O ator Floriano Pinheiro
Floriano Rodrigues Pinheiro, o ator descrito nesta crônica.
No final dos anos 30, o Chynema Jandyra era o grande centro artístico e cultural de Campos do Jordão, onde se reunia todo o pessoal que fazia teatro, assistia a cinema, promovia bailes carnavalescos e tentava fazer funcionar uma réplica de rádio emissora.
Havia excelente corpo de teatro, constituído por Floriano Pinheiro, Joaquim Cintra, Alzira de Assis, Noêmia Damas, Idalina Rocha, Lauro Richieri, Lauro Perez e Sílvio Santa Clara, entre outros.
Certa feita, levaram uma peça em que Floriano interpretou a figura do presidente do Estado, João Alfredo, que estava presente ao espetáculo, pois viera inaugurar o Sanatório São Cristóvão e o Preventório Santa Clara. A peça denominava-se "O Homem Chegou'.
João Alfredo ficou tão entusiasmado com o desempenho dos artistas que manifestou o desejo de levar o grupo teatral para apresentar-se ao público paulistano, mas o pessoal não topou a parada. Deu tremedeira.
Noutra vez, Floriano pediu emprestada a capa ensebada do João Maquinista, à esposa deste, Maria José, que, ao assistir à peça e a exemplar imitação feita por Floriano Pinheiro, ficou em dúvida, se era ou não seu marido que estava no palco ...
Mas a melhor interpretação de Floriano Pinheiro foi na peça “A Paixão de Cristo”, em que interpretou o papel de Jesus de Nazaré.
Para maior realismo das cenas, o pessoal amarrou Floriano na cruz com cordas e, para o final deslumbrante, a cruz seria erguida ao fundo do palco, vagarosamente.
Acontece que uma das cordas se soltou e foi apertar as partes genitais do ator, amarrado à cruz, que começou a gemer, primeiro, e depois a gritar de dor, para ao final começar a xingar, praguejar a dizer os diabos.
As pessoas sem perceber o incidente, ficam impressionadas com o realismo da cena e comentaram:
- Que grande ator esse Floriano! Que realismo tem esta cena!
Floriano, coitado, implorava pelo amor de Deus que abaixassem a cruz, para livrar-se das cordas que o apertavam nas partes baixas.
Floriano sofreu muito na cruz, mas que a peça teatral foi um sucesso, ah! isso foi ...
Nota: Estória relatada por Waldemar Ferreira da Rocha.
OBS: Do livro Estórias e Lendas do Povo de Campos do Jordão, da autoria de Pedro Paulo Filho,”O Recado, Editora Ltda.”,1988 - páginas 232 a 234.
15/01/1988
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