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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Natal em Campos do Jordão. 


Natal em Campos do Jordão.

Foto utilizada por Carlos Barreto em 1940, para ilustrar o trabalho"Natal em Campos do Jordão", distribuído para seus melhores amigos.

 

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Campos do Jordão é bem semelhante a um presépio gigante:
Uma lapinha salpicada de pinheiros, cravejada de casebres
e palácios, coberta de grama verde, retalhada de caminhos e
como fitas amarelas atando os seus morros artisticamente
Mal dispostos, cheia de rios calmos e transparentes como
celofane novo.
Talvez por se parecer com um presépio, é que o NATAL em
Campos do Jordão além de ser festejado tanto como em outra
parte qualquer, é mais sentido por todos, principalmente
entre aqueles aventureiros da saúde...


Nas enfermarias dos Sanatórios, nos quartos das pensões
e em toda a parte onde estiver um doente, em cada natal
Que surja será vivido novamente um natal passado...
Serão relembrados todos os detalhes das noites de vigília
de outrora. Até mesmo os natais tristes, a saudade os
transformará em melhores dos que os atuais.


A música é a essência que maior velocidade imprime ao
Rápido avião da saudade, nos seus vôos até o passado...
As músicas natalinas principalmente, com as suas melodias
conhecidas, suaves e meigas, fazem esse grande avião roxo,
nos transportar através da poeira do tempo, aos anos
longínquos da nossa existência, à nossa infância às vezes
já esquecida, aos dias felizes que nunca voltam, mas
que nunca morrem...


Na noite de Natal, seja na Igreja, na capela do sanatório
ou no rádio da pensão, quantos que ao ouvirem os acordes
doces dos hinos de louvores ao nascimento do Menino Jesus,
não se sentem comovidos e emocionados, mesmo que não
compreendam esses louvores ou não saibam compreender ?


A música, esse Esperanto que até os animais entendem,
aliada à poeira natural da noite mais serena do ano faz
com que o pensamento da gente, veja nitidamente, outra vez,
as cenas que o subconsciente gravou e que agora o cérebro,
essa lanterna mágica da natureza, projeta com um colorido
mais forte, ampliadas pela recordação, sincronizadas pelas
melodias que evocam um presépio, uma Árvore de Natal ou
uma simples Missa do Galo...


Para muitos, essa lanterna cinzenta, projeta na infinita tela
do pensamento, um noivado, um nascimento, um lupanar
ou uma grade de prisão, e é por isso mesmo que em Campos
do Jordão seja o lugar onde o Natal é celebrado com
mais sentimento.


Aqui sente-se esse dia triplamente. Sente-se o passado,
o presente e o futuro... Revive-se o presente recordando
o passado e antecipando um futuro Natal, com esperanças
que venham melhor do que todos...


Cada Natal que surge é uma nova bonança depois de um ano
de tempestades e assim como a Vida, continua o seu trajeto
alternado entre uma saudade e uma esperança...


E como um presépio que é, Campos do Jordão de Natal em Natal,
vai aumentando - : novas casas, novas árvores, novos pastores, novos aspectos.


E o presépio cresce e se transforma como tudo neste mundo.


Cresce e se transforma sempre com o mesmo fim: a VIDA !!!


Escrito por Carlos Barreto, saudoso artista plástico, pintor, desenhista e músico, na década de 1940, enquanto estava em Campos do Jordão na tentativa da cura para a tuberculose.



Escreveu Pedro Paulo Filho, escritor, advogado, jornalista e historiador, em seu livro “Campos do Jordão, o presente passado a limpo” – Editora Vertente Produções Artísticas e Literárias – 1997, p. 94:

“Carlos Barreto nasceu em Funchal, na ilha da Madeira, em 28 de setembro de 1906, vindo ao Brasil ainda criança, quando seus pais se estabeleceram na cidade de São João da Boa Vista, neste estado de São Paulo. Adoeceu dos pulmões em 1937 e aportou em Campos do Jordão em busca da saúde perdida, como tantos milhares de pessoas. Curou-se e ficou, participando de todos os movimentos artísticos, culturais e cívicos que a comunidade até então promovia para o gueto dos enfermos pulmonares. Casou-se com Hermínia Valentim, com quem teve três filhas: Maria do Carmo, Cléo e Cácy. Era um homem alto e magro, muito bonachão e de grande sensibilidade artística. Faleceu em 14 de agosto de 1951, tendo o Poder Público Municipal dado o seu nome a uma das vias públicas da cidade, na Vila Suíça.”

15/12/1940

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=132

 

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