de cristal emborcada sobre a Cadillac magnífica, como a carapaça sobre uma tartaruga. Redoma? Vitrina? Aquário?... é um desses estreantes “fiber-glass top”, uma dessas capotas em matéria plástica transparente, que cobria o grande carro conversível, armoriado com chaveirão e os melros da sua heráldica marca-de-fábrica.Nariz para o céu na cabeça recostada ao encosto do estofo revestido de nylon impermeável, vi nas nuvens e nas estrelas o caminho que desce.

Apenas nas nuvens e nas estrelas.

Lá em cima, nas primeiras madrepérolas do crepúsculo, eram quatro ou cinco cirros de rosa e açafrão num fundo de seda verdolenga, que se foram desbotando em cinza.

E Vésper acendeu-se, diamantina, no Poente, e foi correndo com o farolete da direita enquanto no Levante outro planeta enorme chispava, como o farolete da esquerda. E o Cruzeiro benzeu-se no zênite. E o Escorpião inteiro, desenroscou a cauda toda, com Antares fluorescentes no seu coração.E o caminho de São Tiago corria no céu paralelo ao meu caminho na terra que eu não vi.”

Nessa última crônica, Guilherme de Almeida descreveu o itinerário Campos do Jordão - São Paulo que se fazia pela velha rodovia SP-50 (Campos do Jordão-São José dos Campos) e que depois demandava a Paulicéia através da antiga estrada Rio-São Paulo.

Da quietude da antiga Vila Simonsen, em Vila Capivari, mais tarde, destruída pelo fogo, o autor de “Poesia Vária”, observou: “Porque chamam a Campos do Jordão a “Suiça Brasileira”, e porque aí nos dias passados da última Semana Santa, abrigado numa nobre mansão, senti, como nunca, os apelos do silêncio, da sombra e da solidão... pensei naquele noturno Castelo de Muzot, onde viveu como pode,e, em dezembro de 1926, morreu como quis, de sua própria morte e não da “morte dos médicos” Rainer Maria Rilke. E tive o poeta ao meu lado, num feixe de seus poemas divinatórios”.

E passou a evocar Guilherme de Almeida os mais belos textos do poeta morto...

E quando visitou a bela poetisa Maria Thereza Galvão Bueno, autora de “Tríptico”, observou em sua crônica no “Diário de São Paulo”, de 7 de novembro de 1948: “Em Campos do Jordão, pelo mês de fevereiro deste ano de 1948, à tarde em que eu ia ser apresentado a uma flor brasileira de inteligência, mocidade e beleza.

A moça faz versos...

Está morando na Casa de Pedra, diziam-me.

Esses verões naquelas montanhas suavíssimas tem repentinas surpresas. Ora, eis que se rompe um toldo pejado de nuvens baixas e grossas, ora, um aguaceiro forte, todo varado de sol, cai franjando as distâncias.

Mas logo se abre a cortina de miçangas para a paisagem lavada, luminosíssima de poente e toda cheirosa a terra e as folhas molhadas. E quando o Cadillac desce, enfim, as escarpas de pedregulho, rumo à Casa de Pedra, um duplo arco-íris arma-se em frente, como um largo portal escancarado, de horizonte a horizonte, as pontas fincadas no flanco redondo de duas colinas macias.

E no azul muito puro e leve, sob a arcada espectral das sete cores, uma pomba branca vai voando alto, seguindo o auto...

“O Arco-da-Aliança, a Pomba da Paz... Que mais promissor convite e acolhedor ingresso à casa onde estava morando a Poesia?”, pensei.

Porque Maria Thereza Galvão Bueno é toda a Poesia”.

2. No Hotel Rancho Alegre, em 16 de julho de 1979, na “Montanha Magnífica”, o poeta Guilherme de Almeida, da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com a Cruz da Legião de Honra pelo Cônsul Geral da França, Robert Valeur.

A cerimônia, embora singela, ocorreu diante da “Casa do Poeta”, criada por Jacques Perroy, em Descansópolis, à qual compareceram destacadas autoridades municipais e estaduais.

