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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

O início da telefonia em Campos do Jordão 


O início da telefonia em Campos do Jordão

Alguns dos primeiros telefones magnéticos movidos a manivela e o primeiro telefone automático.

 

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O início da comunicação telefônica de Campos do Jordão coincide com os primórdios da Estrada de Ferro Campos do Jordão – EFCJ, que instalou as primeiras linhas a partir de 1915, para sua utilização e, também, para atender as vilas Abernéssia, Jaguaribe e Capivari. Esse importante serviço de comunicação telefônica, ao longo dos anos, dentro do possível, foi operado, mantido e melhorado pela própria EFCJ. Ampliado, passou a atender, também, Santo Antonio do Pinhal, Monteiro Lobato e São Bento do Sapucaí. Em 1927 foram construídas duas novas linhas telefônicas entre Campos do Jordão e Pindamonhangaba. Até quase final da década de 1950, os telefones utilizados em Campos do Jordão eram manuais, movidos à manivela pelo sistema magneto. As ligações, tanto locais como intermunicipais, somente eram realizadas com o auxílio das valorosas telefonistas que trabalhavam nos postos telefônicos localizados em Vila Abernéssia e em Vila Capivari.

Os aparelhos telefônicos dessa época, normalmente, quando ainda não eram os mais modernos, de mesa, eram afixados em paredes, providos de grande aparelho, com caixa de madeira. Tinham ao centro um pequeno microfone e ao lado dessa caixa, preso a um fio de uns quarenta centímetros de comprimento, um fone de ouvido móvel, preso a um gancho com função de ligar e desligar. Ao lado da caixa do telefone, havia uma pequena manivela giratória. Para fazer uma ligação qualquer, era necessário tirar o fone de ouvido da sua base ou do gancho como costumávamos dizer que, automaticamente, subia e possibilitava a continuidade da ligação. Na sequência, era necessário girar a manivela e aguardar que uma das telefonistas que trabalhava nos postos telefônicos das vilas Abernéssia e Capivari atendesse. Utilizando o fone de ouvido, era possível ouvir quando a telefonista atendia. Falando ao pequeno microfone, era necessário pedir para que ela providenciasse a ligação para o número desejado. Completada a ligação, era possível falar. Após falar, era necessário recolocar o fone no gancho que, automaticamente, desligava a ligação.

Os aparelhos de mesa, bem menores, tinham uma base e um pedestal de uns trinta centímetros de altura. Nesse pedestal, um pequeno microfone. Também preso a esse pedestal, um fio de uns quarenta centímetros de comprimento e, na ponta, um fone de ouvido móvel, que ficava preso a um gancho com função de ligar e desligar. Ao lado do pedestal havia uma pequena manivela giratória. Para se fazer uma ligação, o procedimento era idêntico ao acima mencionado, utilizado para os grandes telefones fixos e presos em paredes.

As ligações para a própria cidade eram rápidas e quase imediatas. As ligações interurbanas para cidades do Vale do Paraíba podiam demorar até algumas horas e, para outras cidades, especialmente São Paulo ou Rio de Janeiro, muitas vezes, demoravam até alguns dias.

A Estrada de Ferro Campos do Jordão, no ano de 1959, introduziu importantes melhoramentos no sistema telefônico por ela operado. O diretor da ferrovia, Henrique Ottajano, inaugurou, durante a administração do prefeito Dr. José Antonio Padovan (01/01/1959 a 31/12/1962), as Centrais de Telefones Automáticos das vilas Abernéssia e Capivari. As centrais telefônicas, montadas pela Ericsson do Brasil, proveram Campos do Jordão, imediatamente, de 1.200 aparelhos telefônicos, com capacidade para 15 mil unidades. Esses serviços foram executados durante o governo estadual do professor Carlos Alberto de Carvalho Pinto (1959 a 1963) e inaugurados no dia 27/04/1959. As ligações locais passaram a ser feitas automaticamente, bastando discar o número desejado; porém as ligações interurbanas ainda necessitavam do auxílio das telefonistas. Na época, o Sr. Alfredo Martins de Figueiredo era gerente do serviço telefônico da EFCJ. A Ferrovia operou esse serviço público até o advento da Lei Estadual de 16/09/1971, ocasião em que a Companhia de Telecomunicações do Estado de S. Paulo – COTESP assumiu a administração dos serviços e, posteriormente, a Telecomunicações do Estado de São Paulo – Telesp, por ajuste firmado em 30/11/1971, no Governo Laudo Natel. Nesse mesmo governo, em 29/05/1974, Campos do Jordão passou integrar a Rede Nacional de DDD – Discagem Direta a Distância –, entrando em funcionamento 48 novos canais interurbanos, que ligaram a Estância aos troncos de micro-ondas da Embratel.

Na oportunidade da inauguração da Central Telefônica automática da Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão, grande número de pessoas assistiram com muita felicidade à inauguração desse importante serviço telefônico para toda cidade de Campos do Jordão.

Durante a inauguração da telefonia automática, o secretário de Estado de São Paulo, durante o Governo Carvalho Pinto, Sr. Márcio Porto, fez a primeira ligação inaugural da sala de comando da Central Telefônica da Vila Abernéssia, para a cidade de São Paulo, e falou com o próprio governador Carvalho Pinto, na presença do Dr. José Antonio Padovan, prefeito de Campos do Jordão (31/01/1959 a 31/12/1962), do Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo, vereador e presidente da Câmara Municipal (01.01.1959 a 01.01.1960), do Sr. Henry Jean Jacques Perroy, Orestes Mário Donato, dos vereadores: Joaquim Corrêa Cintra, Floriano Rodrigues Pinheiro, Benedito Severiano Barbosa, Eduardo Moreira da Cruz, Arakaki Masakasu, José Ariosto Barbosa de Souza, Antonio Reis, Miguel Lopes de Pina, Danilo Delácio, José Ferreira Areal, Alfredo Mastrandréa e autoridades diversas, dos jovens João Wagner Pereira e Márcio Chaves de Andrade, das telefonistas Ruth Sarmento, Hilda Ribeiro de Toledo e Emy Sarmento Pires e muitas outras pessoas.

É importante registrar o valoroso trabalho desenvolvido pelos competentes funcionários da Estrada de Ferro Campos do Jordão, em toda a instalação do posteamento, fiação e demais equipamentos necessários para o funcionamento dos novos telefones automáticos.

É importante registrar, também, que o Sr. Marcos Damas Caldeira, um dos filhos do Sr. José Ignácio Caldeira e D. Izabel Damas Caldeira, importantes pioneiros de Campos do Jordão, foi dedicado e competente funcionário da Estrada de Ferro Campos do Jordão e, durante sua vida, muito contribuiu com seu dedicado trabalho técnico e sua larga experiência em telefonia, em prol da Companhia Telefônica de Campos do Jordão, na época, pertencente à Ferrovia. Seu trabalho foi muito importante durante a implantação e modernização do serviço telefônico da Estrada de Ferro Campos do Jordão, quando da implantação das centrais de telefones automáticos de Vila Abernéssia e Vila Capivari. O Sr. Marcos Damas Caldeira, posteriormente à inauguração das centrais de telefones automáticos, já na década de 1960, após Alfredo Martins de Figueiredo, foi, durante vários anos, com muita eficiência e dedicação, chefe dos serviços telefônicos de Campos do Jordão.

Edmundo Ferreira da Rocha

15/05/2015

 

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