Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

L“IT”, ELITE, SENADINHO – Sua história 


L“IT”, ELITE, SENADINHO – Sua história

Tudo começou com o nome de L´IT, depois Elite e, por último, Senadinho.

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

No dia 1º de maio de 1938, chegou, a Campos do Jordão, Joaquim Corrêa Cintra. Veio em busca de guarida, do clima especial da cidade, do repouso e da boa alimentação, na época, única alternativa para a tentativa da cura da tuberculose. Ficou hospedado na tradicional e conhecida “Pensão Maria Lúcia”, localizada em Vila Abernéssia, na Rua Dr. Pereira Barreto, 49, na época, para ambos os sexos, com seis leitos e mensalidades que variavam de trezentos a cinco mil réis. Essa Pensão, a princípio, pertenceu à Sra. Maria Lúcia Bueno de Camargo. Posteriormente, passou a ser de propriedade do Sr. Ramon Costa, depois do Sr. Benedicto Máximo de Carvalho, o conhecido Dito Fazanello e, por último, a partir de 20/07/1936, do Sr. Consentino Giusti. O prédio onde esteve instalada essa pensão ainda existe, com algumas pequenas modificações.

Joaquim Corrêa Cintra, natural de Passos de Minas, cidade mineira, era filho de Aristides Lopo Cintra e de dona Joana Teodorica Cintra, o segundo de uma grande prole de dez irmãos. Ficou internado na “Pensão Maria Lúcia” até 10 de dezembro de 1938. Praticamente curado, gostou muito da cidade, do clima e das pessoas. Resolveu ficar morando por estas paragens maravilhosas da “Montanha Magnífica”. Teve muitas atividades na cidade. Foi muito importante para o tradicional e saudoso Cinema Jandyra, o primeiro de Campos do Jordão, onde trabalhou com muito amor e dedicação, sendo o grande responsável pelo seu sucesso.

Propagou tanto as qualidades do clima e da beleza de Campos do Jordão que o irmão mais velho, Theodoro Corrêa Cintra, o primeiro da prole da família Cintra, veio morar em Campos do Jordão. Theodoro era professor e foi muito importante para o ensino e a educação da cidade. Trabalhou e se dedicou muito para que fosse criado em Campos do Jordão o primeiro colégio estadual. Recebeu como tributo o nome do conhecido Colégio “Theodoro Corrêa Cintra”, o T.C.C. Foi diretor e mestre precursor do antigo Colégio e Escola Normal Estadual – CEENE, onde educou, com amor e civismo, várias gerações. Depois deles, ajuntaram-se na querência jordanense todos da numerosa família Cintra, pela ordem: Theodoro, Joaquim, Aristides, Ângelo, mais conhecido como Zico Cintra, Sebastião, José, mais conhecido como Zezinho Cintra, Antonio Corrêa Cintra, falecido em Campos do Jordão em 1948, em virtude de ter contraído a tuberculose no exército, durante o serviço militar; Daniel, Pedro e Maria de Lourdes, a caçula da família.

Os membros da grande e laboriosa família Cintra foram de vital importância em diversos setores da vida de Campos do Jordão, por mais de quatro décadas, muito contribuindo para a formação, desenvolvimento e prestígio da cidade, levando seu nome além de nossas fronteiras, em todas as diversas atividades que desempenharam ao longo de suas vidas. Cada um deles, individualmente, dentro de suas especialidades, habilidades, profissões ou características pessoais, deixou seu nome fortemente, com muitos méritos, gravado na história e na cultura de nossa terra.

Conheça um pouco do início da história… até o surgimento do Senadinho

No ano de 1947, os irmãos Cintra – Joaquim, Aristides, José e Daniel – resolveram montar aqui em Campos do Jordão, em Vila Abernéssia, na Av. Dr. Januário Miráglia, 1385, hoje Av. Frei Orestes Girardi, quase em frente à Estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão, um bar, café e restaurante que fez história na cidade por mais de cinquenta anos, tornando-se o grande ponto de atração e encontros de boa parte da sociedade de Campos do Jordão e visitantes que frequentavam a cidade ou vinham para cá conhecê-la. A princípio, e por muitos anos, foi chamado de “Bar, Café e Restaurante L“IT” (o “it” designava atração, charme). Com o passar dos anos, esse nome, por comodidade da clientela e dos moradores da cidade, acabou se popularizando com nome mais fácil e ficou conhecido como ELITE, o ponto de encontro da sociedade jordanense.

O popular e prestigiado Bar, Café, Confeitaria e Restaurante ELITE foi palco de inúmeras, inesquecíveis e engraçadas histórias protagonizadas pelos seus assíduos frequentadores e amantes da boa e tradicional música da seresta brasileira e apreciadores dos pratos da boa e tradicional gastronomia tradicional e dos deliciosos quitutes, elaborados com muito carinho e experiência, sob o comando da família Cintra.

