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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos, seus serviços e seus funcionários 


Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos, seus serviços e seus funcionários

O motorista Joaquim Franco e um ônibus da E. Hotel dos Lagos - década de 1950.

 

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Dentre outros, os motoristas Alcides e Joaquim Franco, da E. Ônibus Hotel dos Lagos - Década de 1940.

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O motorista José Bustamante, o seu Zézinho e o carro nº 6 da E. Ônibus Hotel dos Lagos e o passageiro Silvio Siqueira - ano 1950

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Na garagem da Vila Natal, vários ônibus da E. Hotel dos Lagos - dentre outros, o motorista Joaquim Franco e o mecânico Agostinho de Paula Reis - ano 1945.

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O belo e charmoso ônibus da E. Ônibus Hotel dos Lagos - década de 1950 - O conhecido carro 3.

 

Durante as décadas de 1940 a 1970, Campos do Jordão contou com excelente serviço de transportes coletivos, prestado pela saudosa Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos, de propriedade da laboriosa família Caravelas, de São Paulo, liderada pelo Sr. Reynaldo Caravelas.

A família Caravelas foi proprietária, acredito, desde a década de 1930 até a de 1970, ou mais, da importante e famosa Estamparia Caravelas, uma das maiores fábricas de São Paulo, sediada em sua imponente edificação situada na Rua José Antonio Coelho, na Vila Mariana, especializada na confecção de estamparias diversas (arte de imprimir letras, dísticos, figuras, etc., servindo-se de moldes ou matrizes, sobre tecidos, metais, papéis, plásticos, etc.), e obtendo cópias isoladas ou repetições sucessivas.

Também aqui em Campos do Jordão, a partir da década de 1940, a família Caravelas iniciou a construção de moderno e imponente prédio, com arquitetura e instalações projetadas para ser um dos mais importantes hotéis de Campos do Jordão, o Hotel dos Lagos que, infelizmente, nunca chegou a ser inaugurado com esse nome. O prédio foi edificado até a sua cobertura e o seu fechamento, porém, a sua conclusão foi paralisada, por diversos motivos que não vêm contribuir para estes registros. A conclusão desse prédio ficou paralisada por quase trinta anos. Nesse prédio, precariamente, durante a década de 1960, por pouco tempo, esteve instalado o “Country Club de Campos do Jordão”. Posteriormente, na década de 1980, felizmente, tratativas de sucesso, resultaram na venda dessa propriedade a outra Empresa que providenciou a conclusão da construção até então paralisada e, com modernas instalações, inaugurou o atual, maravilhoso e imponente “Orotour Garden Hotel”, orgulho da nossa hotelaria jordanense e nacional.

A família Caravelas também, dentro do seu grande interesse em prol do progresso de Campos do Jordão, aproveitando o nome idealizado para o hotel, aqui instalou, na década de 1940, a Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos. Essa Empresa, a princípio, mantinha ótimo serviço de ônibus circulares que, com diversas linhas regulares, atendia aos principais bairros de Campos do Jordão. Em determinada época que lembro muito bem, durante as décadas de 1950 e 1960, mantinha linhas de ônibus que, partindo do centrinho de Vila Capivari, de quinze em quinze minutos, seguiam para os bairros Vila Ferraz, Vila Albertina e Vila Santa Cruz e vice-versa. Posteriormente, uma dessas linhas seguia até o bairro do Recanto Feliz.

Embora os ônibus utilizados nessa época fossem bem mais simples, com alguns bem menores que os atuais, outros com tamanho até comparável, porém com visual bastante diferente, considerando os modelos de cada período, prestaram valoroso, imprescindível e reconhecido serviço a todos os seus usuários e população em geral.

As condições das nossas ruas e avenidas, diferentes das atuais, com trânsito de veículos bem reduzido, propiciavam tráfego tranquilo e seguro. Até costumo dizer, uma viagem de ônibus da Vila Capivari até Vila Abernéssia, devido à lentidão com que os ônibus trafegavam, dava até para tirarmos um gostoso cochilo. Parecia, realmente, uma pequena viagem.

