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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Pedaço do céu na terra. 


Pedaço do céu na terra.

Pedaço do céu...

 

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O poeta Menotti DeL Picchia, autor de "Juca Mulato”, depois de estafante campanha eleitoral que o guindou à Câmara Federal, passou uma temporada no Grande Hotel, em 1951, em Campos do Jordão e, encantado com “a festiva procissão dos pinheiros”, escreveu belíssima crônica publicada por “A Gazeta” e reproduzida na imprensa jordanense: “Com estes maravilhosos Campos do Jordão estou travando um mais íntimo conhecimento. Quando por aqui andei, creio que o saudoso Paulo Setúbal n'alguma casa pitoresca de Capivari, escrevia as páginas comovidas e finais do seu - “Confiteor”.

Ficou-me, deste pedaço do céu caído na terra, a impressão da estrada torcicolada grimpando as montanhas cujas lombas lembram enormes seios verdes - seios generosos, de onde mana, múrmura e pura, a água das fontes e a festiva procissão dos pinheiros.

Os Campos do Jordão que eu conhecia não eram ainda esta seqüência de maravilhas: sanatórios, hotéis, vilas, palácios, coisa que já torna esta estância uma das mais importantes do mundo.

Estou no Grande Hotel, prédio majestoso e cheio de conforto, obra feliz do Estado ao desdobrar seu plano de desenvolvimento das nossas estações de cura e de turismo.

O albergue rivaliza com os bons hotéis das estâncias européias. Não há, porém, apenas este para agasalhar o veraneante. Campos do Jordão pode orgulhar-se de possuir estabelecimentos modelares, uns suntuosos e modernos, com o discreto luxo dos hotéis de primeira e outros pitorescos, cheios de um estranho encanto, dominando paisagens deslumbradoras.

A primeira descoberta que faço é a do parque.

As árvores, naturais, com os velhos troncos cheios de musgo, lembram os desenhos de Gustave Doré, quando dava às plantas as formas de membros humanos, membros convulsos de criaturas torturadas.

Na relva, o colorido imprevisto das flores silvestres transforma numa palheta de pintor este chão onde, de quando em quando, rebrilha a prata de um pequenino lago ou o risco metálico e serpenteante de um riacho.

Um cheiro tônico de pinheiro torna o ar puríssimo, perfumado e balsâmico.

Há pássaros nas copas e, longe, um nambu parece soltar no ar um repuxo sonoro de trilos.

Agora vou caçar paisagens. Estou junto da Pedra do Baú, a imensa laje que se escala esportivamente, realizando proezas de alpinismo. Cada pico vencido é a posse de paradisíacas paisagens.

Vales profundos apinhados de pinheiros.

Lombas redondas desenhando uma estranha sucessão de zimbórios verdes.

Matas ainda virgens, entremeadas com lavouras de japoneses que parecem ter realizado no cabeço dos montes um estranho penteado simétrico que fica entre as madeixas acarneiradas das deusas romanas e o pixaim dos hotentotes.

Tudo é original, prodigioso de clorofila.

Esse verde é quebrado pela nota branca dos vilinos, de recorte germânico, com o teto vermelho em ponta fura-gelo.

Para o turista que quer passar uns dias num cenário celeste não há o temido perigo de contágio.

A doença está separada do turismo por uma barreira higiênica intransponível. Ela vive em moderníssimos sanatórios, onde, graças ao tratamento moderno e a este clima incomparável, a pauta das curas é quase de cem por cento.

Campos do Jordão talvez seja, pelas suas condições climatéricas, a melhor estância do mundo.

Os tisiólogos mais eminentes atestam os milagres diários que este ar, supremo médico, realiza.

Agora estamos no alto do Itapeva. Sete cidades se avistam no Vale do Paraíba, por cujo chão o grande rio coleia.

O horizonte inconfinado atinge as nuvens que fazem um fundo de cúmulus como a pôr termo à extensão ilimitada da vista.

O homem se sente pequenino, quase grotesco, no pedestal desta rocha que uma evulsão cataclísmica, numa explosão vulcânica, há milhares de séculos, tornou a lava ardente em granito.

Voltamos pela estrada que abeira os abismos.

Lá está a Vila Inglesa, tão pitoresca com suas casas semi-góticas.

Lá está o Refúgio, no alto do morro, no meio de um tufo de flores. A sucessão de recantos pitorescos não acaba. Um deslumbramento se segue a outro deslumbramento.

Não sei porque Campos do Jordão não está sempre apinhado de turistas. Onde a gente rica da minha terra poderá encontrar local mais reconfortador e mais lindo?”

Nota: Estória extraída do Jornal "A Cidade de Campos Jordão", de 26 de novembro de 1951. Publicada no Livro Estórias e Lendas do Povo de Campos do Jordão, da autoria do escritor, advogado e historiador Pedro Paulo Filho -“O Recado, Editora Ltda.” - 1988 - Páginas 150 a 152

18/05/1980

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=129

 

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