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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Onça no caminho da Campista 


Onça no caminho da Campista

Ônibus circular que faz a linha entre as Vilas Santa Cruz, Albertina e Abernéssia até ao Bairro da Campista - 2020

 

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Meses passados, numa bela tarde, depois de uma forte chuva, estava eu na frente da minha casa, situada na Rua Brigadeiro Jordão, em Vila Abernéssia, quando passou um dos ônibus da Empresa que faz os serviços de transportes coletivos da cidade. Olhei no letreiro existente na frente do ônibus, normalmente indicando o seu trajeto, e vi que estava escrito CAMPISTA. Campista, antigamente, era o nome de uma Fazenda. É um local que pertence ao município de Campos do Jordão, distante da Vila Jaguaribe, anteriormente Vila Velha, onde a cidade de Campos do Jordão começou no ano de 1874. Aqui da minha casa até lá, existe uma distância de uns treze quilômetros. Atualmente é um bairro muito conhecido, onde residem diversas famílias que trabalham lá nas proximidades e nas vilas de Campos do Jordão.

Lembrei-me de história contada por meu querido pai, Waldemar Ferreira da Rocha. Na década de 1930, ainda solteiro, pois só no ano de 1942 veio a casar-se, morava na Fazenda Campista, na época de propriedade de Eduardo Lagoa Ribeiro. Nessa época, meu tio Luiz Ferreira da Rocha, irmão mais velho de meu pai, era o responsável por uma pequena serraria movida a vapor que lá existia. Essa serraria era especializada no desdobramento das toras dos pinheiros araucária que existiam em grande quantidade em Campos do Jordão e naquela região, com a finalidade do aproveitamento da madeira para a construção de casas e outros serviços de carpintaria e marcenaria em geral, dada a excelência e qualidade da sua madeira. Luiz era, também, o capataz dessa Fazenda.

No final da década 1930, na Fazenda Campista, pouco distante da Vila Jaguaribe, anteriormente Vila Velha, era comum a cobrança de pedágio de todos que passavam por ela, em direção a Itajubá.

Nessa época, meu pai, a convite do irmão Luiz, foi morar e trabalhar na serraria da Fazenda Campista, onde ficou por uns quatro ou cinco anos.

Nesse tempo, a única possibilidade de diversão existente em Campos do Jordão era o tradicional e famoso Cine Jandyra, localizado no centro da Vila Abernéssia, onde passavam os filmes daquela época.

Contou meu pai que a única condução que, às vezes, vinha da Campista para a cidade era o caminhão carregado de madeira, porém sempre durante o dia e nunca à noite. Não havia nenhum outro tipo de condução naquela época. Muitas vezes, chegava a vir, depois do trabalho, lá por volta das seis horas da tarde, da Fazenda Campista até a Vila Abernéssia, para assistir algum filme do seu interesse que estaria passando no Cine Jandyra, por exemplo, como dizia ele: Os barqueiros do Volga, Como era verde o meu vale, e muitos outros.

Dizia ele também que, naquela época, em toda aquela região havia muitas onças, desde a pintada até a pantera-negra. Como medida de precaução e na tentativa de tentar se livrar de algum ataque de uma dessas onças, sempre que vinha para a cidade assistir aos filmes, e para a Campista voltava sozinho lá por volta das 11 horas ou meia-noite, levava consigo uma daquelas garruchas antigas de dois canos e duas balas calibre 22.

Em determinada noite, quando voltava para a Campista depois do cinema, já quase nas proximidades da fazenda, ouviu um barulho no mato e, imediatamente, sacou a garrucha e ficou de prontidão. Rapidamente, mesmo com toda escuridão, percebeu o vulto de um bicho bastante grande que pulou do mato na estrada. Não teve dúvidas, deu dois tiros na sua direção. O bicho pulou no mato do outro lado da estradinha e foi embora. Meu pai, mesmo sem outras balas para carregar a garrucha, continuou sua caminhada, chegou até a fazenda e foi dormir. No dia seguinte, contando a história para seu irmão Luiz e outros empregados da fazenda, veio a surpresa. Meu tio Luiz falou: “Então foi você. Olhe para lá e veja o que você fez.” Meu pai olhou para a esquerda do local onde estavam e viu a coitadinha da bezerra de propriedade do meu tio, com dois calombos nas costas. Esses calombos formam feitos pelos dois tiros que meu pai havia dado no animal que atravessou na sua frente na noite anterior. Aí, todos foram ajudar a tirar as balas das costas da novilha. Terminado o serviço com sucesso, todos começaram a rir muito e a zombar do meu pai.

Então, toda essa história para dizer que, naquele dia em que o ônibus circular passou em frente da minha casa com a placa indicando Campista, lembrei-me desta história e pensei: naquele tempo meu pai vinha da Campista para a cidade e voltava a pé, normalmente à noite. Atualmente, felizmente, existe ônibus circular que faz o trajeto da cidade ao bairro da Campista, como ficou chamado o local onde existia a Fazenda Campista, ida e volta, algumas vezes por dia.

Para as pessoas da atualidade, contando essa história, poderão pensar que não passa de uma história inventada e sem qualquer veracidade.

Edmundo Ferreira da Rocha

15/06/2018

 

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