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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Viagens de bonde de Capivari até Abernéssia para estudar 


Viagens de bonde de Capivari até Abernéssia para estudar

Bonde de carreira que fazia, diariamente, em quatro horários, o percurso entre Campos do Jordão e Pindamonhngaba e vice-versa.

 

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Como tudo, antigamente, era diferente.

Lembro-me do início da década de 1950, época em que, ainda, fazia o curso primário e estudava no Grupo Municipal Rio Branco, situado na entrada da Vila Ferraz, proximidades do centro da Vila Abernéssia. Atualmente, essa escola tem o nome de Escola EMEF – Monsenhor José Vita.

A partir do ano de 1953 até o ano de 1954, quando me formei no curso primário, morava na Av. Dr. Emílio Ribas, 908, proximidades da Vila Capivari, ali no bairro do Capivari, nas proximidades do atual Hotel JB e do antigo Posto Esso, de propriedade do saudoso Wilson Brügger, já existente na época. A casa onde residíamos era de propriedade do saudoso amigo Adauto Camargo Neves.

O curso primário do Grupo Escolar Rio Branco funcionava no período da manhã. As aulas começavam às 8 horas e terminavam ao meio-dia.

Naquela época, a maioria das famílias não tinha automóvel como meio de transporte. Eu e outros colegas estudantes da mesma época, para nossa locomoção até ao grupo escolar, usávamos como transporte o bonde de carreira da Estrada de Ferro Campos do Jordão. Esses bondes faziam regular e diariamente quatro viagens desde a Estação Dr. Emílio Ribas, localizada Vila Capivari, até a estação de Pindamonhangaba, e vice-versa. Esse transporte era feito de maneira revezada com outros bondes, nos quatro horários diários, com cruzamentos no alto da Serra, na Estação de Santo Antonio do Pinhal, anteriormente Estação de Eugênio Lefèvre.

Embora esses bondes tivessem a finalidade de transportar passageiros de Campos do Jordão a Pindamonhangaba, e vice-versa, também eram o único meio de transporte para as pessoas que moravam ao longo desse percurso, especialmente os inúmeros produtores rurais, que, durante várias décadas, foram responsáveis pelo abastecimento de frutas, legumes e verduras, para Campos do Jordão, Vale do Paraíba e até São Paulo.

Esse transporte, também, era utilizado pelos filhos dessas pessoas e produtores rurais que moravam ao longo do percurso, como único meio de transporte para virem estudar em Campos do Jordão. Vinham cedo, no primeiro bonde, e voltavam no final da tarde, no último. Assim, os bondes de carreira, como eram chamados, também faziam importante trabalho de transporte suburbano. Grande parte desses produtores rurais eram japoneses ou de descendência nipônica, fazendo parte da famosa e operante Colônia Renópolis, sediada na descida de serra, a alguns quilômetros da Estação do Hotel Toriba, já no município de Santo Antonio do Pinhal.

A ferrovia, felizmente, aceitava os estudantes como passageiros nesses percursos. Eu tomava o bonde do primeiro horário da manhã, na Parada Damas, que ficava mais próxima da casa onde eu morava. Esse bonde também parava para pegar passageiros, na Parada Grande Hotel e na Estaçãozinha da Vila Jaguaribe. Posteriormente, parava na Estação da Vila Abernéssia para pegar passageiros para a viagem de duas horas até Pindamonhangaba e daí saía por volta das oito horas da manhã. Outros alunos que estudavam no mesmo grupinho que eu utilizavam, também, como meio de transporte, esse bonde de carreira.

Eu e alguns outros estudantes que residíamos em Vila Capivari, e outros que residiam em Vila Jaguaribe, não tínhamos outra solução que não fosse utilizar esse meio de transporte. O que era estranho é que, quando o bonde parava na Estação de Vila Abernéssia, que fica até próxima do grupo escolar onde estudávamos, alguns alunos que residiam nas proximidades da estação pegavam, também, o bonde e desciam conosco na Parada Viola, em frente ao Posto Fracalanza, pertencente, na época, ao saudoso Sr. Horácio Padovan, de combustíveis da marca Atlantic, próximo do atual Mercadinho Piratininga. Dali seguíamos a pé até a escola. Entre outros estudantes, um que pegava o bonde na Estação de Vila Abernéssia para descer na Parada Viola, uma distância de menos de quinhentos metros, era o nosso amigo Nelson Elias, filho do Sr. Aziz Elias e de D. Maria Aparecida Rossi, comerciantes estabelecidos em frente à Estação com a tradicional Casa Sul América de roupas e tecidos diversos. Nelson Elias, há muito tempo formado, é um grande médico cardiologista. Casou-se com minha prima Beth Pinheiro, filha do saudoso casal Floriano Rodrigues Pinheiro e Izabel Rocha Pinheiro, irmã de meu pai Waldemar Ferreira da |Rocha.

Assim, o importante desta história é deixar registrado como, antigamente, tudo era muito diferente. Sem dúvida, muitas dificuldades, porém momentos inesquecíveis, recheados de detalhes marcantes que permanecerão para sempre em nossas memórias. Nos dias atuais já nem temos esse bonde de carreira entre Campos do Jordão e Pindamonhangaba. Temos as linhas de ônibus circulares que trafegam pelos bairros do município. Normalmente, nos dias atuais, os estudantes que residem, especialmente, na Vila Abernéssia e estudam na Escola Monsenhor José Vita, no mesmo prédio onde estudei, nunca utilizariam os bondes ou outro veículo circular para se locomoverem. Grande maioria vai a pé e outros acabam, indo de carro, com os pais.

Edmundo Ferreira da Rocha

05/06/2018

 

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