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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

O crime do João Maquinista 


O crime do João Maquinista

João Rodrigues da Silva, o conhecido João Maquinista

 

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João Rodrigues da Silva ficou conhecido pela alcunha de “João Maquinista” porque montara no bairro do Baú, monjolos e máquinas de moer cana.

Não é verdadeira a versão de que o velho português tenha obtido esse cognome por ter trabalhado na Estrada de Ferro Campos do Jordão.

O “Maquinista” instalou um monjolo em Vila Albertina e desviou as águas.

O Dr. José Magalhães não gostou e proibiu.

Teimoso, o Maquinista prosseguiu os trabalhos do desvio das águas.

Um belo dia, o Dr. José Magalhães que fora trazido a Campos do Jordão pelo Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe, desceu de sua casa, situada lá no alto da Vila Fracalanza e deu uma chicotada no “Maquinista”, que, ainda assim, prosseguiu na obra.

João Rodrigues da Silva foi a São Bento do Sapucaí e comprou uma espingarda calibre 24, trazendo-a para Campos do Jordão, onde reiniciou os trabalhos.

José Magalhães, homem alto e forte, acercou-se dele, novamente com a intenção de bater-lhe.

- Pare aí! Nem um passo a mais ! - gritou Maquinista.

Magalhães respondeu:

- Atira aqui, Maquinista ! Atira aqui ! - e apontava o peito onde usava um colete de aço.

Maquinista, que sabia da existência do colete, mirou o rosto e atirou.

A espingarda, de carga dupla, tremeu com os disparos, que acertaram a boca do Dr. José Magalhães, despedaçando-a.

O desentendimento de deu na confluência da Rua Tadeu Rangel Pestana com a rua João Rodrigues Pinheiro, na entrada da Vila Ferraz.

Os disparos de João “Maquinista” foram ouvidos em Vila Jaguaribe. O corpo do Dr. José Magalhães, que era o agrimensor dos autos da divisão judicial da Fazenda Natal, caiu pesado ao solo, para nunca mais levantar.

João Rodrigues da Silva apresentou-se à polícia em São Bento do Sapucaí, onde foi julgado por três vezes no Tribunal do Júri e por três vezes foi absolvido.

No Cemitério da Basin, em Vila Jaguaribe, onde atualmente é “Vila Dubieux” foi sepultado o Dr. José Magalhães, em cujo túmulo foi afixada a lápide: “Aqui jaz José de Magalhães, covardemente assassinado por João Maquinista”.

João Maquinista foi uma pessoa muito importante no seu tempo em Campos do Jordão (décadas de 1920 a 1940).

Supria a cidade de necessidades monetárias, emprestando dinheiro a juros. Era um verdadeiro banco. Construiu muitas casas, que alugava a preços módicos. Residia na Avenida Januário Miráglia, na altura do nº 909.

Campos do Jordão tinha dois sistemas de água, o de Capivari, da Companhia Melhoramentos Campos do Jordão e o de Abernéssia, do João Maquinista, que servia aos seus amigos...

Doou o terreno para a construção do Hospital Maternidade “Adhemar de Barros”, exigindo que na escritura de doação constasse que a maternidade “era só para mulheres”, condição de que ninguém conseguiu demove-lo. Doou terras para “Sanatorinhos” e para o Abrigo São Vicente de Paulo. Construiu um barracão onde recebia doentes pobres que não tinham acomodação e que “vinham para morrer”.

Era malcriado, mas era um homem bom.

Casado com D. Maria José não deixou prole.

Dele, dizia-se, que tomava banho uma vez por mês. Ao saber disso, retrucava: “Todo mundo fala mal do João Maquinista, mas João Maquinista sozinho fala mal de todo mundo”.

O velho português sempre contava: Em Campos do Jordão, quem chega de óculos é doutor; quem chega de perneiras é engenheiro...

Pedro Paulo Filho

10/12/1987

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

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