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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Preservação ecológica 


Preservação ecológica

Preservar: Pinheiros vivos SIM ! Pinheiros Morto NÃO.

 

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Uma linda rosácea de pinhões com um lindo pinheiro no crepúsculo .

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Há uma necessidade urgente e inadiável, com envolvimento de todos, irmanadamente, autoridades, povo de Campos do Jordão, população flutuante de turistas que frequentam estes altos da Serra da Mantiqueira, quer rotineiramente, quer esporadicamente, para que estejam altamente preocupados com a necessidade da preservação ecológica deste rincão paulista de raríssima beleza e de clima incomparável.

Todos devem estar preocupados com a preservação da nossa preciosa flora e fauna. É urgente a preservação das nossas araucárias, os nossos queridos pinheiros, do nosso pinho-bravo, das quaresmeiras e do manacá-da-serra, pois são nativos desta nobre e especial região.

Preservar nossa vegetação nativa é preservar nosso clima, nossas águas puras e cristalinas, nossas aves e animais silvestres.

Nossos pinheirais estão, pouco a pouco, rareando. Mesmo diante da legislação que visa proteger a derrubada de araucárias e outras espécies nativas, alguns desmatamentos indiscriminados continuam diminuindo nossa reserva natural. Não existe programa de reflorestamento válido que vise aumentar ou renovar nossa reserva de araucárias.

Antigamente, as araucárias, além de se reproduzirem a partir da queda natural dos pinhões em solo fértil, germinando em abundância, resultando no surgimento de novos pinheiros, contavam com o trabalho útil, despretensioso e insubstituível das gralhas-azuis, praticamente extintas nestas paragens. A gralha-azul é uma ave passeriforme da família dos corvídeos (Cyanocorax cayanus), de coloração geral azul vivo e preto na cabeça, na parte frontal do pescoço e na superior do peito. Machos e fêmeas têm a mesma plumagem e aparência, embora as fêmeas em geral sejam menores. Seu habitat são as florestas de araucárias do Sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Tornou-se particularmente famosa no Paraná.

A gralha-azul, na época do pinhão, nos meses de abril e maio, coletava o pinhão, frutos das araucárias, para seu sustento e, inclusive, armazenava boa quantidade para seu próprio consumo em dias de pouca fartura; assim, enterrando os pinhões em solos macios, coincidentemente, os mais apropriados para a germinação e reprodução dos pinheiros. Como a gralha-azul não era dotada de boa memória, acabava esquecendo onde havia enterrado os pinhões. Enterrados em solo fértil e de boa qualidade, os pinhões brotavam e, dentro de algum tempo, iam surgindo os pinheirais gigantes, hoje, ainda existentes, porém em quantidade bastante reduzida.

Atualmente, sem a gralha-azul, sem incentivos para reflorestamentos com araucária, a preferência por espécies alienígenas, de crescimento muito mais rápido que a araucária que, normalmente, demora em média de 20 a 30 anos para se tornar adulta e comercializável, ainda contamos com a coleta e comercialização indiscriminada de pinhões, eliminando-se definitivamente a possibilidade da renovação natural da nossa mata de araucárias, pois não sobram pinhões para germinarem em solo fértil e darem surgimento a novos pinheiros e pinheirais.

Com o desmatamento e o crescimento desordenado da cidade, aumento da quantidade de construções e telhados, estradas pavimentadas, aquecimento global, dentre ouros motivos, nosso clima, infelizmente, mudou. Hoje já não temos um inverno regular como em outras épocas. As geadas já são raras e não obedecem a mesma regularidade de outrora. O inverno de frio rigoroso e caracteristicamente seco está cedendo terreno para as chuvas fora de época e para a umidade. Já são raros os dias em que a temperatura atinge marcas negativas.

Tudo está mudando, já não vemos em nossas matas os canários-da-terra ou canários-do-reino, os pintassilgos, os coleirinhas e algumas outras espécies de pássaros, anteriormente abundantes em nossas matas. Nos dias atuais, são vistos em áreas distantes do centro urbano ou, lamentavelmente, encarcerados em pequenas gaiolas. O serelepe ou esquilo, também conhecido como toriba, dificilmente é visto em nossas matas, especialmente na época do pinhão que, também, lhe serve de alimento. Das capivaras, de saudosa memória, somente restou sua contribuição para a denominação do rio que cruza toda cidade e para o nome do bairro Capivari. Esses nomes foram dados em homenagem a esse roedor que, no passado, era abundante nestes Campos do Jordão.

Nossas fontes já não apresentam a mesma água de características e abundância inigualáveis do passado. Com o desmatamento desordenado, nossos mananciais estão sendo agressivamente atacados. Num futuro próximo poderão deixar de nos brindar com o líquido precioso, pois, sem a vegetação necessária para sua proteção, irão, aos poucos, secando. O solo, sem essa vegetação, irá perdendo a umidade e sua permeabilidade, impossibilitando a formação dos depósitos de água no subsolo, ou seja, os lençóis d´água.

Oxalá nossas autoridades e o povo de Campos do Jordão, irmanadamente, tomem as providências urgentes e inadiáveis, enquanto ainda é possível, procurando preservar, rigorosamente, o que ainda resta, para que, no futuro, as gerações vindouras não venham a lamentar o descaso, a irresponsabilidade, o desrespeito e a desatenção de todos aqueles que, hoje e num futuro bem próximo, têm e, sempre terão, o dever de zelar por este patrimônio que nos foi legado graciosamente pelo Divino Mestre.

Edmundo Ferreira da Rocha

19/09/1983

 

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www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=219

 

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