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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Agenor bode e não Leonor... 


Agenor bode e não Leonor...

 

 

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No final da década de 50, quando estávamos no curso ginasial do glorioso Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão – CEENE, aconteceu um fato que faz parte da nossa história estudantil e que, também, deve fazer parte das histórias de nossa Campos do Jordão.

Nos fundos do Colégio, na divisa com a Rua Duque de Caxias, existia a famosa e antiga piscina do CEENE. Embora desativada por longos anos, foi palco de muitas e inusitadas histórias e local de encontros diurnos e noturnos, dada a facilidade de acesso, desprovido de qualquer tipo de muro, grade, cerca ou qualquer outra coisa parecida.

Do outro lado dessa rua morava o saudoso Paulo Leonardis, antigo e conceituado funcionário da Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, pai de colegas contemporâneos de ginásio, daqueles anos dourados de nossa juventude inesquecível. Era casado com a Dona Leonor.

Nessa época, tínhamos um colega de ginásio, de nome Agenor Bicudo, garoto de pequena estatura, que morava lá pelos lados da Vila Britânia. Na realidade, mesmo depois de adulto sua estatura não veio a sofrer modificação sensível. O Agenor, nosso amigo pessoal até agora, foi funcionário da SABESP de Campos do Jordão por muitos anos, vindo a se aposentar por meio dessa importante Empresa Estatal, responsável pelos serviços de água e esgoto de nossa cidade, onde continua trabalhando com um novo contrato de trabalho. Apelidado de Bode, nunca gostou do seu apelido, porém, tinha de agüentar seus colegas que não perdoavam e nem se preocupavam se ficava bravo ou não – costumeiramente o chamavam de Agenor Bode.

Em certa oportunidade, já no final do dia letivo, vários estudantes se encontravam na famosa piscina, naquela algazarra que normalmente acontece quando um grupo de estudantes se reúne. Devido ao seu tipo de construção, a piscina ficava a cavaleiro do nível da rua, e para aqueles que ficavam nas suas bordas laterais, proporcionava visão bastante privilegiada de toda a região, com uma paisagem a perder de vista. Em dado momento, quem surgiu na Rua Duque de Caxias rumo à Vila Britânia, caminho quase obrigatório para o retorno à sua casa? O Agenor Bode. Aí foi aquela gritaria. Todos gritavam: Ô, Agenor Bode. Agenor Bode, já vai indo embora? Até amanhã, Agenor Bode. Enfim, tudo que se falava, lá vinha o complemento de Agenor Bode. Ele, por sua vez, como não gostava do apelido revidava e xingava todos. Cada vez que xingava, lá vinha mais Agenor Bode. Esse falatório todo só parou quando ele sumiu no final da rua, já na descida para a Vila Britânia.

Após esse acontecimento, para nossa surpresa, fomos chamados pela saudosa D. Lygia Cersósimo, inspetora de alunos do Colégio, que por ordem do diretor (o fabuloso, culto, inesquecível, sério e extremamente rigoroso professor Rosalvo Madeira Cardoso que, felizmente, ainda continua vivo e morando, ora em Campinas – SP, ora em Queluz – SP), convocava todos os alunos que estavam na piscina, para comparecerem imediatamente à Diretoria. Lá chegando, quase tremendo de pavor, enfrentamos o professor Rosalvo que, sempre com aquela fisionomia extremamente séria, já nos deu, de imediato, aquela lição de moral e civilidade, costumeira naqueles tempos. Em seguida, disse que havia recebido um telefonema de uma vizinha do Colégio, reclamando das humilhantes ofensas que estavam sendo dirigidas a ela por nós, os estudantes que se encontravam na piscina naquela oportunidade. Com muito custo, depois de longo período de repreensão, conseguimos dizer ao professor Rosalvo que nunca dirigimos qualquer ofensa a nenhuma vizinha do Colégio. Porém, ele insistia que a pessoa que reclamou era uma pessoa muito séria e honesta e não iria inventar uma história dessas. Perguntamos, então, que tipo de ofensa a pessoa que telefonou nos imputava. Aí veio a surpresa e a solução para o fato. Ele nos disse que ela reclamava que as ofensas foram várias e que, em todas elas, mencionávamos o nome Leonor Bode. Não foi possível esconder o riso. Todos os alunos que estavam ali na Diretoria começaram a rir. O professor Rosalvo ficou furioso e severamente chamou nossa atenção, dizendo, inclusive, que estávamos suspensos das aulas por três dias, a partir daquele momento, por desrespeito e ofensas à senhora Leonor e por falta de decoro perante o diretor da Escola. Também, com muita dificuldade, conseguimos dizer ao prof. Rosalvo que, em momento algum, pronunciamos o nome Leonor, e sim Agenor. Nunca dissemos Leonor Bode, e sim Agenor Bode. Após esses esclarecimentos, saindo da sua seriedade normal, até o professor Rosalvo começou a rir, pois entendeu o equívoco que havia acontecido.

Finalizando o assunto, o professor Rosalvo nos mandou embora, porém não deixou de lembrar os princípios de educação e urbanidade que devem ser seguidos pelos estudantes de um colégio, no tratamento com qualquer pessoa, seja ela quem for, inclusive, com os próprios colegas. Em seguida, pediu à D. Lygia para que fosse até a casa da D.Leonor e esclarecesse o infeliz equívoco, apresentando as desculpas do diretor da Escola.

Edmundo Ferreira da Rocha

20/05/2003

 

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