Já nesse tempo, em todos os ônibus havia, além do motorista, um cobrador que ia de passageiro em passageiro e vendia a necessária passagem. Dentre esses cobradores não podemos nos esquecer do Jesu, do Piracuama, do Elcio Crealezi, mais conhecido como Ézio, do José João da Silva, o popular Gordura, do Tiãozinho, apelidado de “Amigo da Onça”, dada sua semelhança com o personagem da criação do Grande Péricles, exibido na Revista “O Cruzeiro”, do Toninho, que depois trabalhou como motorista da Incos, Empresa de venda e distribuição de materiais de construção, sediada em Vila Jaguaribe.

É importante registrar que, nessa época, mesmo com população local bem mais reduzida em relação à atual, esse sistema coletivo de transportes mantinha dois fiscais que, com frequência diária, interceptavam os ônibus, sempre, em locais inesperados. Entravam nos ônibus que, em seguida, continuavam seguindo seu percurso. Os fiscais iam de passageiro em passageiro exigindo as suas passagens, vendidas pelos cobradores mantidos em cada veículo. Com um tipo de alicate timbrador ou marcador, perfuravam as passagens, comprovando assim a fiscalização. Lembro-me com muita saudade do fiscal Nelson Cerineu da Rosa, posteriormente proprietário da Bicicletaria Jaguaribe, e do fiscal Francisco Crealezi, irmão do cobrador Elcio (Ézio).

É impossível esquecer os grandes motoristas e amigos que, durante muitos anos, trabalharam na Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos, sempre muito gentis e cordiais, apanhando e deixando passageiros, muitas vezes, fora dos pontos preestabelecidos. Até, acredito, contrariando determinações da empresa, porém sempre com a principal preocupação de bem atender os usuários e amigos em particular, facilitando-lhes tanto a tomada dos ônibus quanto a descida em diversos locais estratégicos da cidade.

Dentre seus vários motoristas é impossível esquecer:

- o seu Zézinho Bustamente, um dos pioneiros dessa empresa de transportes coletivos, sempre muito cuidadoso e preocupado com a segurança dos passageiros. Dirigia bem devagar. Até comentavam em tom de brincadeira que indo a pé chegariam ao destino antes do ônibus;

- o Tabajara, descendente direto de índios brasileiros. Um índio nato. A sua fisionomia não deixava dúvidas quanto à sua descendência;

- o José Garcia de Melo, o popular Zé Jiló, expedicionário da FEB – Força Expedicionária Brasileira que, durante o final da Segunda Guerra Mundial (01/09/1939 a 02/09/1945), marcou a sua presença nesse conflito. Estando entre os pracinhas brasileiros José Garcia de Melo, lutou na cidade de Monte Castelo, Itália, num período de três meses, de 24/11/1944 a 21/02/1945, na famosa Batalha de Monte Castelo, entre as tropas aliadas e forças do exército alemão, na tentativa de conter o seu avanço no Norte da Itália.

Lembro-me bem dessa época. Tabajara, quase sempre dirigia o famoso carro 5, de duas cores, vermelho e prateado, da Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos. Nessa mesma época, José G. Melo, o Zé Jiló, muitas vezes, trabalhava com o carro 4, um ônibus azul marca Internacional KB-7, um pouco mais antigo. Enquanto um fazia o sentido Vila Capivari/Abernéssia, o outro fazia o sentido contrário e vice-versa. Tabajara era um tremendo gozador, gostava de brincar com o Zé Jiló. Era comum pegar na feira livre, anexa ao Mercado Municipal, um belo jiló. Amarrava um barbante comprido no cabinho do jiló e, sempre que esses ônibus se cruzavam, quase sempre nas proximidades de Vila Abernéssia, Tabajara não perdia tempo: ficava balançando o jiló, sempre procurando olhar a cara do amigo, sabendo que ficava fulo da vida;

- o Joaquim Franco que, felizmente, ainda continua entre nós, pai da amiga Iracema Miravetti Franco Lopes e do saudoso Marquinho Miravetti;

- o Alcides que, durante muito tempo, morou ali nas proximidades do Posto Esso de Vila Capivari, pai do Rubinho marceneiro;

