Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Mercadinho Jordanense e os Irmãos Miranda 


Mercadinho Jordanense e os Irmãos Miranda

Juvenal Rocha Pinheiro, o Daval e Chiquinho Akamine (Shosuke Akamine), em frente ao Mercadinho Jordanense quando haviam colhido copos de leite no terreno ao lado, para o dia de Finados, na década de 1950.(Foto - acervo Lincoln Parra Vasquez

 

Clique para Ampliar!

Juvenal Rodrigues Pinheiro, o Daval e Lincoln Parra Vasquez, em frente ao Mercadinho Jordanense quando haviam colhido copos de leite no terreno ao lado, para o dia de Finados, na década de 1950. (Foto ; acervo Lincoln Parra Vasquez)

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

O minúsculo “Armazém de Secos e Molhados”, como era costume dizer antigamente, de cujo nome jamais irei esquecer, “Mercadinho Jordanense”, fez parte da minha infância e me traz inúmeras e saudosas recordações. Em minha crônica “Meu Natal inesquecível”, conto grande e inesquecível lembrança ligada a esse mercadinho. Costumava-se dizer que esses armazéns, mercadinhos ou vendas, como também eram chamados, eram especializados em secos e molhados. Secos, devido à comercialização dos grãos, como arroz, feijão, grão-de-bico, e também por causa das farinhas, açúcar, sal e outros produtos secos; e molhados, por causa das bebidas em geral. Além desses produtos, esse mercadinho ou venda fazia jus ao nome: vendia, também, batatas diversas, legumes e até algumas verduras, linguiças diversas, carne seca, bacalhau, azeites e óleos para cozinha, e até leite e queijos. Vendia, também, cadernos, papéis de seda e impermeáveis, cartolinas, papéis para cartas e envelopes, papel almaço com pauta e sem pauta, lápis de diversas categorias, inclusive coloridos. Enfim, vendia um pouco de tudo.

Esse mercadinho atendeu, com muita eficiência, dedicação e cortesia, por muitas décadas – de 1940 até 1970 –, grande parte da população de Campos do Jordão, especialmente da Vila Abernéssia e adjacências.

Uma coisa interessante, que não pode deixar de ser registrada, é que grande maioria dos fregueses ou clientes desse mercadinho, armazém ou venda, quando necessitava de algum produto, passava no local para comprar e pedia para os proprietários. Quando não podiam ir ao local para efetuar a compra, mandavam algum de seus filhos ou até a empregada, buscar os produtos que necessitavam em suas casas. Os proprietários já estavam acostumados a vender e somente receber no final de cada mês. Assim sendo, mantinham no estabelecimento as famosas cadernetas especiais, separadas com o nome dos clientes. Nela iam anotando os produtos fornecidos, o preço total e as datas do fornecimento. No final do mês ou no início do mês seguinte, os clientes procuravam o armazém ou venda e, com base nas anotações dessas cadernetas, faziam o pagamento das compras efetuadas.

Lembro-me de que, infelizmente, meus pais não adotavam esse sistema de marcar em caderneta algum produto que necessitavam e dificilmente iam buscar. A situação financeira era tão precária que, se adotassem esse sistema, não teriam condição de pagar no final do mês. O mínimo que compravam somente acontecia quando minha avó ajudava ou quando, excepcionalmente, meu pai recebia algum pagamento por algum serviço realizado, mesmo quando afastado do serviço por motivo de doença ou quando recebia a mísera aposentadoria do I.A.P.I – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, que “amparava” os empregados da construção civil. Meu pai era excelente marceneiro e carpinteiro.

Esse mercadinho ficava localizado quase na esquina à esquerda da Rua João Rodrigues da Silva, que dá acesso à parte da Vila Ferraz.

Na mesma esquina, do lado direito, estava sediado o tradicional “Posto Fracalanza” de combustíveis em geral, que trabalhava com a tradicional bandeira da “Atlantic”. Esse posto, da década de 1940 até a década de 1960, pertencia ao saudoso Sr. Horácio Padovan. Posteriormente, esse posto de combustíveis foi totalmente remodelado e, no local foi a sede da tradicional Mantiqueira de Veículos Limitada – MANTIVEL, com oficina especializada e revendedora autorizada da Volkswagen do Brasil, tendo como um dos sócios o também saudoso Dr. Moacyr Padovan, um dos filhos do Sr. Horácio. Mais tarde, a Mantivel foi totalmente demolida e, em seu lugar, englobando outras áreas vizinhas, foi construído um grande prédio para abrigar um supermercado. Nesse prédio já estiveram estabelecidos os supermercados Paratodos, Rosado, Maktube e, atualmente, o Mercadinho Piratininga.

Há uns duzentos metros desse posto, já na atual Rua Júlio Carlos Ribeiro, ficava a inédita e tradicional chácara do meu avô Joaquim Ferreira da Rocha. Ele foi um dos pioneiros de Campos do Jordão e construiu a primeira casa de alvenaria da Vila Abernéssia. Eu nasci em uma pequenina e humilde casinha de madeira que meu pai construiu com a autorização do meu avô. Essa chácara de propriedade do meu avô foi posteriormente vendida, no início da década de 1950, à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, que lá instalou, durante muitos anos, até 2014, a sede da Obra Social ASSISO.

O tradicional “Mercadinho Jordanense” era de propriedade dos saudosos irmãos Miranda, o seu Francisco e o seu Toninho. Os proprietários eram, respectivamente, tio e pai do querido e saudoso amigo Francisco Neves de Miranda, que acabou ficando conhecido como Chiquinho da venda. Chiquinho tinha mais dois irmãos que foram meus colegas do Grupo Escolar Municipal Rio Branco, atualmente Escola Monsenhor José Vita, o Carlinhos, de saudosa memória, e o José Neves de Miranda que, felizmente, ainda está conosco.

No local do Mercadinho Jordanense, atualmente, está localizado o prédio de lojas comerciais “Pátio Dubieux”. Ao lado desse local e desse prédio, existia uma pequena casa de madeira onde morava uma tradicional família pioneira de Campos do Jordão que, infelizmente, não lembro o nome. No local dessa casa de madeira, atualmente, está sediada, em moderno prédio, a Agência da Caixa Econômica Federal – CEF, anteriormente, a nova loja de materiais para construção da família Pinelli.

Atualmente, somente as boas lembranças daquela época inesquecível, que permanece na memória e nas lembranças daqueles que tiveram a oportunidade de viver naquela época histórica de Campos do Jordão, especialmente da Vila Abernéssia.

Edmundo Ferreira da Rocha

25/12/2018

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=240

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -