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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Manhã de inverno 


Manhã de inverno

Manhã de Inverno em Vila Capivari - Década de 1970 - 5º (Negativos)

 

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Raia o dia. Começa a brilhar o Sol no horizonte distante.

Astro Rei, Luz da Vida. Raios ainda fracos, amarelo-avermelhados.

Começam a aparecer os campos e montes, a vegetação exuberante, os pinheirais gigantes.

Riachos preguiçosos deslizam pelos vales. Sobre eles, uma leve névoa indica que a água está geladíssima.

Os arbustos, o capim de cobertura das montanhas e vales, a vegetação nativa estão cobertos por uma crosta de gelo muito branco e granulado, dando-lhes decoração de natal europeu.

Os trilhos do bondinho parecem ter luz própria. Os raios do Sol sobre a camada fina de gelo que os encobre torna-os reluzentes.

Cavalos e bois, cães e gatos parecem encolhidos em virtude do frio intenso, procurando um lugar ao sol para se aquecerem, soltando grossas baforadas de fumaça pelas bocas e ventas.

Crianças passam correndo, com roupas multicores, rumo às escolas, levando nas costas a mochila com o material didático. Homens e mulheres andam apressadamente, procurando vencer o frio, em direção aos seus trabalhos.

É um desfile de roupas grossas e coloridas. Cada um se agasalha como pode: com japonas, cobertores enrolados no corpo, ponchos, casacos, malhas etc. Vale tudo na luta contra o frio. Uns usam chapéus, outros gorros de lã ou toucas, para cobrir as cabeças, protegendo-as da brisa gelada. Grossos cachecóis são enrolados em volta do pescoço, cobrindo até o rosto acima e abaixo do nariz. Algumas charretes e troles começam a aparecer, rumo aos pontos de aluguel. Cavalos soltando fumaça pelas narinas vencem, aos poucos, as distâncias, parecendo filme em câmara lenta.

A passarinhada já voa por todo lado, dando vida à paisagem gelada, alegrando o dia. Verdadeiros concertos são ouvidos. Há trinados em várias vozes e tons.

Alguns automóveis começam, também, a aparecer. Uns iniciam viagens, outros rumam para a labuta diária.

Os ônibus e o bondinho já começam a trafegar, completamente cheios de passageiros. Os vidros fechados ficam completamente embassados devido ao choque da temperatura interna com a externa. As casas, desde as mais humildes até as mais pomposas, com seus telhados cobertos por uma camada de gelo reluzente, dão à paisagem uma beleza sem igual. Das chaminés especiais, feitas de diversos materiais sofisticados, e daquelas mais simples, feitas com pedaços de cano ou de manilhas, ainda sobe um resto de fumaça, do fogo da noite anterior, ateado nas ricas lareiras ou nos pobres fogões de taipa, que deu condições às famílias para suportarem o frio.

O Sol começa a levantar com disposição, derretendo o gelo que tudo encobre, mostrando um céu azul anil, completamente límpido, prenúncio de um dia maravilhoso, com temperatura externa bastante amena, em torno dos dezoito graus centígrados, suportável e deliciosa.

É assim uma manhã de inverno nestas montanhas magníficas e inigualáveis dos Campos... do Jordão !

Edmundo Ferreira da Rocha

10/06/1988

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=26

 

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