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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Pensamentos...Momentos...Saudades...Eternidade? 


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Foto montagem. Os cachorrinhos: Tuquinha, Zuzu e Pico - SAUDADES!

 

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Sexta-feira, 12 de outubro de 2007, aproximadamente 16 horas. Todos os demais da casa haviam saído.

Estava em casa acompanhado de meus amigos inseparáveis: meus cachorrinhos de estimação, amigos de horas boas e horas ruins, sempre demonstrando, com um abano de rabo, suas alegrias e pedindo um afago, um carinho.

Peguei uma cadeira e sentei-me a uma sombra no fundo do quintal.

Os pássaros vinham e iam, em vôos rápidos e frequentes, pousando nas poucas árvores existentes – duas pereiras e duas ameixeiras. Dessas plataformas, em vôos curtos, aterrissavam nos pequenos comedouros especialmente preparados para eles, onde são colocadas as frutas e rações. Entre rápidas e pequenas briguinhas entre si, comiam o que podiam e já alçavam vôo para outros locais nas proximidades. E logo retornavam para começar tudo de novo. Essa rotina se repetia inúmeras vezes durante as horas.

Eu, ali próximo, sentado assistia a tudo e ficava maravilhado com a beleza da natureza.

Na calçada à minha frente, na sombra da dependência projetada no chão, a minha amiguinha Tuquinha me fazia companhia. Deitadinha, em posição de prontidão para qualquer emergência, tirava uma soneca tranquila, na tarde maravilhosa e serena, em que o silêncio só era quebrado, por alguns instantes, pelo barulho dos poucos veículos que passavam na rua, pelo trinar dos pássaros e pelo maravilhoso canto do sabiá, em época de procriação.

Meus pensamentos vagavam pela imensidão de minhas memórias e lembranças. Quantas saudosas recordações de acontecimentos recentes e outros já tão distantes e longínquos, porém jamais esquecidos, dada a grandiosidade das marcas profundas e felizes deixadas por cada um deles.

Eu olhava a Tuquinha ali dormindo à minha frente e ficava imaginando o quanto tudo aquilo que ali estava sendo vislumbrado naquele momento era muito passageiro, infelizmente. A vida e o tempo são implacáveis. Daqui a poucos anos tudo estará totalmente modificado. Nós, cada um à sua época, iremos desaparecendo dessa paisagem, desses locais e de suas histórias passageiras. Outras pessoas, outros pássaros, outros animais e até outras vegetações e construções, gradativa e naturalmente, irão nos substituir e tomar conta desses nossos ricos santuários atuais.

Para onde iremos? Esta é a questão. Será que, realmente, nos encontraremos algum dia? Onde? Iremos nos identificar e relembrar tudo aquilo que vivenciamos juntos? Ou poderemos viver novamente juntos, porém com novas identidades e novos visuais, sem qualquer possibilidade de resgatar as memórias de velhos e saudosos tempos felizes de outrora?

Quem pode afirmar qualquer coisa nesse sentido?

Em alguns poucos anos, nossos descendentes e alguns amigos, em raras e ocasionais oportunidades, poderão estar se lembrando de nós, de algum fato a nós relacionados, ou de alguma história em que juntos fomos, algum dia, protagonistas e ocupamos o mesmo palco de nossas vidas.

Passadas essas oportunidades, daqui a muitos anos, ninguém se lembrará de nós e de nada de tudo aquilo que vivenciamos, amamos, adoramos e de tudo o que nos fazia felizes e nos dava alegria e satisfação.

Mesmo que algum dia, alguém, por alguma razão muito especial, venha a saber de nossos nomes ou ver alguma de nossas fotografias, jamais poderá imaginar quem fomos, o que fizemos e muito menos o quanto amamos e adoramos tudo o que pudemos ter ao nosso lado, durante nossa pequena e adorável passagem por estes rincões de nossa maravilhosa natureza terrestre.

Jamais poderão imaginar e mensurar o tamanho, a magnitude e a intensidade de algumas das paixões que emolduraram e enriqueceram nossas vidas; das nossas preferências gastronômicas e de muitas outras preferências pessoais.

Continuando a olhar a Tuquinha ali na minha frente, deitadinha e num soninho tranquilo e despreocupado, comecei a pensar, ainda mais, sobre a saudade que poderemos estar sentindo de tudo o que vimos, presenciamos, adoramos e amamos e qual seria o limite desses nossos sentimentos. Eternidade? Jamais. Qual seria o limite da nossa? Muito pequeno, com certeza. O mundo é muito grande, e os anos passam numa velocidade incrível e com uma rapidez incontrolável. Com certeza, em muito menor tempo do que podemos imaginar, já estaremos completamente esquecidos, como se nunca tivéssemos estado por aqui algum dia.

Talvez, por alguns que tenham participado de algum fato muito importante ou de alguma fase de algum fato tido como histórico, poderemos ser, rapidamente e sem riqueza de detalhes, lembrado casualmente.

Então, como fica esse nosso louco amor por tudo aquilo que nos cerca, por todas as pessoas queridas que povoaram nossas vidas, pelos amores incontroláveis que alimentaram grandes e ternos momentos de nossas vidas? Como fica esse amor que temos por esses seres queridos que tanta riqueza acrescentaram às nossas vidas e que nos deram tanto carinho, compreensão, fidelidade, amor e até segurança, conforto, paz e uma infinidade de coisas boas? Animaizinhos de qualquer raça e espécie, qualquer cor, qualquer tamanho. Enormes, porém, em tudo aquilo que puderam nos proporcionar enquanto estivemos lado a lado.

De tudo isto e muito mais só nos resta uma única e derradeira certeza: tudo foi muito bom enquanto estivemos juntos e vivenciamos cada momento de nossas vidas. Foi muito bom enquanto durou. Aconteça, porém, o que acontecer, seja qual for o nosso destino após o término de nossos dias, em algum lugarzinho desta imensidão de universo ou até pairando no éter que envolve tudo, deverá estar indelevelmente marcado o quanto nos gostamos, o quanto nos amamos e o quanto somos gratos por terem feito parte de nossas vidas, mesmo que, nos futuros, outros jamais se lembrem ou tenham ciência de que um dia existimos e estivemos lado a lado em alguma época da existência desta vida terrena.

Edmundo Ferreira da Rocha

12/10/2007

 

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www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=157

 

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