Lenda da Cachoeira dos Diamantes

A respeito dos mistérios da Cachoeira dos Diamantes, escreveu Otávio da Mata, na imprensa de Campos do Jordão:

"A lendária Cachoeira dos Diamantes, objeto de tantas histórias, contadas cada uma de um modo, sempre foi um desafio, uma espécie de prêmio para quem conseguisse vencer as escarpas da Mantiqueira e chegar aos seus pés, onde ela espuma, majestosa, quando o estrondo de suas águas rompe o silêncio com que a natureza parece envolvê-la.

Desde os idos tempos de menino, eu já ouvia as lendas fantasiosas que se contavam sobre a tão falada Cachoeira dos Diamantes.

Houve quem me dissesse que, ao centro da majestosa queda d'água, havia realmente um gigantesco diamante, que ao reflexo do Sol brilhava intensamente. Essa imagem fantástica da Cachoeira dos Diamantes eu a carreguei comigo por muito mais de meio século.

Resolvi, há pouco tempo, acompanhado por alguns de meus filhos, desvendar em definitivo os mistérios da cachoeira.

Nada do que me foi afirmado, por mais de meio século, se confirmou. A cachoeira, engastada nos cimos da Mantiqueira, é de um esplendor selvagem, ao mesmo tempo arrebatador e deslumbrante.

Indo de automóvel até mais ou menos cinco quilômetros do local onde se situa a cachoeira, daí em diante tem de se ir a pé, galgando cinco quilômetros de serra íngreme, até se atingir a famosa queda d'água. Vencidos os obstáculos naturais, chega-se, finalmente, ao pé da cachoeira. Por si só, pelo seu volume de água, por sua altura, ela não tem as dimensões das famosas cachoeiras do Estado ou do Brasil. O espetáculo que se apresenta vale pelo deslumbramento do local, pela virgindade da natureza agredida pela presença humana, ou, ainda, pelo magnífico trabalho de reflorestamento, feito à volta da cachoeira ou às suas proximidades, onde centenas de milhares de pinheiros foram plantados, restaurando aquilo que, porventura, o homem tenha destruído.

As lendas da Cachoeira dos Diamantes são, em sua maioria, fantasiosas. O brilho de suas águas, que se assemelham a um intenso joeirar de cisalhas de prata nada mais é que o fulgor intenso das cristalinas águas do Rio Capivari, deslizando pelas escarpas pedregosas da Mantiqueira. Consegui desfazer, talvez um pouco tarde, os encantos e fantasias que carreguei comigo, desde os idos e saudosos tempos de menino."

Pedro Paulo Filho

06/08/2009

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