Sem qualquer dúvida, foi eleito como o principal ponto de encontro diário, para a degustação de um bom café, uma cerveja bem gelada, um dos inúmeros aperitivos tradicionais, um bom vinho, os sorvetes maravilhosos, especialmente o inesquecível sorvete de creme feito pelo Daniel Cintra. Também, para comer e apreciar os deliciosos sanduíches, de pernil e, especialmente, os mistos quentes, os churrasquinhos no pão, o badalado e apreciado bauru, feito no pão francês ou no pão de forma passado na chapa quente e depois recheado com bife de carne macia ou fatias de presunto, queijo prato ou mussarela e fatias de tomate. Também, muito apreciados e procurados os salgadinhos diversos, os doces, docinhos e bolos e pudins especiais, ou algumas das iguarias ou pratos especiais lá preparados com muito carinho e criatividade, sob o comando dos irmãos Aristides, Daniel e Lourdes Cintra. Lá, nesses momentos especiais de descontração e felicidade, aproveitavam para trocar ideias, tomar algumas decisões, contar piadas, casos, histórias diversas ou bater um longo e despretensioso papo sobre muitos assuntos de interesse, incluindo, claro, a grande paixão de muitos, a política. Nesse local era grande o volume de conversas políticas.

Na realidade, esse local, devido ao grande volume das conversas políticas que acabavam dominando o ambiente, começou a ser chamado de “Senadinho”. Quem começou a chamar o local por esse nome foi o José Gonçalves da Fonseca, o popular e conhecido Juca, chamado, por alguns amigos mais antigos, como Juca calça-larga, (ou calça-suja). Portanto, foi ele quem batizou o espaço reservado, do tradicional e prestigiado Restaurante Elite, pertencente à laboriosa família Cintra, onde, normalmente, no início das noites, se reuniam grupos de pessoas de vários partidos políticos, para discutirem sobre a política brasileira e até demonstrar seu peso político na cidade com esse nome. O Juca morou em Campos do Jordão durante muitos anos. Foi piloto privado e sempre mostrou bom grau de cultura. Em sua juventude participou de equipes de basquetebol em Campos do Jordão. Era pessoa estimada, muito alegre, divertido, grande amigo e querido por todos que o conheciam. Era um apaixonado pelo Carnaval e até chegou a se fantasiar e desfilar como Rei Momo. Era um dos filhos da saudosa D. Olga Gonçalves da Fonseca, esposa do Sr. João Dias Afonso, proprietários do tradicional conjunto de lojas comerciais que deram grande impulso ao centrinho turístico da Vila Capivari, em Campos do Jordão. Juca, além de batizar esse espaço com o nome de “Senadinho”, fez questão de idealizar e mandar confeccionar uma plaquinha de madeira com as letras S.P.Q.J., um acrônimo (palavra formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de uma locução ou pela maioria dessas partes), para a frase latina (Senatus Populus Que Jordanensis), que pode ser traduzida como “O Senado e o Povo Jordanense”.

Muitos casos e acontecimentos ocorridos naqueles bons tempos ficaram gravados na memória de muitos daqueles frequentadores que, dependendo da oportunidade, relembram, revivem e se divertem com momentos engraçados acontecidos, contando para pessoas amigas casos registrados em nossa história.

A partir da década de 1980, esse tradicional Bar, Café e Restaurante mudou de local e de nome. Mudou-se para perto do local inicial e anterior, quase na esquina da atual Avenida Frei Orestes Girardi com a Rua Maurílio Comóglio. O nome passou de Elite para “Restaurante Cintra”, o tradicional e conhecido “Senadinho”, nome jocoso e oportuno considerando que, no local, sempre, desde o início de 1947, durante os encontros dos frequentadores, a política estava sempre na pauta principal, jamais sendo esquecida.

Com o novo nome, mesmo em outro local continuou em plena atividade. Durante muitos anos esteve sob a responsabilidade dos saudosos irmãos Aristides e Daniel Cintra, que acabou sendo o último da prole da grande família e que lá ficou no comando até seus últimos dias.

É importante registrar que Aristides Corrêa Cintra, o nosso Tidão, homem bom, atencioso, gentil, simpático, de sorriso farto e largo, quase constante, sempre muito religioso, devoto a Deus, paralelamente às atividades desempenhadas no Restaurante Elite e “Senadinho”, participou de diversas entidades locais, em prol dos menos favorecidos pela sorte. Um de seus grandes propósitos, aliás, acredito, uma das grandes paixões de sua vida era colocada à prova, anualmente, na época do Natal, quando encarnava com muita naturalidade, maestria, alegria, generosidade e simpatia a figura tradicional e única do Papai Noel. Poucos que se dedicaram ou se dedicam a essa magistral e digna atividade puderam ou podem ser comparados ao querido e saudoso Papai Noel jordanense, Aristides Corrêa Cintra.