O Cônsul, depois de abordar o intercâmbio cultural franco-brasileiro, discorreu sobre a magia cultural da língua francesa: “Para vós, o francês é uma língua que, além de sua beleza intrínseca, é um instrumento de cultura, a chave de toda uma literatura, de toda uma filosofia, cuja penetração parece vos haver tornado melhores e mais felizes... A vós, os mais velhos, compete dizer-lhes que a França, que, vista por um brasileiro moço, deve parecer velha e encarquilhada, é, na verdade, um pais moço e cheio de vida, um país fervilhante de idéias, às vezes, contraditórias, freqüentemente, um tanto loucas, mas que - temos fé nisso - dessa efervescência hão de surgir as soluções para os nossos problemas comuns”. Depois, dirigindo-se a Guilherme de Almeida, proclamou: “Tão bem compreendestes nosso pensamento, sabeis tão espantosamente exprimi-lo na vossa língua portuguesa, tão rica, cheia de nasais matizadas,de ditongos sensuais como os do francês, que ora vos saúdo como o mais delicado, o mais delicioso tradutor das melhores poesias dos nossos grandes poetas, particularmente, de Baudelaire e de Verlaine.Muitas traduções tenho lido desses poetas, em língua espanhola, em língua inglesa. Nenhuma jamais me pareceu tão própria, tão exata, tão pura na perfeita compreensão da forma inimitável de um Baudelaire ou de um Verlaine, de uma forma que vós, Guilherme de Almeida, soubestes ressuscitar miraculosamente intacta, com as mesmas sílabas, os mesmos sons, os mesmos perfumes, em toda a sua magia musical... O poeta é uma coisa alada, dizia Homero, para formular o inexplicável. Só um poeta de raça poderia chegar, pela graça de sua alquimia, a encontrar em outra língua as aladas encantações das “Fleurs du Mal”e dos “Romances sans Paroles”... O Governo francês, que tenho a honra de representar aqui, saúda em vós o fino conhecedor do nosso gênio, o missionário desse nobre ideal que nos é comum. Conferindo-vos a sua mais alta distinção honorífica, quis ele honrar, também, tantos quantos no Brasil conservam nesse ideal uma inabalável fé.” Agradecendo, Guilherme de Almeida intitulou a França como “a pátria em que se encontram todas as pátrias, quando é hora de sentir, pensar e agir”, e, humildemente, proclamou-se “um simples poeta de São Paulo, que sempre se encontrou em seus versos com os poetas da França, e que por isso, só por isso, sem nada haver dado, tem que receber, além do muito que já lhe deram seus mestres gauleses da “gaie science”, o muitíssimo que ora lhe dá a pátria generosa e heróica da canção e da baioneta”. Concluindo, o poeta recitou, em sua versão portuguesa, como prece gratulatória, um poema de Gabrielle D’Annunzio, em homenagem à França.

Encerrando a cerimônia, Jacques Perroy referiu-se orgulhosamente ao fato de se encontrarem, sob o teto do Hotel Rancho Alegre, à época de sua propriedade, representantes de duas culturas amigas, da França e do Brasil. 2

O grande milagre da poesia de Guilherme de Almeida, escreveu Sérgio Milliet, foi o de ter alcançado a popularidade sem nada ter perdido de requinte. “Poesia aristocrática, feita de sutilezas técnicas, atinge, no entanto, um vasto círculo de leitores”. 3

Em “Betelgeuse”, encontra-se a magia inebriante de seus versos, como por exemplo, em a

Segunda Canção do Peregrino

Vencido, exausto, quase morto, Cortei um galho do teu horto E dele fiz o meu bordão.

Foi minha vista e foi meu tato: Constantemente foi o pacto Que fez comigo a escuridão.

Pois nem fantasmas, nem torrentes, Nem salteadores, nem serpentes Prevaleceram no meu chão.

Somente os homens que me viam Passar sozinho, riam, riam, Riam, não sei por que razão.

Mas, certa vez, parei um pouco E ouvi gritar: “Aí vem o louco Que leve uma árvore na mão!”

E, erguendo o olhar, vi folhas, flores, Pássaros, frutos, luzes, cores... Tinha florido o meu bordão.

Em 1959 Guilherme de Almeida foi considerado o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, distinção que, anteriormente, receberam Olavo Bilac (1902 ), Alberto de Oliveira (1918) e Olegário Mariano (1937).

A sua bibliografia reúne mais de 50 obras.

Aos 78 anos de idade, em sua casa na rua Macapá, sentado na cadeira predileta, já alta madrugada, junto à janela, sob a luz do abajur, fumava sem parar e sorvia goles de whisky.

Agravara-se o seu velho mal e a doença instalou-se gravemente em seu corpo. A sua morte ocorreu em São Paulo a 11 de julho de 1969, dois dias após as comemorações da Revolução Constitucionalista de 1932, da qual Guilherme de Almeida fora um dos seus mais ardorosos poetas.

Assistia-o, entre outros, o médico jordanense, Dr. Francisco de Moura Coutinho Filho, seu amigo desde os tempos idos de Vila Simonsen.

O pavilhão de São Paulo, como era de costume, estava desfraldado à frente de sua residência, e, de seu leito de morte, o poeta da Revolução, através da porta envidraçada, viu-o tremulando ao vento.

Horas antes de falecer, Guilherme de Almeida pediu ao médico, auxiliado pela enfermeira, que o levantasse um pouco do leito, e, olhando a porta envidraçada, disse:

A Bandeira de São Paulo... a Bandeira da minha terra...

Depois, muito enfraquecido, pediu:

Levante-me, mais um pouco, por favor...

Mas o que você quer, Guilherme?

Eu quero ver agora a face de Deus...

Não tardou muito, cerrou os olhos para sempre.

NOTAS: 1 - “Toda a Poesia”, de Guilherme de Almeida, tomo VI, Martins, S.Paulo, 1962. 2 - Revista da Academia Paulista de Letras nº 47, 12 de setembro de 1949. 3 - “Diário Crítico”, de Sérgio Milliet, vol. V, Martins, S.Paulo, 1981.

Livro “A Montanha Magnífica” (Memória Sentimental de Campos do Jordão) - 2º volume. 1997 da Autoria de PEDRO PAULO FILHO - “O Recado Editora Ltda.” Rua Antonio das Chagas, 77 - 04714-000 - São Paulo - SP. - Tel/Fax: (011) 521-4242

20/09/2010

 

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