- os saudosos irmãos Luiz Ferreira e Divino Ferreira, meus grandes amigos durante toda a vida, que serão sempre lembrados com muito carinho e saudade, dada a nossa duradoura amizade. No meu tempo de escola, estudei no antigo Grupo Escolar Municipal Rio Branco, atualmente Monsenhor José Vita, situado nas proximidades da Vila Ferraz. Diariamente, após as aulas, sempre fazia questão de ir pegar o ônibus, para retorno à minha casa situada em Vila Capivari, no seu ponto inicial da Vila Ferraz, especialmente para poder sentar-me naquele banquinho especial que existia na maioria dos ônibus antigos, localizado ao lado do motorista. Tanto um como outro, sempre que eram os motoristas, me deixavam exatamente em frente à minha casa, situada nas proximidades do Posto Esso de Vila Capivari, ainda existente, naquela época, de propriedade do saudoso Wilson Brügger;

- o Luiz Lelis Ferreira que, felizmente, ainda continua conosco, sempre trabalhando em serviços de carretos diversos, com a sua tradicional camioneta marca Chevrolet, azul e branca, adquirida da empresa onde trabalhou por muitos anos, na oportunidade em que veio aposentar-se;

- o posteriormente conhecido e famoso Zé da Ponte, que foi casado com uma das filhas do saudoso gerente da empresa de ônibus, o amigo-irmão Lázaro de Oliveira Medeiros, pai das grandes amigas Ilma, Idila, Ilda e Mariazinha, a Majô, e da última que, infelizmente, não me lembro do nome. O José, excelente motorista, posteriormente foi um dos bons motoristas da Empresa de Ônibus “Expresso Zefir”, que fazia as linhas regulares entre Campos do Jordão e São Paulo e vice-versa; ficou famoso quando, numa das diversas viagens, nas proximidades do bairro Rio Preto, na antiga estrada que liga Campos do Jordão a São José dos Campos, dizem, foi desviar de um animal que estava na pista e acabou batendo a frente do ônibus no balaústre de uma ponte existente no percurso.

A Empresa de Ônibus Hotel dos Lagos, já na década de 1960, implantou um serviço inédito para Campos do Jordão. Implantou serviço de ônibus de turismo, especializado em diversos roteiros turísticos na cidade e até fora dela, acompanhados de cicerones que iam dando as necessárias informações aos usuários e turistas, principalmente. Essas excursões, dentro da cidade, visitavam, diariamente, em dois horários, nos períodos da manhã e tarde, os principais pontos turísticos.

Nessa época, a empresa alterou sua denominação, passando a chamar-se Vila Natal Turismo S/A. A partir dessa alteração, o Sr. Lázaro de Oliveira Medeiros continuou gerenciando não somente os serviços dos ônibus circulares, como também os dos ônibus de turismo. Posteriormente, quando do falecimento do seu Oliveira, passou a gerenciar esses serviços o filho do Sr. Reynaldo Caravelas, o saudoso irmão-amigo Dr. Renato Muller Caravelas, competente advogado que militou em Campos do Jordão, durante vários anos e que foi casado com a Dra. Elaine Tiritan Muller Caravelas que, quando solteira, foi a nossa Promotora de Justiça da Comarca de Campos do Jordão, atualmente em cidade do ABC Paulista.

Infelizmente, a partir da década de 1980, essa empresa, que prestou relevantes serviços para Campos do Jordão e sua população, deixou de atuar no sistema de transportes coletivos e turismo, transferindo os mesmos para a EMA – Expresso da Mantiqueira, pertencente ao famoso e grande grupo da Cidade de Aparecida, Vale do Paraíba, Empresa de Ônibus Passado Marrom, pertencente ao Grupo Penido que, durante longos anos, foi liderado pelo Sr. Péricles Penido.

Atualmente, os serviços de transportes coletivos com ônibus circulares para toda cidade são executados pela Empresa “Viação na Montanha”.

Este é mais um pequeno capítulo da história de Campos do Jordão, relatando momentos especiais que, infelizmente, não voltam jamais, daí a necessidade de ficarem registrados para conhecimento das futuras gerações, sempre procurando engrandecer a história e a cultura de nossa cidade.

Edmundo Ferreira da Rocha

07/03/2010

 

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