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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Sinfonia dos sapos nas épocas de chuvas 


Sinfonia dos sapos nas épocas de chuvas

Lagoa com sapos. Quando começavam a cantar virava uma sinfonia.

 

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Lembro-me com muita saudade dos anos da minha infância e juventude, nas décadas de 1940 até 1960 e, também, já depois de adulto, nas décadas de 1990 e 2000, das verdadeiras sinfonias de sapos coaxando nos rios, lagoas e locais onde a água das chuvas era represada temporariamente, por alguns dias apenas, enquanto a chuva não parava.

Aqui em Campos do Jordão havia muito sapo. Era comum vê-los nos quintais das nossas casas e até nas ruas e avenidas da cidade. Os motoristas mais cuidadosos dirigiam com muita atenção, evitando atropelar qualquer um desses batráquios; porém, infelizmente, muitos desastrosos e não muito cuidadosos acabavam atropelando os coitadinhos, deixando-os completamente esmagados no solo.

Nas décadas de 1950 e 1960, a cidade era bem mais tranquila e segura. Morávamos na Vila Capivari. Eu e meus pais – Waldemar e Odete –, costumávamos sair à noite, depois do jantar, para darmos uma caminhada pelas ruas e avenidas. Também, muitas vezes, quem nos acompanhava nessas caminhadas era o saudoso amigo Orestes Mário Donato que, de 1953 até 1958, morou em nossa casa em sistema de pensão. Lembro-me de que, em muitas oportunidades, depois de chuvas contínuas, costumávamos parar nas proximidades da Parada Damas, da Estrada de Ferro Campos do Jordão, praticamente próxima ao saudoso e primitivo Grande Hotel de Campos do Jordão. Naqueles tempos, à noite, o silêncio era quase total. Poucos veículos trafegavam pelas ruas e avenidas da cidade e dos bairros. Com esse silêncio, praticamente total, ficávamos algum tempo sentados nos bancos da Parada Damas, ouvindo o coaxar dos sapos, rãs e pererecas que vinha de uma pequena lagoa existente dentro da mata da propriedade do Grande Hotel, proximidades da antiga e saudosa Fonte Renato. Confesso que era, realmente, uma longa e movimentada sinfonia de sons de diversos tons, graves e agudos, altos e baixos. Era interessante que, no decorrer dessa apresentação maravilhosa e surpreendente, de tempo em tempo, escutávamos um coaxar um tanto quanto diferente, porém forte e firme. Rapidamente, em seguida, o som da sinfonia mudava e bastante. Parecia que era um maestro dando ordens para que os seus cantores mudassem a música e o tom da sinfonia.

Também eram impressionantes as sinfonias que podíamos escutar no local do Café Terraço dos Lagos. Esse local, durante muito tempo, foi ponto de encontro da juventude de Campos do Jordão e, posteriormente, local em que esteve instalada uma das boates famosas da cidade, na década de 1960, chamada “Madrugada Lanches”, de propriedade do saudoso professor Gad Aguiar, da cadeira de educação física masculina do nosso saudoso Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão – CEENE. Ao redor desse estabelecimento, sempre existiu um grande lago onde era possível praticar um pouco de remo com os barcos de aluguel colocados à disposição daqueles que gostavam desse esporte. À noite, claro, ninguém ia andar de barco e praticar remo. A sinfonia dos sapos, rãs e pererecas diversas era fenomenal e persistente, permanecendo durante toda noite. Pena que, naqueles tempos, não tínhamos a possibilidade de gravar essas sinfonias. Aparelhos de gravação eram difíceis de encontrar e muito caros. Nos dias atuais, embora as gravações sejam bastante facilitadas, principalmente com a utilização maciça dos telefones celulares, infelizmente, já não temos mais as sinfonias de sapos que nos encantaram no passado e que somente ficarão na memória daqueles que, como eu, tiveram a felicidade de ouvi-las.

Hoje já não temos tantos lagos, lagoas e locais onde as águas das chuvas possam ficar temporariamente depositadas. Lamentavelmente a grande maioria dos sapos, rãs e pererecas quase que sumiram, totalmente, de nossa região, principalmente central. Dificilmente encontramos algum sapo em algum local mais preservado nos centros urbanos.

Edmundo Ferreira da Rocha

15/11/2016

 

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