Durante a vasta existência, tanto do Restaurante Elite como do famoso Senadinho, muitos foram aqueles que frequentaram o tradicional bar e restaurante comandado pelos irmãos Aristides e Daniel Cintra e participaram das maravilhosas noitadas de serestas inesquecíveis. Reuniam-se quase todas as noites, participando de inesquecíveis e memoráveis serestas que alegravam, divertiam e traziam momentos agradáveis para jordanenses e turistas. Inúmeros e saudosos amigos lá estiveram participando das saudosas noitadas, dentre muitos, não podemos nos esquecer dos mais antigos, como: Joaquim Corrêa Cintra, Luiz do Valle, Dr. Antonio Nicola Padula, Julio Ruggiero, Mamiliano Barsalini, mais conhecido por Emiliano Barsalini, Agripíno Lopes de Moraes, Fernando Guarinon Zen, Gumercindo Barros Galvão, Enio Pinotti, Manoel Luiz Ferreira e, também, de outros que, mesmo pertencendo ao grupo dos mais antigos, se juntaram a outros de grupos mais jovens, como: Adilson Santiago, Amintas, o China, Pedro Advíncula Ribeiro Lopes, Jonas Corrêa Cintra, Pedro Corrêa Cintra, Ângelo Corrêa Sobrinho, o conhecido Zico Cintra, Zezinho Cintra, Chicão Alves Pereira, Francisco Miranda, Tonhão, Zé Alli Esmael, Roberto Grazinoli, do Choquinho, Marcelo Duarte de Oliveira, Tarcílio Torres, o Citrovit, Cláudio Gonçalves, o Caracu, Bruno Hartkamp, Pedro Paulo Filho, Geraldo Coutinho, Condinho, Márcio Toledo, Zé Carlos e João Carlos Freire, José Rubens de Camargo Leme, Sergio Cury Paulo e o comandante Daniel Cintra.

Desde o início, sempre nos finais de tardes e início de noites, foi o lugar especial para agradáveis encontros musicais. Os irmãos Cintra, Pedro e Sebastião, exímios violonistas, acompanhados de outros músicos, dentre eles o Pedro Advíncula Ribeiro Lopes, também ao violão, executavam maravilhosas músicas do cancioneiro popular brasileiro, enquanto os irmãos Daniel, Zico, José e Jonas brindavam os inúmeros frequentadores, cantando de maneiras magistrais, essas obras-primas da nossa música.

Daniel Cintra encantava a todos com sua voz inesquecível, maravilhosa e melodiosa. Grande pessoa de coração puro e maravilhoso, gentil, educado, amigo. Dedicou sua vida inteira recebendo, com carinho, atenção, cortesia e muita fidalguia, o povo jordanense e os turistas, desde 1947, no Bar e Restaurante L“IT”, depois Elite, da família Cintra e, por último, no famoso “Senadinho” de tantas histórias gratificantes e momentos inesquecíveis. Daniel foi o último da laboriosa, importante e dedicada família Cintra, composta de dez irmãos que deram a vida por Campos do Jordão, sendo importantes alicerces sólidos para a nossa história e para a nossa cultura. Jamais iremos esquecer os bons momentos de felicidade que nos proporcionou durante muitas oportunidades de nossa vida.

Continuou, regularmente, mantendo maravilhosos e inesquecíveis encontros musicais até o ano de 2014. Claro, com muitos e novos protagonistas e participantes, automaticamente renovados, pois, dos originais, somente o Daniel Cintra continuou com sua voz maravilhosa e possante, tomando conta de todo o espaço, para felicidade dos assíduos frequentadores e turistas que, costumeiramente, frequentaram o local, até o dia 22 de setembro de 2013, quando nos deixou e foi para o Universo Celestial.

Infelizmente, no dia 22 de março de 2014, pouco mais de seis meses da perda do Daniel Cintra, perdemos também um de seus amigos próximos, o fiel companheiro Cláudio Gonçalves que, durante vários anos, com muita dedicação e assiduidade, também o acompanhou magistralmente ao violão, no famoso Senadinho de Campos do Jordão.

Com certeza, Daniel, Cláudio e muitos outros que, também, já tinham nos deixado anteriormente e outros que nos deixaram posteriormente, fizeram parte integrante da história de Campos do Jordão e deixaram uma enorme e triste lacuna que, dificilmente, será preenchida. A esses amigos que muitas vezes alegraram as noites jordanenses, preenchendo com muita felicidade corações ávidos de amores diversos e apaixonados, a nossa eterna SAUDADE !

Edmundo Ferreira da Rocha

Você encontra mais fotos do Senadinho AQUI, AQUI, AQUI e AQUI.

04/04/2018

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=238

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -